Honduras: Trump chamou a votar no candidato de direita, Nasry Asfura

Foto: HCH/Wikimedia Commons

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28 Novembro 2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu sem disfarces que os hondurenhos apoiem o candidato conservador Nasry Asfura. Um amigo da liberdade.

 A informação é publicada por Página|12, 28-11-2025. 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu aos hondurenhos que apoiem o candidato conservador do Partido Nacional, Nasry Asfura, nas eleições presidenciais deste domingo, além de acusar seus rivais de representarem o avanço comunista e de serem aliados de líderes como o venezuelano Nicolás Maduro. O candidato conservador agradeceu e celebrou esse apoio, enquanto os outros dois principais candidatos criticaram o magnata republicano.

Asfura, empresário e candidato da direita, disputa contra Rixi Moncada, candidata do partido de esquerda Libre, e contra o apresentador de notícias Salvador Nasralla, que, apesar de ter um discurso de direita e liderar o Partido Liberal, não conta com o apoio de Washington.

Em uma publicação em sua rede Truth Social, o presidente dos EUA se referiu a Asfura como o único verdadeiro amigo da liberdade em Honduras e acrescentou que poderiam trabalhar juntos para enfrentar seus adversários. Nesse sentido, também elogiou o passado do candidato como prefeito da capital hondurenha, Tegucigalpa, onde, segundo ele, ajudou a levar água a milhões de pessoas.

Por outro lado, o republicano afirmou que a candidata governista, Rixi Moncada, que tenta suceder a atual presidente, Xiomara Castro, é próxima do comunismo, da mesma forma como havia dito anteriormente durante a campanha para a prefeitura de Nova York, vencida pelo socialista muçulmano Zohran Mamdani. Trump também mencionou que o terceiro candidato, Salvador Nasralla, faz parte de uma tentativa de enganar a população para dividir o voto.

A resposta dos candidatos

O candidato presidencial do opositor Partido Nacional agradeceu o apoio do presidente dos EUA. “Muitas graças pelo apoio, Presidente Donald Trump”, escreveu Asfura em suas redes sociais, acrescentando: “Em 30 de novembro estaremos firmes para defender nossa democracia, nossa liberdade e os valores que fazem grande o nosso país. Honduras, vamos ficar bem.”

Por sua vez, o direitista Salvador Nasralla afirmou que, caso seja eleito neste domingo, será um aliado das liberdades na Ibero-América e lamentou a desinformação difundida por seus rivais políticos, que, segundo ele, levou o presidente dos EUA a apoiar o candidato conservador. “Quando neste domingo eu for eleito pelo meu povo, poderá encontrar em mim um aliado das liberdades na Ibero-América. Clamo pela sensatez e pela calma neste momento decisivo para o nosso país. Vivam os valores tradicionais”, publicou Nasralla.

Nasralla expressou seu respeito e maior consideração pelo presidente norte-americano, a quem descreveu como “um aliado natural de minha querida Honduras”. “Lamento a desinformação mal-intencionada dos meus rivais políticos, que, sabendo-se derrotados, chegaram aos ouvidos dos assessores do presidente Trump”, afirmou o candidato.

Enquanto isso, a candidata presidencial do governante Partido Liberdade e Refundação (Libre), Rixi Moncada, criticou as acusações feitas pelo magnata republicano. “Me chamam de comunista para esconder a verdade: têm medo da democratização da economia, ficam aterrorizados com a Lei de Justiça Tributária e querem que o dinheiro siga sendo privilégio das dez famílias mais ricas do país, e não um direito do povo”, escreveu Moncada na rede X, sem mencionar Trump diretamente. “Vamos às eleições em 30 de novembro e reafirmo minha denúncia de que a Transmissão de Resultados Preliminares (TREP) do CNE às 21h de domingo é uma armadilha. Convido o povo a proteger as atas de cada Junta Receptora de Votos. O bipartidarismo está derrotado”, completou.

O contexto eleitoral

Um dia antes do respaldo público de Trump ao candidato conservador, o subsecretário de Estado Christopher Landau pediu aos membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) que exijam um processo eleitoral livre de intimidação, fraude e interferência política em Honduras, diante das eleições gerais de domingo.

O processo eleitoral está sendo questionado por denúncias de fraude entre governistas e opositores, devido à suposta intromissão da Procuradoria ao abrir investigações contra altas autoridades eleitorais e por suposta interferência das Forças Armadas. Em sua mensagem, Trump questionou se narcoterroristas tomariam outros países como, segundo ele, ocorreu com Venezuela e Cuba, em referência aos candidatos que concorrem com Asfura.

Em Honduras, denúncias de fraude eleitoral remontam a novembro de 1981, quando foram realizadas as primeiras eleições após o retorno da democracia em 1980. Os casos de fraude geralmente são denunciados na disputa presidencial, embora também haja acusações, em menor grau, em eleições municipais e legislativas. Neste ano, líderes dos três principais partidos — Liberal, Libre e Nacional — se acusam mutuamente de fraude, algo incomum, já que, segundo analistas, quem normalmente denuncia irregularidades é o partido no poder, e faz isso depois do resultado da votação, não antes.

Pela primeira vez na frágil democracia do país centro-americano, a esquerda, que venceu com Xiomara Castro há quatro anos, busca um segundo mandato, enfrentando dois partidos tradicionais e conservadores que se alternaram na presidência durante um século. As campanhas dos principais partidos se destacaram mais pelos ataques e desqualificações do que por propostas, em um país que se fragmentou política e socialmente após o golpe de Estado de 28 de junho de 2009 contra Manuel Zelaya, marido e principal assessor de Xiomara Castro e coordenador geral do Libre.

Entre os hondurenhos há temor de que possa ocorrer violência dependendo do resultado, caso a diferença entre o vencedor e o segundo colocado seja muito pequena. Em 2017 houve violência após a reeleição de Juan Orlando Hernández, algo que a lei não permite sob nenhuma circunstância.

Uma visão diferente

Ao contrário das críticas de Trump ao governo hondurenho, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, se despediu de Xiomara Castro na terça-feira, elogiou o trabalho conjunto e agradeceu pela amizade e pela relação entre os países. “Hoje recebemos no Palácio Nacional a presidenta de Honduras, Xiomara Castro, que está concluindo seu mandato; reconhecemos seu trabalho e compromisso com seu povo. Obrigada pela amizade e pela boa relação bilateral”, escreveu Sheinbaum em suas redes.

A mandatária mexicana recebeu Castro ao meio-dia para uma reunião sobre a relação bilateral e a cooperação entre os dois países. Mais de seis milhões de hondurenhos estão convocados às urnas neste domingo para escolher o sucessor ou sucessora de Castro, primeira mulher a ocupar o cargo, que encerrará seu mandato de quatro anos em 27 de janeiro.

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