11 Agosto 2018
Tiveram início os fóruns de consulta “pela Pacificação e Reconciliação Nacional”, uma espécie de credencial que o presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, que ainda não assumiu o cargo, está usando para dar ao país uma prévia de como será seu mandato. O equivalente ao muro na fronteira com o México, que o presidente Trump prometeu a seus eleitores como compromisso de uma reforma muito maior, em sentido restritivo, do que as políticas migratórias estadonidenses.
A reportagem é de Nicolás Arizmendi, publicada por Tierras de América, 08-08-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
Na fronteiriça Ciudad Juárez, estado de Chihuahua, um dos mais violentos do México atualmente, começaram os fóruns hoje, terça-feira, 7 de agosto. Continuarão até o dia 30 de novembro e estão previstos 40. O resultado dos trabalhos se converterá em propostas para configurar toda a estratégia de pacificação do país, e elaborar ações e políticas públicas. Nos próximos dias serão inauguradas cinco mesas temáticas deste tema. A primeira sobre “Vítimas, garantias de não repetição e mecanismos de reparação”, a segunda sobre “Segurança e Justiça” e uma terceira mesa sobre dinâmicas de fronteira, migração e segurança. O cronograma se completa com outras duas mesas de trabalho, respectivamente sobre “Prevenção, coesão comunitária e reconstrução nacional”, e “Construção de paz”.
O Papa não participará dos “Fóruns de consulta pela Pacificação e Reconciliação Nacional” nem mesmo virtualmente, como a equipe presidencial havia imprudentemente afirmado há poucas semanas, mas sim a Igreja mexicana, que apresentará seu próprio projeto de construção da paz em um país cansado da violência. Neste sentido, a delegação católica antecipou que o plano de matriz eclesial “tem como finalidade oferecer apoio e ajuda multidisciplinar, psiquiátrica, psicológica, espiritual e médica necessárias para as pessoas e/ou seus familiares que foram vítimas de sequestro, execução, desaparecimento, extorsão, entre outros crimes, em seu processo de recuperação emocional e que continuam imersas em uma dor transformada em sofrimento”.
O projeto da Igreja Católica mexicana está baseado fundamentalmente em um plano de apoio multidisciplinar às vítimas da violência, que se desenvolveu nas arquidioceses de Acapulco e Morelia, e foi coordenado pelo arcebispo Carlos Garfias Merlos. A experiência realizada nestes estados atingidos pela violência resultará no documento que será apresentado nos fóruns organizados por López Obrador, onde será proposta também a criação de um programa específico para acompanhar integralmente as vítimas da violência.
O projeto elaborado pela Igreja mexicana destaca que as circunstâncias atuais provocadas pelo crime organizado, “estão afetando emocionalmente a população em geral, sem distinção alguma de idade, sexo ou condição econômica. As vítimas da violência sofrem, além de lesões físicas,
um forte impacto emocional, que pode provocar transtornos psíquicos. “A isso se somam vivências que afetam sua moral e dignidade — como a investigação e o processo judicial —, mudanças socioprofissionais e reações do contexto que influenciam de múltiplas formas na evolução das vítimas e seus familiares”.
O texto destaca que as respostas às vítimas e suas famílias devem surgir da colaboração interinstitucional Igreja, Estado, sociedade, empresas, universidades e associações civis. Isso significa – afirma o documento – que cada instituição, segundo sua natureza e campo de ação, tem que ser repensada e reorientada para a construção da paz. Para isso, considera que é necessário também transformar os marcos jurídicos com o objetivo de oferecer condições de paz e justiça, e atender as situações de emergência, como é o caso das vítimas da violência.
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México. Começam os "Fóruns de paz". E a Igreja participa deles. O presidente eleito López Obrador inaugura os trabalhos na perigosa fronteira de Ciudad Juárez - Instituto Humanitas Unisinos - IHU