Mulheres, negros e jovens são os mais afetados pelo desemprego.
Os dados do mercado de trabalho formal expõem a gravidade da pandemia no saldo de postos de trabalho. Apenas 45 dias de pandemia representou um saldo negativo próximo da mesma magnitude de 2015, ano da crise econômica, política e social, da qual ainda não nos recuperamos até hoje. O ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, apresenta um panorama do mercado de trabalho no primeiro trimestre de 2020.
A taxa de desocupação na Região Metropolitana de Porto Alegre atingiu 9,8% no primeiro trimestre de 2020, aumentando em 1 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2019. A taxa de subutilização chegou a 17,4%, um aumento de 2,2 pontos percentuais em relação ao último trimestre de 2019.
A última taxa é resultado do número dos trabalhadores desocupados, subocupados – aqueles que trabalham menos de 40 horas por semana e gostariam de trabalhar mais – e força de trabalho potencial, que é formada por pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram, ou procuraram, mas não estavam disponíveis para trabalhar.
No caso da força de trabalho potencial, consideram-se, por exemplo, as mães que estão fora do mercado para criar filhos. A soma desses três itens que formam a taxa de subutilização representa o número de trabalhadores que poderiam estar no mercado de trabalho. Neste caso, como será visto abaixo, os mais afetados pela subutilização são mulheres e jovens, ambos com a taxa de desocupação acima da média.
A média dos rendimentos dos trabalhadores na Região Metropolitana de Porto Alegre alcançou R$ 2.911 no primeiro trimestre de 2020. O valor recebido é maior que a média do Rio Grande do Sul. Este fato pode ser explicado por serem os municípios mais próximos da capital, classificada como um dos centros econômicos do estado, onde a média dos rendimentos no município chegou a R$ 4.036.
A desigualdade de renda se manifestou nos dados relacionados aos trabalhadores no mercado de trabalho formal e informal. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, os homens recebiam no primeiro trimestre de 2020, em média, R$ 3.339, enquanto as mulheres registraram uma renda de R$ 2.430. Esta diferença representa 27,2% ou R$ 909 a menos que os trabalhadores do sexo masculino.
Na comparação da taxa de desocupação entre homens (7,9%) e mulheres (11,9%), a diferença chega a 4 pontos percentuais. Analisando a taxa de desocupação de jovens, o percentual foi de 21,6% no primeiro semestre de 2020. Portanto, uma diferença de 11,8 pontos percentuais da média.
Se analisadas estas informações a partir da cor e raça, a desigualdade de rendimentos também se manifesta. Os trabalhadores brancos ganhavam aproximadamente R$ 3.141, ao mesmo tempo que trabalhadores pretos recebiam, em média, R$ 1.949, ou seja, 38% a menos.
De 2014 para 2020, com o aumento da desocupação para 9,8%, elevou-se o número de trabalhadores que passaram a não contribuir para seguridade social, representando uma variação de mais de 20% nesse período. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD, 27,1% dos trabalhadores ocupados não contribuíam para Previdência Social no primeiro trimestre de 2020, um dos maiores percentuais da série histórica iniciada em 2012. O ano que teve mais trabalhadores contribuindo foi no terceiro trimestre de 2014, quando a taxa de desocupados era de 5,7%.
A Região Metropolitana de Porto Alegre fechou 43,6 mil postos de trabalho entre o mês de março e abril. No acumulado de 2020, o número de postos fechados ficou em 35,6 mil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED. Porto Alegre fechou 16,8 mil postos de trabalho entre março e abril de 2020. No acumulado do ano, quando são incluídos os meses de janeiro e fevereiro, o resultado fica negativo em 15,9 mil.