13 Mai 2020
Uma "ditadura mundial de ideologias aparentemente humanistas" é responsável por permitir que homossexuais se casem, diz Joseph Ratzinger. Felix Neumann, editor de Katholisch.de contesta.
"Condenar o amor entre pessoas do mesmo sexo como antinatural ou imoral, é uma mudança social, que não tem nada a ver com um alegado "credo anticristão" ou uma ideológica "ditadura mundial”, especialmente porque ainda há, infelizmente também por parte de certos cristãos, uma persistente perseguição e opressão social de homossexuais. Isso tem a ver com a atitude que a Igreja assumiu quando, com a Gaudium et Spes, se comprometeu com as esperanças e as angústias das pessoas", escreve Felix Neumann, redator de Katholisch.de e membro do Conselho da Society of Catholic Publicists (GKP), em artigo publicado por Katholisch.de, 06-05-2020. A tradução é de Benno Brod.
O que aconteceu ao teólogo do Concílio Joseph Ratzinger em relação ao início de Gaudium et Spes? "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo": assim começa a Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II. Nessa frase inicial está contido o programa de uma teologia autêntica: sensível ao sofrimento das pessoas, aprendendo com empatia na realidade concreta. No livro biográfico de Peter Seewald, o papa emérito deplora uma "ditadura mundial de ideologias aparentemente humanistas" como uma ameaça à igreja, e que a "sociedade moderna" está em vias de "formular um credo anticristão", e que quem contradiz isso corre o risco de uma excomunhão social. O ponto de partida de tais críticas é o receio de lidar com contradições, em vez de o ser a vida das pessoas em questão.
O primeiro exemplo de Ratzinger é - mesmo antes de aborto e a produção de pessoas em laboratório - o modo diferente da abordagem da homossexualidade. Há 100 anos atrás, todo mundo teria achado absurdo falar em casamento de pessoas do mesmo sexo, registra o ex-papa - como se isso fosse um argumento e não apenas o relativismo que mostra o espírito de uma época passada. Felizmente, nem tudo que era opinião comum há 100 atrás é consenso hoje.
Que esteja se tornando cada vez mais difícil, pelo menos em algumas partes do mundo, condenar o amor entre pessoas do mesmo sexo como antinatural ou imoral, é uma mudança social, que não tem nada a ver com um alegado "credo anticristão" ou uma ideológica "ditadura mundial”, especialmente porque ainda há, infelizmente também por parte de certos cristãos, uma persistente perseguição e opressão social de homossexuais.
Isso tem a ver com a atitude que a Igreja assumiu quando, com a Gaudium et Spes, se comprometeu com as esperanças e as angústias das pessoas, mesmo que ela ainda não consiga bem lidar com a homossexualidade.
Olhar para a pessoa concreta leva a mudanças sociais, sem forças sinistras. Para isso, ela não precisa recorrer a ismos, ditaduras, ideologias: Quem recorre a tais mitos de conspiração distorce a realidade, em vez de a confrontar. A Igreja não fica ameaçada se ela se põe a aprender algo da vida das pessoas, e sim se ela não estiver disposta a aprender.
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Direitos para homossexuais não é um “credo anticristão” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU