10 Junho 2020
Como a luta antirracista sacudiu a arrogância e planos da ultradireita. As frestas na cúpula do poder. As multidões pacíficas e o ataque a símbolos do sistema. Negros e brancos juntos nas ruas. Trump, emblema de um capitalismo sociopata.
A opinião é de Richard Greeman, pensador marxista, há anos atua nas lutas por direitos humanos, meio ambiente e trabalhadores, também luta por antiguerra e antinuclear, entre os EUA, América Latina, França e Rússia, e é mais conhecido por seus estudos e traduções do revolucionário romancista franco-russo, Victor Serge, em artigo publicado no Counterpunch e reproduzido por OutrasPalavras, 08-06-2020. A tradução é de Antonio Martins e Simone Paz Hernández.
Deflagrados pelo assassinato de George Floyd pela polícia e alimentados pela relutância das autoridades de Minneapolis em prender e processar os três cúmplices do assassino, os protestos de multidões varreram os estados Unidos como intensidade inédita desde os anos 1960. Em mais de 150 cidades, os afro-americanos e seus aliados encheram as ruas, enfrentando a pandemia de covid-19 e a violência da polícia. Desafiaram séculos de desigualdades de raça e classe, exigindo liberdade de justiça para todos e colocando em xeque uma estrutura de poder racista e corrupta, baseada em repressão violenta.
Depois de dez dias seguidos na ruas, a indignação popular contra a injustiça sistemática abriu diversas brechas no muro de defesa do sistema. As autoridades legais do estado de Minnesota, onde Floyd foi morto, foram forçadas a prender e indiciar todos os policiais envolvidos, por homicídio de segundo e terceiro graus. Surgiu uma divisão na cúpula do poder nacional, onde secretário de Defesa e diversos generais do Pentágono divergiram de seu comandante-em-chefe, Donald Trump, que tentou mobilizar o exército contra os manifestantes.
O levante histórico é um transbordamento da raiva acumulada dos negros, em décadas de assassinatos policiais. Ele articula o luto acumulado de famílias e comunidades, o ultraje diante da impunidade de policiais assassinos tanto no Norte quanto no sul do país. Reflete a ira diante da traição do “sonho” de Martin Luther King de uma revolução não violenta e o horror diante da volta de uma era de linchamentos públicos, estimulada por Trump. A revolta demanda, com impaciência, que os EUA enfim cumpram seus alegados ideais democráticos. Nas palavras de um manifestante negro, William Achukwii, de 28 anos, de São Francisco: “Nossa Declaração de Independência fala de vida, de liberdade e de busca da felicidade. Agora, estamos tratando da parte que diz respeito à vida. É o primeiro passo. Mas é por liberdade que muitas pessoas estão marchando”.
Não foi nenhuma surpresa que autoridades locais e estaduais, em todo o país, reagissem a protestos muito majoritariamente pacíficos e espontâneos desencadeando uma espiral de violência policial militarizada[1]. Há muitos anos, a Casa Branca oferece silenciosamente, aos governos locais, enormes volumes de material militar excedente – inclusive tanques de guerra. Os chefes de polícia ansiavam por brincar com seus novos brinquedos letais, concebidos para liquidar a contra-insurgência em lugares como o Afeganistão. Tanto sob presidentes republicanos (Bush e Trump) quanto sob democratas (Clinton e Obama), o Estado armou as forças da ordem para uma contrarrevolução preventiva. É a isso, precisamente, que se referiu Trump, quando pediu “controle completo”, por meio de repressão militar, detenções em massa e longas sentenças de prisão em nome da “lei e da ordem”. Graças à determinação das multidões de manifestantes, quase sempre não violentos, os militares dividiram-se e Trump não foi capaz de executar sua ordem.
A respeito da violência, temeu-se no início que os numerosos incidentes de incêndios, destruição de vitrines e saques – especialmente à noite, quando as grandes multidões de manifestantes haviam voltado para casa – pudessem de alguma maneira distorcer o levante e oferecer u pretexto para a supressão violenta de todo o movimento. E o que pediu Trump, que culpou um imaginário grupo terrorista chamado ANTIFA (abreviação de “anti-fascismo”, na verdade uma rede decentralizada). Ao mesmo tempo, relatos de gangues de racistas brancos usando chapéus MAGA (“Make America Great Again – Faça os EUA grandes de novo”) e cometendo atos de vandalismo; ou de “aceleracionistas” atiçando fogo em comunidades negras para “provocar a revolução; ou de provocadores violentos da polícia não podem ser menosprezados totalmente.
Tais ações jogam água no moinho de Trump. Contudo, as vocês mais sensatas das centenas de milhares de manifestantes não violentos, porém irados, talvez não tivessem sido ouvidas pelas autoridades se não houvesse, nas bordas, a ameaça da violência. Em vez de incendiar suas próprias comunidades, com ojá aconteceu em rebeliões passadas,os militantes de agora estão atingindo estrategicamente símbolos da repressão estatal e do capitalismo. Incendeiam e destroem aparatos da polícia, jogam lixo nas lojas de corporações bilionárias e chegam a pressionar as cercas da Casa Branca. De qualquer forma, já que se falou de “saques”, a porta-voz dos Black Lives Matter lembrou, no funeral de George Floyd, que brancos saqueiam a África e os afroamericanos há séculos. Reparações são há muito necessárias.
O mais notável e comovente, ao ver as faces apaixonadas dos manifestantes, em fotos, vídeos e relatos da TV e dos jornais, é perceber que ao menos metade dos que gritavam “Black Lives Matter” eram brancos. Também aqui, abriu-se uma imensa brecha no muro de racismo estrutural e institucionalizado que permitiu por décadas, à classe dominante norte-americana, dividir e submeter as massas trabalhadores. Ela aprendeu a jogar os escravos, e seus descendentes discriminados, contra os escravos assalariados brancos, numa corrida competitiva pra baixo. Agora, os oprimidos estão se unindo para lutar por justiça e igualdade. Também é notável o papel de liderança das mulheres, especialmente negras, tanto na fundação do movimento #BlackLivesMatter quanto na Marcha das Mulheres diante da posse de Trump. A participação de jovens e velhos, de LGBTs e de portadores de deficiência também deve ser destacada.
Esta convergência de lutas pela liberdade, em meio a divisões étnicas profundamente enraizadas promete abrir novas avenidas, assim que os movimentos sociais emergirem do confinamento pela pandemia. Ainda mais notáveis, embora limitados, foram os casos de policiais que se desculparam individualmente pela violência policial, abraçando vítimas e se ajoelhando diante dos manifestantes. Autoridades como o prefeito de Los Angeles foram obrigadas também a se encontrar com os que estavam nas ruas e se desculpar por declarações racistas. Mais ainda: como veremos a seguir, surgiram divisões importantes na unidade dos militares norte-americanos, tanto em sua base – que é composta em 40% de negros – quanto entre os altos escalões. É enorme a potência deste movimento inter-racial, auto-organizado e massivo, que exige “liberdade e justiça para todos”, citando as belas palavras do Juramento de Fidelidade à República.
Depois de dez dias em que os protestos cresceram sem parar, tanto numericamente quanto na profundidade de seus sentidos, começaram a surgir divisões na defesa da classe dos bilionários. Elas chegaram à Casa Branca, onde Donald Trump, governante auto-iludido, ignorante e mentiroso patológico, foi finalmente desafiado por seus próprios assessores de segurança.
Vale dizer que a classe governante bilionária tem, em Trump, o representante que merece; e a inépcia do presidente, visível para todos, é simbólica da incapacidade desta classe para manter o direito a governar. A personalidade cindida e autocentrada de Trump encarna os estreitos interesses de classe do 0,1%, que concentram mais de metade da riqueza do país. Seu egoísmo óbvio expressa o dos bilionários que ele representa (e entre os quais finge figurar. Do alto de sua ignorância intencional, Trump fala de uma classe capitalista corporativa indiferente às consequências sociais e ecológicas de sua ânsia sem limites em acumular, seu desprezo à verdade, à justiça – e, ao final de contas, à própria vida humana.
O governo patético de Trump embaraça o próprio Estado. Primeiro, veio o espetáculo pueril do homem mais poderoso do mundo agachado no bunker do porão da Casa Branca e determinando que as luzes fossem apagadas (para que ao manifestantes não pudessem enxergar o lado de dentro?). Em seguida, veio a ordem de atacar manifestantes pacíficos com armas químicas, para “limpar terreno” a sua caminhada até a “Igreja do Presidente” (à qual ele nunca comparece, e cujo pastor ele não se dignou a consultar), para que o fotografassem agarrado a uma Bíblia branca e enorme (que, muito provavelmente, ele nunca leu).
Trump, cujo único êxito alcançado na vida foi o prolongado reality-show “O Aprendiz”, aparentemente imaginou esta pirueta publicitária bizarra para entusiasmar sua base política de cristãos de direita e mostrar quão “religioso” é. Mas o tiro saiu pela culatra quando o bispo de Washington lembrou que Jesus pregou por paz e amor, não por guerra e vingança. No dia seguinte, até mesmo demagogos como Pat Robinson e a Coalizão Cristão, de ultradireita, falaram contra ele, enquanto o New York Times, anti-Trump, destacava em triunfo: “Popularidade de Trump cai onde ele não pode perdê-la: entre os evangélicos”.
Vale, em pausa, notar que a cristandade, como todos os outros aspectos da civilização americana, é um nó de contradições, todas enrizadas no problema fundamental da “linha de cor”. Embora a direita cristã – conservadora e pró-Israel – tenha sido central no apoio a Trump, a Teologia da Libertação e a Igreja Negra são há muito base do Movimento pelos Direitos Civis, em favor da igualdade. Na verdade, George Floyd, o afro-americano assassinado (conhecido como Big Floyd e Gigante Gentil) era, ele próprio, um apaziguador comunitário, motivado pela religião. Também o são muitos dos manifestantes, negros e brancos, que entoam: No Justice, No Peace.
Os falsos gestos populistas de Trump podem ter ajudado a catapultá-lo ao poder em 2016 (graças a um sistema eleitoral fraudado pelos republicanos e apesar de ter recebido três milhões de votos a menos que sua adversária). Mas, como Abraham Lincoln certa vez notou, “é possível enganar parte do povo, o tempo todo; e todo o povo, parte do tempo – mas não é possível enganar o povo todo, o tempo inteiro”. Agora, o tempo de Trump acabou.
Para mim, a imagem mais emblemática dos protestos é a de um Donald Trump auto-iludido, agachado (como Hitler) no seu bunker subterrâneo, com as luzes da Casa Branca desligadas, tremendo de medo e de raiva diante dos manifestantes do lado de fora e ameaçando atirar “cães ferozes (puramente imaginários) contra eles. Trump tem a mentalidade de doberman de um proprietário de ferro-velho no Queens. Ele é o descendente espiritual do capitão do mato Simon Legree, nos calcanhares da escrava Eliza, com seus cães, em Uncle Tom’s Cabin).
Cães ferozes da burguesia. É o que a polícia é paga para ser. (Mesmo que alguns policiais possam converter-se em pastores alemães amistosos, como aqueles que ajoelharam com os manifestantes). Seus caninos são os dentes afiados do Estado norte-americano. Junto com o exército, os policiais são a essencial do Estado profundo real, que Marx definiu como “corpos especiais de homens armados, tribunais, prisões, etc”. (Opondo-os ao “povo armado” em guerrilhas democráticos).
Embora subserviente ao Estado burguês, este aparato policial, como a Máfia – com o qual muitas vezes se entrelaça – tem uma identidade corporativa, baseada na omertà, ou lealdade a um grupo estrito. Esta lei não escrita, de um notório “Muro Azul de Silêncio” [orig,: “Blue Wall of Silence”], evita que policiais, ao presenciarem abusos de seus “irmãos”, falem ou testemunhem contra eles. O muro azul garante a impunidade policial, e é organizado por meio de “sindicatos” policiais que, embora filiados à AFL-CIO, são violentamente reacionários, anti-trabalhadores e pró-Trump. O presidente do Sindicato Internacional de Policiais foi filmado usando um chapéu “Make America Great Again” e apertando a mão de Trump num encontro político, enquanto os manifestantes em Minneapolis exigem a remoção de Bob Kroll, o presidente do sindicato local de policial, amplamente criticado por sua apoio inabalável a colegas acusados de abusos.
O Muro Azul de Silêncio estende-se a uma rede que inclui promotores e mesmo prefeitos progressistas, como Bill Di Blazio, em Nova York. Ele defendeu policiais que atiraram seus carros sobre uma multidão de manifestantes, embora sua própria filha, mestiça, tenha sido presa por manifestar-se! Di Blazio, como seu antecessor reacionário, Rudy Giuliani, hoje conselheiro de Trump, sabe que seu futuro político depende da boa vontade do sindicato policial (até mesmo proprietários de ferro-velhos têm medo de seus cães ferozes).
Este acobertamento contumaz da polícia atingiu mesmo a cobertura inicial do New York Times sobre os violentos ataques da polícia contra a imprensa em Minneapolis e outras cidades. Em seu relato, o jornal escondeu-se por trás de uma estranha noção de “objetidade” (acuse ambos os lados) para evitar acusar policiais, observando o “muro azul de silêncio”, mesmo quando os repórteres foram vítimas. (Até agora, mais de mil ataques assim foram registrados). Usando a voz passiva, ao invés de nomear os abusadores reais (policiais racistas brutais), o jornal comparou um incidente isolado, em que um grupo de manifestantes atacou jornalistas da rede pró-Trump FOX, com ataques sistemáticos e generalizados da polícia contra membros da mídia [2].
Uma semana depois, este sacrossanto Muro Azul está começando a ruir. O governador de Minnesota foi forçado a ampliar as acusações contra Derek Chauvin, o assassino de George Floyd, para assassinato em segundo grau (por que não primeiro?) e a prender três de seus colegas cúmplices. Agora, eles começaram a se acusar mutuamente. Ameaçado por uma sentença de 40 anos de prisão e uma multa de ao menos US$ 750 mil, Tomas Lane e J. Alexander Kueng, ambos novatos, estão acusando Chauvin, o oficial sênior presente à cena, enquanto Tou Thao, o outro ex-oficial encarregado do caso, teria cooperado com as investigações antes da prisão de Chauvin [3].
A sociedade estadunidense tem enfrentado inúmeras contradições desde o início, e essas contradições, enraizadas na raça e na classe, ainda hoje são disputadas nas ruas de mais de 150 cidades dos EUA. As revoltas atuais, interraciais desde o início, expressam a frustração popular de que, mesmo após séculos de luta contra a escravidão, depois de uma Guerra Civil sangrenta e fratricida em 1860 e de uma “Segunda Revolução Americana”, mesmo depois do movimento pelos Direitos Civis e das manifestações de rua dos anos 60, a vida dos descendentes de escravos negros ainda não seja segura no primeiro país que proclamou o direito humano à “vida, liberdade e busca da felicidade”.
A Revolução Americana do século XVIII adotou o princípio universal, conforme expresso na Declaração de Independência de 1776, de que “todos os homens são criados iguais e dotados de certos direitos inalienáveis”. No entanto, essa igualdade prometida foi simultaneamente contraditória ao incluir cláusulas na Constituição dos EUA que não apenas institucionalizaram a escravidão negra na República Americana, como também garantiram a predominância permanente dos estados escravistas do Sul no governo federal.
O sistema eleitoral criado pela Constituição dos EUA, com base nas populações masculinas relativas de vários estados, permitiu que os sulistas incluíssem seus escravos como “três quintos de um homem” (!). Assim, essa minoria de proprietários de escravos do Sul poderia superar o Norte, que era mais populoso, e dominar a União. Esse “compromisso” hipócrita foi o preço da unidade nacional em uma nação “meio livre, meio escrava”. Do mesmo modo, dez dos doze primeiros presidentes americanos eram proprietários de escravos, e sucessivos “compromissos” favoráveis aos interesses dos proprietários de escravos foram introduzidos à medida que novos estados foram adicionados à União, espalhando o império de escravos do Sul cada vez mais a oeste. Esta União Federal, precária e desigual, com base no domínio sulista, se manteve até 1860.
No entanto, quando Abraham Lincoln, um moderado do Norte, se tornou presidente em 1861, a maioria dos estados escravocratas se separou da União, formou uma Confederação rebelde e declarou uma guerra nos Estados Unidos, buscando reconhecimento da Grã-Bretanha, principal cliente de algodão escravo da Confederação. Com frequência, ouvimos o argumento de que a guerra civil norte-americana — que durou quatro anos e registrou taxas de vítimas mais altas até do que a Primeira Guerra Mundial — não “dizia respeito à escravidão”. Mas dizia. Para esconder essa verdade vergonhosa, os sulistas brancos ainda a chamam de “Guerra entre os Estados”. No entanto, a guerra foi precipitada por abolicionistas brancos como John Brown, que ajudaram e provocaram rebeliões de escravos. Além disso, o grande número de jovens agricultores e mecânicos que se voluntariaram e até se alistaram para lutar pelo Norte sabia que estavam lutando pela liberdade humana, como indicava sua correspondência com as famílias e os jornais da cidade.
De fato, a Guerra Civil, esse impasse longo e sangrento, só foi vencida pelo Norte depois que Lincoln liberou o poder de luta dos escravos negros do Sul, ao declarar, enfrentando muita resistência, a Proclamação de Emancipação. Os escravos fugiram das fazendas e uniram-se aos exércitos da União, privando o sul branco de grande parte de sua força de trabalho negra. O Exército da União os alimentou, colocou-os para trabalhar de imediato e depois os matriculou em regimentos negros que lutaram com bravura e eficácia para derrotar a escravidão. De que maneira isso “não diz respeito à escravidão”?
Enquanto isso, na Inglaterra, os trabalhadores têxteis contrários à escravidão vinham boicotando a Confederação, exportadora de algodão. Karl Marx, em favor desse movimento, enfatizou a base de classe para uma expressão idealista da solidariedade inter-racial proclamando: “O trabalho na pele branca nunca poderá ser livre enquanto o trabalho na pele negra for marcado”. Os trabalhadores afro-americanos nos EUA não são mais “marcados” como seus ancestrais escravizados, mas até hoje a cor de sua pele os marca e torna vítimas de opressores, como chefes, proprietários e bancos, além da violenta polícia racista que, até agora, tinham assumido que poderia maltratar, e até matá-los, com total impunidade.
Assim, enquanto a polícia continua atacando os manifestantes e enquanto Trump e seus seguidores pedem a militarização do país em nome da proteção à propriedade, lei e ordem, está claro que foi aberta uma brecha no Muro Azul do Silêncio. Ela protege os privilégios da classe bilionária contra o poder das massas trabalhadoras, que hoje enfrentam não apenas uma crise política, mas também a crise de uma pandemia em curso — a crise da pobreza e do desemprego em massa e a iminente crise climática da qual o Covid é um precursor sintomático.
Como os trabalhadores britânicos nos dias de Marx, os manifestantes brancos “privilegiados” de hoje, vítimas em menor grau do capitalismo americano, sabem em seus corações que eles “nunca poderão ser livres” e nunca estarão a salvo da violência do Estado até que as Vidas Negras realmente importem e as peles pretas não sejam mais “marcadas”. Eles sabem que “Negros e Brancos unidos na luta” (Black and White Unite and Fight) é a única maneira possível de frear o governo autoritário, de impedir o fascismo, estabelecer a democracia, instituir a igualdade de classes e enfrentar o futuro.
Notas:
[1] Disponível aqui. Diante de protestos contra o uso da força, a polícia responde com mais força. Vídeos mostram policiais usando cassetetes, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha em manifestantes e espectadores. ↑
[2] O grito de um repórter na TV ao vivo: “Estou sendo baleado! Estou sendo baleado!” Disponível aqui. “De uma equipe de televisão agredida por manifestantes a um fotógrafo atingido nos olhos, os jornalistas se viram atacados nas ruas dos EUA. Linda Tirado, uma fotógrafa freelancer, ativista e escritora, foi baleada no olho esquerdo na sexta-feira enquanto cobria os protestos de rua em Minneapolis. Tirado é uma de tantos jornalistas em todo o país que foram atacados, presos ou ameaçados — algumas vezes pela polícia, outras por manifestantes — durante a cobertura dos levantes que ocorreram em todo o país após a morte de George Floyd em Minneapolis. Certos de que a mídia se atrasaria em reportar os casos, jornalistas foram atingidos.” ↑
[3] Disponível aqui.
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Doze dias que abalaram os Estados Unidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU