“Querem me calar”, acusa Bento XVI

Papa Bento XVI. Foto: Paul Haring | CNS

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05 Mai 2020

“Prefiro não analisar as razões reais pelas quais simplesmente querem me calar”. Bento XVI abre a caixa dos tronos contra seus críticos, especialmente na Alemanha, aos quais acusa de oferecer uma “deformação mal-intencionada da realidade”, em seu novo livro de entrevistas com seu biógrafo, Peter Seewald, “Bento XVI. Minha vida” (Droemer Knaur). Na Espanha será publicado pelo Grupo de Comunicação Loyola.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 04-05-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

No volume, Ratzinger repassa sua trajetória desde seu nascimento até seu caminho para o pontificado, em distintas conversas com Seewald. Nelas, o Papa emérito lamenta “o espetáculo das reações da teologia alemã” contra ele, que apelida de “aberrante e mal-intencionado”.

Ratzinger, acusado repetidamente de tentar sabotar os esforços de modernização da Igreja conduzidos por Francisco (o affaire com Sarah foi somente o último exemplo), assegura que mantém muito boas relações com Bergoglio. “Como você sabe – confessa a Seewald –, minha amizade pessoal com o papa Francisco não somente se manteve, mas se desenvolveu”.

Na biografia publicada nesta segunda-feira, 04-05, Bento XVI reitera sua oposição ao casamento homossexual. “Há cem anos considerava-se um absurdo falar de matrimônio homossexual. Hoje nos excomungam quando nos opomos a ele”, afirma, denunciando a ‘nova Inquisição’. “O mesmo acontece com o aborto ou a fabricação de humanos em laboratório”, acrescenta.

O obstáculo não é a Cúria, mas sim o mundo

E ainda, defende Ratzinger, “a sociedade moderna está formulando um credo anticristão e castigará com a exclusão social quem resistir a ele”. De fato, assegura, os principais obstáculos durante seu pontificado “não vieram da Cúria”. “Eu não queria em primeiro lugar e exclusivamente purificar o pequeno mundo da Cúria, mas da totalidade da Igreja”, assegura o Papa emérito, que acaba de completar 93 anos.

“A verdadeira ameaça para a Igreja e, portanto, para o ofício de Pedro, não reside nessas questões, mas sim na ditadura mundial de ideologias aparentemente humanistas, cuja negação implica ser excluído do consenso social básico. Há cem anos, qualquer um consideraria um absurdo falar de casamento homossexual. Hoje fica socialmente excomungado quem se opor a ele. O mesmo vale para o aborto e a fabricação de pessoas em laboratório”.

Diante dessa realidade, que classifica como “Anticristo”, acrescenta Ratzinger, “faz-se necessário realmente o auxílio da oração de todo o episcopado e de toda a Igreja mundial para resistir”.

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