A pandemia de coronavírus vem tomando proporções cada vez maiores no mundo e no Brasil. Múltiplas são as exigências para este enfrentamento que vão desde o diagnóstico, vigilância e tratamento.
Os hospitais se constituem como espaços fundamentais para o tratamento quando os sintomas da doença se manifestam. Os dados mundiais indicam que os idosos, diabéticos, cardíacos, portadores de doenças crônicas são os maiores, e, por isso, estão sujeitos à internação hospitalar.
Sabe-se que apesar do empenho na implementação do Sistema Único de Saúde - SUS por parte de muitos segmentos da sociedade brasileira, ainda existem muitos limites na sua implementação mesmo sem o coronavírus. Esta é uma preocupação que cresce entre os gestores estatais e a sociedade.
Para dar vistas à disponibilidade de leitos hospitalares nos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre e Vale do Sinos, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, reuniu dados disponíveis no Ministério da Saúde.
Foram reunidas as informações do número de leitos existentes nestas regiões, caracterizando o seu financiamento: SUS ou privado, filantrópico e sindical. Observa-se que o maior número de leitos é do SUS, totalizando 7.002 leitos na Região Metropolitana de Porto Alegre, representando 64% dos leitos. Os demais financiamentos representam apenas 36% do total de 10.873 leitos na Região Metropolitana de Porto Alegre. Destacam-se três municípios que representam 76% dos leitos, que são Porto Alegre com 7.019, Canoas com 833 e Novo Hamburgo com 459.
A Região do Vale do Sinos apresenta 1.564 leitos do SUS, sendo assim, representa 71%, enquanto outras instituições (privada, filantrópica e sindical) financiam 625 leitos, representando 29% do total de 2.189 nos 14 municípios do Vale do Sinos.
A Região Metropolitana de Porto Alegre representa 36% dos leitos de UTI de todo o estado do Rio Grande do Sul e o Vale do Sinos representa 7% dos leitos do estado. Municípios como Araricá, Arroio dos Ratos, Capela de Santana, Eldorado do Sul, Glorinha, Nova Hartz e Nova Santa Rita não contêm leitos públicos ou privados.
A Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão - Seplag do Rio Grande do Sul publicou um estudo projetando a prospecção do coronavírus no estado. Caso o número de infectados pelo coronavírus for no mesmo ritmo da Coreia do Sul, Itália e Irã, o Rio Grande do Sul terá 4.340 casos nos próximos 20 dias.
O estudo ainda analisou os impactos do coronavírus nos hospitais do estado. De acordo com as estimativas da Seplag, 15% dos infectados vão para internação hospitalar e 5% para a Unidade de Tratamento Intensivo - UTI. O município com o maior número de leitos em relação a mil habitantes é Porto Alegre (4,8) e o menor é Guaíba (0,3). Abaixo é possível ver a relação completa dos leitos na Região Metropolitana de Porto Alegre:
Infográfico: Leitos hospitalares na Região Metropolitana de Porto Alegre
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