01 Julho 2021
O padre jesuíta estadunidense conversou com Vida Nueva depois do respaldo do Papa, com uma carta escrita à mão, ao seu ministério pastoral com a comunidade LGBTQIA+.
Francisco abraçou (novamente) os católicos homossexuais. O Papa respaldou o ministério de James Martin escrevendo-lhe, à mão: “Quero agradecer o teu zelo pastoral e tua capacidade de estar próximo das pessoas, com essa proximidade que tinha Jesus e que refletia a proximidade de Deus”.
A entrevista é de Rubén Cruz, publicada por Vida Nueva Digital, 30-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Eis a entrevista.
É o primeiro respaldo papal escrito ao ministério de um padre em uma pastoral de fronteira com a de católicos LGBTQIA+. Como viveu isso?
Senti-me muito agradecido por receber esta bela carta que anima a todos aqueles que acompanham as pessoas LGBTQIA+ na Igreja e, ademais, recorda à essas pessoas que Deus as ama com, como disse o Santo Padre, “proximidade, compaixão e ternura”. É a carta de um verdadeiro pastor.
A linguagem de Francisco em seu texto parece diferente ao utilizado recentemente pela Congregação para a Doutrina da Fé no seu documento sobre a bênção a casais do mesmo sexo, que teve sua resposta na Alemanha, onde, em 09 de maio, aconteceram bênçãos a estas pessoas a modo de contestação...
O Santo Padre não está mudando nenhum ensinamento da Igreja sobre as pessoas LGBTQIA+. Mas bem, está mudando a forma de conversa, a linguagem e o tom. E a conversa, a linguagem e o tom significam muito. Por exemplo, quando li sua carta a uma amiga LGBTQIA+, antes de difundi-la publicamente, ela começou a chorar. Isso significa que está tendo efeito.
O Papa, desde sua famosa intervenção no início de seu pontificado – “Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu para julgá-la?” – tenta combinar um modelo pastoral sem alterar a doutrina, mas “fica caminho por percorrer sem modificar o ensinamento da Igreja?”
Há muito o que se fazer! Em primeiro lugar, necessitamos escutar as pessoas LGBTQIA+ sobre suas experiências de Deus e de Igreja. Em segundo lugar, devemos deixar de apontar a elas como se fossem as únicas cujas vidas as vezes não se ajustam aos ensinamentos da Igreja. Há muitos nessa categoria. E, em terceiro lugar, a Igreja necessita advogar pelas pessoas LGBTQIA+ em países onde sofrem perseguição e violência. Em alguns países podem ser encarcerados ou até mesmo executados, simplesmente por serem quem são. Então, as questões LGBTQIA+ são também questões pró-vida. Todas estas questões a Igreja pode fazer de imediato, sem mudar nenhuma doutrina. De fato, essas medidas apoiam a doutrina católica mais básica: o amor, a misericórdia e a compaixão que Jesus viveu.
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“As questões LGBTI também são questões pró-vida”. Entrevista com o jesuíta James Martin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU