09 Julho 2020
Um novo recorde positivo foi quebrado no fim de junho passado: 103 toneladas de plástico jogados ao mar foram recolhidas e enviadas para centros especiais de reciclagem. Elas não farão mais parte da enorme massa que polui o oceano.
A reportagem é de Mariella Bussolati, publicada por Business Insider, 07-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
É um pequeno passo, mas marca um ponto de virada. O recolhimento foi feito no âmbito do projeto Kaisei, uma missão científica que estuda o fenômeno e tenta encontrar uma solução.
Em particular, o seu olhar se voltou para o Great Pacific Garbage Patch, a maior das ilhas de plástico que flutuam agora em todo o mundo. Composta principalmente de plástico, metais leves e resíduos orgânicos em degradação, ela está situada no Oceano Pacífico.
Ela tem um formato circular e é formada pelas correntes. São estas que juntam os resíduos e os levam para formar uma grande massa de redes, sapatos, baldes, cotonetes, potes, cartões de crédito, copos e pratos, e, no futuro, também máscaras e luvas produzidas durante a pandemia. Cerca de 49% dela são objetos de uso único.
A ilha se desloca seguindo a corrente oceânica do North Pacific Gyre, o vórtice das correntes oceânicas, uma das cinco maiores, situado entre o Equador e os 50 graus de latitude, com 20 milhões de quilômetros quadrados de largura.
O lixo que se encontra nessa área vem principalmente da América do Norte e do Sul. Estima-se que ele se estende a mais de um milhão de quilômetros quadrados e acumula três milhões de toneladas de detritos. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa, na sigla em inglês), a densidade é 20 vezes maior do que a média mundial.
O projeto Kaisei, lançado em 2009 pelo Ocean Voyages Insititute, faz parte de uma realidade californiana que lida com a conservação marinha e foi fundada em 1979 por um grupo internacional de marinheiros, educadores e biólogos.
Outra missão foi realizada em junho do ano passado, durante a qual foram recolhidas 40 toneladas de lixo. Foi utilizado um navio de 42 metros, o Kwai, e foi desenvolvida uma tecnologia que permite que agir com mais eficácia e precisão. Foram projetados radiofaróis flutuantes com GPS e drones que permitem um monitoramento preciso da área e facilitam a organização das operações de recuperação. A embarcação partiu do porto de Hilo, no Havaí, e atracou em Honolulu depois de 48 dias.
O empreendimento obviamente sofreu os efeitos da pandemia. Muitos outros navios de pesquisa ficaram parados durante esse período. Mas a tripulação decidiu partir mesmo assim, impondo-se uma quarentena de três semanas e testando cada novo membro que se unia à equipe.
O plástico, depois, foi enviado às usinas que o transformam em combustível ou o reciclam em materiais isolantes.
O empreendimento está apenas começando. As ilhas de plástico já são sete e se encontram desde o Oceano Ártico até o Mar dos Sargaços, no Atlântico, no Pacífico e no Índico. Há uma também no Mar Mediterrâneo. Elas coletam os mais de 10 milhões de toneladas de resíduos que invadem as águas todos os anos, formando lixões flutuantes. Agora, no total, já são mais de 150 milhões.
Isso se deve ao fato de que apenas 15% do plástico produzido é corretamente reciclado, a ponto de os especialistas estimarem que, até 2050, o seu peso será superior ao dos peixes.
As estimativas econômicas consideram que as perdas por causa desses materiais estão entre 259 e 695 milhões de euros e afetam principalmente os setores pesqueiros e do turismo. Sem falar dos danos biológicos: o plástico fere os animais ou é ingerido, provocando sufocamento ou morte devido às substâncias tóxicas.
O problema não são sequer os fragmentos maiores, mas sim os microplásticos, que se formam por causa da degradação provocada pelo sol e pelas correntes, que não modifica a molécula, mas apenas a torna microscópica e, portanto, ainda mais pervasiva, capaz de chegar, como foi demonstrado, às geleiras alpinas ou à água potável.
O Ocean Voyages Institute planeja fazer uma segunda viagem com o navio nos próximos meses. No futuro, eles esperam poder contar com uma frota de três embarcações para multiplicar os resultados. Por enquanto, continuarão trabalhando no Great Pacific Garbage Patch, mas, como a sua solução é facilmente adotável, esperam poder começar a desmanchar também outros “lixões” marinhos.
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Começou o desmanche do “lixão” do Grande Pacífico: já foram recolhidas 103 toneladas de plástico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU