Chamado ecumênico de Leão XIV: Queremos caminhar juntos, valorizando o que nos une, derrubando os muros do preconceito e da desconfiança

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01 Dezembro 2025

  • O Papa apela a esforços conjuntos pela unidade em três níveis: dentro da comunidade, nas relações ecumênicas com membros de outras denominações cristãs e nos encontros com irmãos e irmãs que pertencem a outras religiões.

  • "Como sentimos com urgência este apelo hoje! Como é grande a necessidade de paz, união e reconciliação que nos rodeia, e também dentro de nós e entre nós!"

A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 29-11-2025.  

O Volkswagen Arena de Istambul acolheu a primeira Eucaristia de Leão XIV na Turquia. Após seu encontro com Bartolomeu, no qual ambos líderes assinaram uma histórica declaração ecumênica, o Papa se dirigiu à Igreja Patriarcal de São Jorge, em uma cerimônia que contou com a participação de cerca de 4 mil pessoas.

Em sua homilia, na véspera da festa de Santo André e no início do Advento, o Papa revisitou as leituras da liturgia. Em primeiro lugar, o livro do profeta Isaías, com o convite dirigido a todos os povos para subir ao monte do Senhor, lugar de luz e de paz. Uma oportunidade para meditar sobre o nosso ser Igreja, na qual a alegria do bem é contagiosa.

Também para nós há um convite a renovar na fé a força do nosso testemunho, ressaltou Prevost, evocando São João Crisóstomo para convidar os fiéis ao cuidado comum: Queridos irmãos, se realmente queremos ajudar as pessoas com as quais nos encontramos, vigiemos sobre nós mesmos, como nos recomenda o Evangelho; cultivemos nossa fé com a oração e os sacramentos, vivamo-la com coerência na caridade, rejeitemos — como disse São Paulo na segunda leitura — as obras das trevas e vistamo-nos com a armadura da luz.

Leão XIV na missa

Estejamos preparados com o compromisso sincero de uma vida boa, como nos ensinam os numerosos modelos de santidade dos quais é rica a história desta terra, acrescentou.

Outra das imagens é a de um mundo em que reina a paz. Com que urgência percebemos hoje este chamado. Quanta necessidade de paz, de unidade e de reconciliação existe ao nosso redor, e também em nós e entre nós, insistiu, perguntando-se: Como podemos contribuir para responder a essa exigência?

Para compreendê-lo, o Papa voltou ao logotipo desta viagem, a ponte dos Dardanelos, que une dois continentes, Ásia e Europa. Com o tempo, acrescentaram-se outras duas passagens, de modo que atualmente há três pontos de união entre as duas margens. Três grandes estruturas de comunicação, intercâmbio e encontro; imponentes à vista, mas tão pequenas e frágeis se comparadas com os imensos territórios que conectam, recordou.

O Papa segurando o Evangelho

Isso nos faz pensar na importância de nossos esforços comuns pela unidade em três níveis: dentro da comunidade, nas relações ecumênicas com membros de outras confissões cristãs e no encontro com irmãos e irmãs que pertencem a outras religiões, sublinhou Prevost, acrescentando que cuidar dessas três pontes, reforçando-as e ampliando-as de todas as formas possíveis, faz parte de nossa vocação de ser uma cidade construída sobre a montanha.

Na missa desta tarde, insistiu o Papa, estão presentes quatro tradições litúrgicas diferentes, latina, armênia, caldeia e siríaca, cada uma aportando sua própria riqueza espiritual, histórica e de experiência eclesial.

O Papa reflete após sua homilia

Compartilhar essas diferenças pode mostrar de maneira eminente um dos traços mais belos do rosto da Esposa de Cristo, o da catolicidade que une, insistiu. Uma unidade que se consolida em torno do altar é um dom de Deus e, como tal, é forte e invencível, porque é obra de sua graça, embora sua realização na história esteja confiada a nós, a nossos esforços.

Por isso, como as pontes sobre o Bósforo, ela precisa de cuidado, atenção e manutenção, para que o tempo e as vicissitudes não enfraqueçam suas estruturas e para que seus alicerces permaneçam sólidos, concluiu, exortando a colocar todo nosso empenho em favorecer e fortalecer os laços que nos unem, para nos enriquecermos mutuamente e sermos, diante do mundo, um sinal credível do amor universal e infinito do Senhor.

Por essa razão, um segundo vínculo de comunhão é o ecumênico, destacou o Papa, agradecendo a presença de representantes de outras confissões. Também este é um caminho que percorremos juntos há muito tempo, afirmou. Um caminho rumo à unidade que renovamos hoje, disse.

Fiéis no Volkswagen Arena

Por fim, um terceiro vínculo, com os membros de comunidades não cristãs. Vivemos em um mundo em que, com demasiada frequência, a religião é utilizada para justificar guerras e atrocidades, advertiu Prevost, que diante dessa realidade chamou a caminhar juntos, valorizando o que nos une, derrubando os muros do preconceito e da desconfiança, favorecendo o conhecimento e a estima mútuos, para dar a todos uma forte mensagem de esperança e um convite a tornar-se artífices da paz.

Que nossos passos se movam sobre uma ponte que une a terra ao céu e que o Senhor estendeu para nós. Mantenhamos sempre o olhar fixo em suas margens, para amar de todo o coração a Deus e aos irmãos, para caminhar juntos e poder encontrar-nos todos, algum dia, na casa do Pai, concluiu o pontífice.

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