15 Março 2019
Aquecimento global, desperdício, seca: a Terra está doente e não há mais tempo a perder. A denúncia dos especialistas e a esperança que sejam os estudantes a despertar as consciências.
A reportagem é de Elena Dusi, publicada por La Repubblica, 13-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Hoje gastamos mais para refrescar a casa do que para aquecê-la. Na atmosfera estão dispersas 400 partes por milhão de dióxido de carbono: nos últimos 800 mil anos o planeta nunca havia ultrapassado as 300. A primavera de 2019 no hemisfério norte sinaliza outra estação sem água. “Em doze anos já havia acontecido quatro vezes”, mostra-se preocupado Carlo Cacciamani, climatologista responsável pelo Centro Funcional Central de Proteção Civil. "Algo está mudando, até os provérbios não funcionam mais”: Rolando Manfredini, da Coldiretti, cita a mãe agricultora, entre as primeiras a adivinhar a chegada do aquecimento global.
Hoje, depois de agricultores e cientistas, a conscientização se tornou esmagadora entre os estudantes, que em 15 de março tomarão as ruas em milhares de cidades ao redor do mundo e mais de cem na Itália. A consciência se alastra ainda mais: "Os mercados não investem em uma empresa que não seja sustentável. Eles sabem que, mais cedo ou mais tarde, irá falir", explica Leonardo Becchetti, economista da universidade romana de Tor Vergata. "Um quarto dos objetos fabricados pelo homem foi produzido depois de 2000. É claro que estamos inundados de resíduos".
O grande ausente, em relação ao problema ambiental, permanece a política. "Se chegamos a este ponto, é também devido à sua inação. Por causa da miopia daqueles que não entendem que denunciar a mudança climática não significa dar uma de Cassandra lamuriante, mas oferecer a alternativa de um mundo mais justo e com mais postos de trabalho" enfatiza Antonello Pasini, que ontem cegou à reunião com um grupo de colegas cientistas. O físico e climatologista do Cnr era o promotor da conferência "Um clima de colaboração", realizado em Montecitorio (Câmara dos deputados, NT), mas praticamente sem a presença de deputados. "Alguns acreditam que o aumento de um ou dois graus nos faz suar um pouco, obrigando-nos a trocar mais seguido de camisa. Errado. É como se as cidades europeias se movessem 300 quilômetros para o sul. Encontraríamos Roma em Túnis”, explica Andrea Filpa, urbanista da Universidade de Roma Tre.
Não há muitos campos cultivados na Tunísia e agora Manfredini precisa explicar para a sua mãe, como ele diz na conferência, "que a agricultura na Itália deve ser abandonada". Já não há mais condições”. Importantes compromissos foram assumidos na conferência climática de Paris em 2015. Mas são medidas confiadas à boa consciência. "Será obtido metade do que foi prometido", estima Pasini. E na ausência de decisões, o petróleo continuará sendo queimado. “Trump não percebe - raciocina o climatologista do Cnr - que, ao apoiar o lobby dos hidrocarbonetos, perde o trem das energias renováveis. Que é o trem do futuro, a bordo do qual já tomou assento a China”.
Em vista das eleições de 4 de março de 2018, Pasini fundou o grupo "A ciência ao voto", pedindo aos partidos uma ação para o meio ambiente. "Estamos empenhados em acelerar a transição para uma economia sem dióxido de carbono" estava escrito no manifesto assinado por sete partidos (incluindo a Liga e excluindo o Cinque Stelle). Hoje o cientista reitera: "Gostaríamos de dialogar com a política porque a mudança climática está se tornando uma emergência. Já não é possível fazer escolhas soltas. Nós todos temos que entrar no mesmo barco e manter a rota firme". Greta estará no comando na sexta-feira. Por que uma adolescente de dezesseis anos teve sucesso onde, por exemplo, Al Gore falhou? “Porque chega um momento - explica Cacciamani - em que as consciências amadurecem. Os jovens percebem que o mundo, quando eles tiverem a nossa idade, será muito diferente de como o conhecemos hoje".
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Cientistas sobre o clima. "A política precisa se apressar" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU