Chile: bispo é excluído de escritório para escuta de vítimas de abuso sexual

Foto: Pixabay

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20 Junho 2018

O bispo de San Bernardo, Dom Juan Ignacio González, membro do Opus Dei, foi excluído do escritório para a escuta, denúncia e informação sobre abusos, desejado e imposto à Conferência Episcopal do Chile pela missão vaticana formada por Dom Charles Scicluna e Mons. Jordi Bertomeu. O próprio Dom Scicluna havia dado a notícia e diversos detalhes sobre o escritório pouco antes de retornar à Itália.

A reportagem é de Luis Badilla, publicada em Il Sismografo, 19-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No entanto, Dom González foi eleito, em maio passado, presidente do Conselho Episcopal para a Prevenção dos Abusos e para o Acompanhamento das Vítimas (criado em 2011), no lugar do cessante Dom Alejandro Goic, bispo de Rancagua.

Essa eleição, à época, havia sido vista imediatamente como uma “decisão insana”, porque esse bispo sempre defendeu, até mesmo com atos violentos contra uma jornalista, o bispo emérito de Osorno, Juan Barros.

Não só isso. Esse bispo, várias vezes, em diversas circunstâncias, atacou arbitrariamente e ofendeu algumas das vítimas de Karadima. Dom Juan Ignacio González nunca disse uma única palavra de denúncia ou de condenação sobre Fernando Karadima, ao contrário, em privado, até recentemente, dizia que ele “era um homem bom, vítima de manobras comunistas”. Em 2008, ele difundiu muito essa sua opinião em ambientes vaticanos, por ocasião da visita ad limina dos prelados chilenos.

Pois bem, agora, o bispo de San Bernardo está fora do escritório para a escuta, e isso demonstra que a missão vaticana conseguiu convencer a presidência do episcopado nessa matéria.

Farão parte desse serviço, que terá uma vida transitória sob a orientação de Dom Scicluna e Mons. Bertomeu, a partir desta quarta-feira, 20, a psicóloga Josefina Martínes, coordenadora, a Ir. Marcela Sáenz e os sacerdotes Larry Yévenes e David Albornoz.

Dom Scicluna, em um comunicado divulgado nessa terça-feira, referiu-se a esse escritório para a coleta de denúncias, chamando-o de “serviço de escuta” e apresentando-o deste modo:

“Depois de nos reunirmos em diversas oportunidades com os membros do Conselho Nacional de Prevenção de Abusos da Conferência Episcopal do Chile, consideramos oportuno que alguns de seus especialistas assumam essa tarefa transitória – em nosso nome – no país. Tenho plena confiança de que essas pessoas, pela sua preparação, competência e experiência, poderão prestar esse serviço à comunidade eclesial. A partir desta quarta-feira, 20, peço a todos os interessados contatem o serviço de escuta através do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Também pelo telefone 9949-50-519.”

Nos últimos dias, Dom Scicluna e Mons. Bertomeu, várias vezes, falando com a imprensa, ressaltaram muito uma grave insuficiência do episcopado chileno e de todas as 32 dioceses: uma inaceitável, superficialidade, despreparo jurídico e operacional para enfrentar com seriedade e prontamente as denúncias de abuso. Nesse sentido, o escritório para a escuta também deverá ser um suporte para as dioceses nessa matéria. Por isso, os dois membros da missão vaticana consideraram necessário manter ainda, mesmo que de longe, uma relação pessoal estreita com o novo serviço criado por eles.

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