Precisamos hoje da coragem e da confiança em Deus dos últimos dias do Concílio

Foto: Fides Catholica

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06 Dezembro 2025

Nestes dias, completam-se 60 anos do encerramento do Concílio Vaticano II. Também hoje a Igreja precisa urgentemente de mudança e dinamismo, comenta Christoph Strack.

O artigo é de Christoph Strack, editor especializado da Deutsche Welle para religião e política religiosa, publicado por katolsich.de, 05-12-2025.

Eis o artigo.

O que devem ter sido aquelas semanas tão especiais, cheias de coragem e confiança em Deus. Nestes dias, em 8 de dezembro, marca-se o 60º aniversário do fim do Concílio Vaticano II (1962–1965). Na véspera, os padres conciliares ainda aprovaram, depois de algumas disputas, quatro documentos, entre eles a Declaração sobre a Liberdade Religiosa (Dignitatis Humanae) e a Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo de Hoje (Gaudium et Spes).

A fase final do Concílio — à qual, semanas antes, também pertencera a Declaração sobre a Relação da Igreja com as Religiões não Cristãs (Nostra Aetate) — representa grandes textos e outros passos importantes. Nessas semanas houve também o compromisso de cerca de quarenta bispos com um estilo de vida simples e com o serviço aos pobres, no chamado Pacto das Catacumbas; nessas semanas ocorreu a troca de cartas entre os bispos poloneses e alemães; nessas semanas começou a rede estruturada entre os bispos europeus que daria origem ao Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE). Era uma Igreja na primavera.

É claro que o Concílio foi centrado no ministério ordenado e no episcopado. Tornou-se impressionante sempre que os participantes tiveram a coragem de pensar para além de si mesmos. Desde que existe um movimento organizado de reforma que clama por mudanças concretas na Igreja Católica, existe também a advertência de que seria cedo demais para um novo concílio, cedo demais. Há décadas, quem dizia isso era Walter Kasper (então ainda não cardeal); hoje, quem diz é Michael Seewald. Tudo o que ele afirma nesse sentido é legítimo.

Mas muito do que Seewald diz também mostra que é urgente haver movimento e mudança — basta lembrar a questão das mulheres na Igreja. E, na verdade, que isso precisa ser mais concreto do que insinuações ou promessas vagas. No fim do Concílio, um dos observadores oficiais escreveu: O Concílio está encerrado e, ao mesmo tempo, ainda em pleno desenvolvimento.

Esse desenvolvimento não avançou tanto. As propostas do Sínodo de Würzburg (1972-1975) — para citar apenas o exemplo mais importante para a Alemanha — foram parar nas gavetas romanas. Logo depois, ainda nos anos 1970, começou dentro da Igreja um processo de petrificação. Alguns chegam a chamar de era glacial.

Alguma coisa agora parece uma evolução tardia, ou uma evolução rumo a uma evolução tardia. Precisaríamos de algo daquela coragem, daquela serenidade dos últimos dias conciliares. O que devem ter sido aquelas semanas tão especiais.

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