Estado de exceção está operativo na Palestina ocupada, onde o genocídio conduzido por Netanyahu, com apoio norte-americano e europeu, é transmitido ao vivo. Retomando Deleuze, a filosofia precisa combater a baixeza de seu tempo e, como diria Nietzsche, intervir nele
Em 1948, o êxodo de pelo menos 711 mil árabes palestinos em função da Guerra Árabe-Israelense, que está nas origens do surgimento do Estado de Israel, ocasionou o evento histórico que se convencionou chamar de Nakba, palavra que significa catástrofe ou desastre. Na análise do filósofo húngaro radicado há décadas no Brasil, Peter Pál Pelbart, o que ocorre agora com o genocídio conduzido por Netanyahu em Gaza reedita, de modo ainda mais brutal, esse episódio no Oriente Médio. Esta “é uma segunda Nakba. Num certo sentido, pior do que a anterior”.
Uma das coisas mais chocantes é o fato de que, ao contrário do Holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial, que para a maioria do mundo era desconhecido, hoje vemos em tempo real o massacre “de centenas de crianças, mulheres, idosos, multidões famélicas deambulando à cata de algum alimento e agonizando por falta de cuidado médico. Hoje, quando se vê e se sabe do genocídio em curso, cabe insistir em que a inação, a neutralidade e o silêncio se tornam cumplicidade. É intolerável o que acontece, e ainda mais intolerável testemunhar em silêncio”.
As afirmações fazem parte da entrevista concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, repercutindo a “Carta Aberta aos Judeus e Judias do Brasil”, que Pelbart escreveu e compartilhou em suas redes sociais e inúmeros veículos de comunicação republicaram.
Para Pelbart, Israel se desvela como “um laboratório privilegiado de escalada fascista e expansionista, onde ademais se experimentam novas tecnologias de Inteligência Artificial (IA) no extermínio em massa. Claro que nada disso ocorre sem resistência, mas a voz dissidente é abafada pelo rufar dos tambores da guerra”.
Desde que se aliou à extrema-direita, Netanyahu ajudou a reforçar “todos os traços regressivos que já estavam presentes na sociedade israelense há anos, sobretudo após o 7 de outubro de 2023. O estado de exceção atingiu ainda mais brutalmente a população palestina em Israel e nos territórios ocupados, com incursões, detenções, assassinatos, aumento da truculência policial contra as manifestações e violência contra as dissidências”. O filósofo acrescenta que a Europa não consegue romper com a culpabilidade por ter gestado o Holocausto: hoje, paira o sentimento de que se deve apoiar o governo israelense de modo incondicional, sem qualquer tipo de crítica, que é classificada pela propaganda como antissemita.
Retomando o legado da filosofia de Emmanuel Lévinas, um dos mais importantes pensadores judeus do século XX, Pelbart acentua a importância do primado da ética e da alteridade, que vêm antes da ontologia e do Ser. Quando priorizou a alteridade, Lévinas “ousou desafiar o identitarismo judaico e seu etnocentrismo, ainda que não utilizasse esses termos. O que melhor expressa tal ética da alteridade é o Rosto do Outro, que diz: ‘Não Matarás’. Ora, quando constatamos que a televisão israelense se recusa a transmitir os rostos dos palestinos agonizantes em Gaza, nos quais se leem a fome, a sede, o desespero, a súplica, só podemos concluir que a sociedade israelense está doente e se encontra nas antípodas da ética defendida por Lévinas”.
Peter Pál Pelbart (Foto: CPFL Cultura | Wikimedia Commons)
Peter Pál Pelbart é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo – USP e em Filosofia pela Université Paris IV – Sorbonne, mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP com a dissertação Da clausura do fora ao fora da clausura: loucura e desrazão (Iluminuras, 2009). Na USP, doutorou-se em Filosofia, defendendo a tese O tempo não reconciliado: imagens de tempo em Deleuze (Perspectiva, 2015). É autor de inúmeras outras obras, das quais destacamos: Ensaios do assombro (n-1 edições, 2019) e O avesso do niilismo: cartografias do esgotamento (n-1edições, 2016). Leciona na PUC-SP, é coeditor da n-1 edições e desde 2001 integra a Companhia Teatral Ueinzz, laboratório esquizocênico e biopolítico.
IHU – Por que boa parte do mundo se cala diante do genocídio em Gaza ou da sua relativização?
Peter Pál Pelbart – A Europa nunca conseguiu se livrar da culpa por ter sido o palco do Holocausto. Assim, ela se vê obrigada a expiar sua culpa apoiando incondicionalmente o governo de Israel. O receio dos europeus, mas não só, é que qualquer divergência em relação à política israelense seja interpretada como uma atitude antissemita, o que cutucaria velhos monstros que o continente prefere deixar intocados. Já com os Estados Unidos, trata-se de uma aliança estratégica e geopolítica cuja natureza supremacista vai ficando cada dia mais evidente.
Ademais, é grande a influência dos evangélicos fanaticamente defensores de Israel no governo Trump, para quem muçulmanos, islâmicos e palestinos são todos virtualmente terroristas. Mais profundamente, Israel pertence ao Norte, no sentido ideológico, geopolítico, militar, e desfruta de seus privilégios, entre os quais a certeza da impunidade, seja qual for a política de opressão em relação aos palestinos ou de expansionismo em relação aos vizinhos.
IHU – O que torna esse genocídio tão peculiar? Esta é uma outra Nakba (1)? Por quê?
Peter Pál Pelbart – Sim, é uma segunda Nakba. Num certo sentido, pior do que a anterior. Eis alguns dados. Em 1947-1948, tratava-se para o nascente Estado de Israel de fazer com que a população palestina abandonasse suas casas, aldeias, cidades a fim de garantir a maioria demográfica judaica no território que lhe era destinado pela partilha. Ao longo dos combates, porém, Israel ampliou substancialmente suas fronteiras, engolindo grandes nacos do que deveria ser o Estado da Palestina. Ao todo, por volta de 750 mil palestinos foram expulsos ou fugiram, transformando-se em refugiados. O número total de mortos foi de 1% da população palestina – e uma proporção equivalente do lado israelense.
Agora, a estimativa é que Israel tenha massacrado 2,5% da população. Se forem contabilizados os soterrados e desaparecidos, a cifra pode chegar ao dobro. Em outros termos, é possível que no fim a cifra de mortos alcance 5% da população palestina – ou seja, cinco vezes mais do que na primeira Nakba. O sofrimento imposto a uma população de mais de dois milhões ao longo de ano e meio de bombardeios, aniquilação das cidades, confinamento, fome, sede, falta completa de medicamentos, evacuação de uma região a outra, destruição de hospitais, escolas, mesquitas talvez supere a tragédia da primeira Nakba.
IHU – Que aproximações e distanciamentos são adequados para se pensar no Holocausto judeu e no genocídio em Gaza?
Peter Pál Pelbart - Creio que hoje o mais urgente é chamar a atenção para um aspecto nessa comparação. Durante a Segunda Guerra Mundial, o mundo NÃO sabia da existência dos campos de concentração alemães, das câmaras de gás, dos fornos crematórios, das milhões de vítimas dizimadas em escala industrial. Hoje TODOS vemos ao vivo e em cores os massacres de centenas de crianças, mulheres, idosos, multidões famélicas deambulando à cata de algum alimento e agonizando por falta de cuidado médico.
Não se trata, portanto, de quantificar o sofrimento e participar da Olimpíada do Horror para decidir qual povo levará a medalha do mais sofrido. Hoje, quando se vê e se sabe do genocídio em curso, cabe insistir em que a inação, a neutralidade e o silêncio se tornam cumplicidade. É intolerável o que acontece, e ainda mais intolerável testemunhar em silêncio.
IHU – Como avalia o apoio norte-americano a Israel na condução desse conflito?
Peter Pál Pelbart – É a aliança estratégica e geopolítica do Norte branco contra os “descartáveis” do Sul do mundo. A força bruta como modus operandi. Os Estados Unidos podem reivindicar o Canadá ou a Groenlândia, assim como Israel se sente no direito de invadir Gaza ou anexar a Cisjordânia. É a lei do mais forte.
IHU – É correto analisar esse conflito dentro do registro das derivações neofascistas pelas quais passam inúmeras democracias no mundo, incluindo EUA e Israel? Por quê?
Peter Pál Pelbart – A Nakba antecede em muito a atual deriva neofascista. Contudo, é inegável que desde que Netanyahu se aliou à extrema-direita, todos os traços regressivos que já estavam presentes na sociedade israelense há anos recrudesceram, sobretudo depois do 7 de outubro de 2023. O estado de exceção atingiu ainda mais brutalmente a população palestina em Israel e nos territórios ocupados, com incursões, detenções, assassinatos, aumento da truculência policial contra manifestações e violência contra as dissidências.
Os ataques frontais contra o sistema judiciário, anteriores ao ataque do Hamas, retornaram com força alguns meses depois, através de táticas de lawfare. Um desejo generalizado de vingança, de punição coletiva, de “solução final” para o problema palestino virou assunto público e se acirrou com a quebra do cessar-fogo em março e a barbárie subsequente. Na verdade, o supremacismo étnico e a fúria bélica tomaram conta de boa parte da população. Mais e mais Israel aparece aos olhos do mundo como um laboratório privilegiado de escalada fascista e expansionista, onde ademais se experimentam novas tecnologias de Inteligência Artificial (IA) no extermínio em massa. Claro que nada disso ocorre sem resistência, mas a voz dissidente é abafada pelo rufar dos tambores da guerra.
IHU – Críticas à política estatal de Netanyahu em Gaza são rebatidas por alguns setores judaicos como antissemitismo. Por que essa classificação está incorreta?
Peter Pál Pelbart – Israel pretende ser representante dos judeus do mundo todo. E faz crer que ser judeu é equivalente a ser sionista. E que ser sionista é apoiar incondicionalmente o Estado de Israel. Ora, essa equação é um engodo. Nem todo judeu é sionista, nem todo sionista apoia a política atual de Israel, nem todo judeu apoia a política da atual coalizão. Faz parte, porém, da propaganda israelense acusar toda crítica ao governo israelense de antissemita.
É uma maneira de desqualificar os críticos, intimidar os judeus e utilizar a história do antissemitismo para justificar a política do atual governo israelense. Nos últimos meses temos presenciado este paradoxo: manifestações de estudantes judeus nas universidades estadunidenses e alemãs contra os massacres em Gaza e em favor dos palestinos, reprimidas com violência pela polícia local sob a alegação de serem antissemitas.
IHU – Por outro lado, a campanha israelense em Gaza fomenta o ódio aos judeus, indiscriminadamente. Como analisa a reedição dessa intolerância no contexto atual?
Peter Pál Pelbart – Se Israel pretende falar e agir em nome dos judeus do mundo, deveria saber que seus crimes acabarão respingando sobre os judeus do mundo todo. Parte do antissemitismo deriva dessa associação. Claro, quando ela se compõe com uma tradição antissemita que remonta a séculos, o resultado é o mais inquietante. O combate ao antissemitismo hoje passa pela crítica ativa, feita por judeus em todo o mundo, à escalada fascista israelense. É preciso reativar a tradição crítica, progressista, ética e libertária do que Enzo Traverso (2) chamou de modernidade judaica.
IHU – Em carta aberta aos judeus, o senhor evoca a ética judaica a partir de Emmanuel Lévinas (3). Qual é o compromisso da Filosofia frente a esse conflito?
Peter Pál Pelbart – Emmanuel Lévinas é um dos maiores pensadores judeus do século XX. Ele sobreviveu à perseguição nazista e sorveu o melhor da tradição judaica para pensá-la. Em contraposição a Heidegger (4), que, no entanto, o inspirou parcialmente, sustentou que antes da ontologia vem a ética – antes do Ser, o Outro. Ao priorizar a alteridade, ousou desafiar o identitarismo judaico e seu etnocentrismo, ainda que não utilizasse esses termos. O que melhor expressa tal ética da alteridade é o Rosto do Outro, que diz: “Não Matarás”. Ora, quando constatamos que a televisão israelense se recusa a transmitir os rostos dos palestinos agonizantes em Gaza, nos quais se leem a fome, a sede, o desespero, a súplica, só podemos concluir que a sociedade israelense está doente e se encontra nas antípodas da ética defendida por Lévinas.
A filosofia não pode permanecer indiferente ao que se passa em nosso presente. Seria preciso tornar a epiderme das pessoas mais irritável, diria Foucault (5). A filosofia deve combater a baixeza de seu tempo, lembra Deleuze (6). Cabe ao pensamento intervir no seu tempo, contra o seu tempo, em favor, esperemos, de um tempo que virá, diz Nietzsche (7).
IHU – Agamben (8) tem sido um dos autores fundamentais para pensarmos como a exceção se converte em regra e como ela opera amparada no estado democrático de direito. Em que aspectos Gaza se converte em um grande campo de concentração e prova que o binômio soberania-governamentalidade segue mais operativo e paradoxal do que nunca?
Peter Pál Pelbart – O campo de concentração é o paradigma biopolítico contemporâneo, diz Agamben. Isso se confirma a cada dia. O que não imaginávamos é que assistiríamos em tempo real, pela televisão, a redução de milhões de pessoas à condição de vida nua. O grau de visibilidade planetária que tal operação atingiu nos faz suspeitar que fomos catapultados a um novo patamar de normalização da exceção e de sua espetacularização escancarada. Como em Kafka (9), o mais espantoso é que o espantoso já não espanta ninguém.
(1) Nakba: palavra árabe que significa “catástrofe” ou “desastre” e designa o êxodo palestino de 1948, quando pelo menos 711 mil árabes palestinos, segundo a Organização das Nações Unidas, fugiram ou foram expulsos de seus lares, em razão da guerra civil de 1947-1948 e da Guerra Árabe-Israelense de 1948. O êxodo palestino marca o início do problema dos refugiados palestinos, um dos principais elementos do conflito árabe-israelense. Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), refugiados palestinos são as “pessoas cujo lugar de residência habitual era o Mandato Britânico da Palestina entre junho de 1946 e maio de 1948 e que perderam suas casas e meios de vida como consequência da Guerra Árabe-Israelense de 1948”, ou seja, aqueles que foram obrigados a deixar a parte da Palestina que viria a constituir o Estado de Israel, indo para outras partes da região ou para países vizinhos.
(2) Enzo Traverso (1957): historiador italiano de história intelectual europeia, autor de vários livros sobre teoria crítica, Holocausto, marxismo, memória, totalitarismo, revolução e historiografia contemporânea. Seus livros foram traduzidos para vários idiomas. Depois de viver e trabalhar na França por mais de 25 anos, leciona na Universidade Cornell, EUA.
(3) Emmanuel Lévinas (1905-1995): filósofo francês nascido em uma família judaica na Lituânia. Bastante influenciado pela fenomenologia de Edmund Husserl, de quem foi tradutor, assim como pelas obras de Martin Heidegger, Franz Rosenzweig e Monsieur Chouchani, o pensamento de Lévinas parte da ideia de que a ética, e não a ontologia, é a filosofia primeira. É no face a face humano que se irrompe todo sentido. Diante do rosto do Outro, o sujeito se descobre responsável e lhe vem à ideia o Infinito. Sobre seu pensamento, confira a Revista IHU On-Line Edição 277, de 14-10-2008, Lévinas e a majestade do Outro, disponível aqui.
(4) Martin Heidegger (1889-1976): filósofo, escritor, professor e reitor universitário alemão. É reconhecido como um dos filósofos mais originais e importantes do século XX. Pertenceu à fenomenologia iniciada pelo seu professor Edmund Husserl e ampliou seus horizontes a partir de pensamentos diversos, como a filosofia da vida de Wilhelm Dilthey e a interpretação da existência de Søren Kierkegaard, a qual Heidegger buscou superar com a ideia de uma nova ideia de ontologia. Os principais objetivos de Heidegger foram criticar a metafísica característica da filosofia ocidental e fornecer uma base intelectual para uma nova compreensão do mundo. Sobre seu pensamento, confira a Revista IHU On-Line Edição 185, de 19-06-2006, O século de Heidegger, bem como a Edição 187, 03-07-2006, Ser e tempo. A desconstrução da metafísica.
(5) Michel Foucault (1926-1984): filósofo, historiador das ideias, teórico social, filólogo, crítico literário e professor da cátedra História dos Sistemas do Pensamento, no célebre Collège de France, de 1970 até 1984 (ano da sua morte). Suas teorias abordam a relação entre poder e conhecimento e como eles são usados como uma forma de controle social por meio de instituições sociais. Embora muitas vezes seja citado como um pós-estruturalista e pós-modernista, Foucault acabou rejeitando esses rótulos, preferindo classificar seu pensamento como uma história crítica da modernidade. Seu pensamento foi influente tanto para grupos acadêmicos quanto para ativistas. Sobre seu pensamento, confira as seguintes edições da Revista IHU On-Line: Edição 466, de 01-06-2015: Michel Foucault, o cuidado de si e o governo de si (enkrateia); Edição 335, de 28-06-2010, Corpo e sexualidade. A contribuição de Michel Foucault; Edição 203, de 06-11-2006, Michel Foucault, 80 anos, e Edição 119, de 18-10-2004, Michael Foucault e as urgências da atualidade. 20 anos depois.
(6) Gilles Deleuze (1925-1995): filósofo francês, cuja obra é considerada uma das principais representantes da filosofia continental e do pós-estruturalismo, de modo que ocupa um lugar importante nos debates contemporâneos sobre sociedade, política e subjetividade, apesar de seu distanciamento das principais tendências filosóficas do século XX. De sua vasta produção intelectual, destacamos as obras escritas em parceria com Felix Guattari: L’anti-Œdipe (1972), Kafka: por uma literatura menor (1975), Mil Platôs (1980) e O que é a filosofia? (1991).
(7) Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900): filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX, nascido na atual Alemanha. Escreveu vários textos criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea, a filosofia e a ciência, exibindo certa predileção por metáfora, ironia e aforismo. É famoso por sua crítica à religião, em especial o cristianismo. Sobre seu pensamento, confira a Edição 127 da Revista IHU On-Line, de 13-12-24, intitulada Nietzsche: Filósofo do martelo e do crepúsculo e a Edição 529, de 01-10-2018, intitulada Nietzsche. Da moral de rebanho à reconstrução genealógica do pensar.
(8) Giorgio Agamben (1942): filósofo italiano, autor de obras que percorrem temas que vão da estética à política. Seus trabalhos mais conhecidos incluem sua investigação sobre os conceitos de estado de exceção e homo sacer. Formado em Direito, em 1965, com uma tese sobre o pensamento político de Simone Weil, participou dos seminários promovidos por Martin Heidegger, no fim dos anos 1960. De 2003 a 2009 lecionou Estética e Filosofia, no Instituto Universitário de Arquitetura (IUAV) de Veneza. Em seguida decidiu abandonar a atividade de ensino nas universidades italianas. Atualmente dirige a coleção “Quarta prosa” da editora Neri Pozza. na Università IUAV em Veneza. A sua produção se concentra nas relações entre a filosofia, a literatura, a poesia e, fundamentalmente, a política. Responsável pela edição italiana da obra de Walter Benjamin, foi professor visitante da New York University, antes de se decidir a não mais entrar nos Estados Unidos, em protesto contra a política de segurança do governo Bush. Sobre o pensamento de Agamben, confira a Revista IHU On-Line Edição 505, de 22-05-2017, intitulada Giorgio Agamben e a impossibilidade de salvação da modernidade e da política moderna.
(9) Franz Kafka (1883-1924): escritor de língua alemã, nascido em Praga, no Império Austro-Húngaro, autor de romances e contos, considerado pelos críticos como um dos escritores mais influentes do século XX. A maior parte de sua obra, como A Metamorfose, O Processo e O Castelo, está repleta de temas e arquétipos de alienação e brutalidade física e psicológica, conflito entre pais e filhos, personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos e transformações místicas.