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O Semiárido, a COP30 e a utopia da Asa Branca. Artigo de Cidoval Moraia de Sousa

Foto: Estêvão Lima Arrais/Wikimedia Commons

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13 Novembro 2025

"O Semiárido que se apresenta em Belém, na COP30, não é apenas um território de cicatrizes, mas um território de anúncio, esperança e inédito viável", escreve Cidoval Moraia de Sousa, professor e pesquisador da Universidade Estadual da Paraíba, secretário regional da SBPC/PB e membro do Centro Internacional Celso Furtado. Pesquisador visitante do IE/Unicamp e colaborador do PPGCTS (UFSCar).

Eis o artigo.

1.

O Semiárido brasileiro chega à COP30 carregando consigo cicatrizes históricas profundas, aprisionado em uma lógica de subalternidade, funcionando como território explorado, onde um labirinto político, econômico, institucional e simbólico reforça sua invisibilidade. A transição energética, megaprojeto em curso, ao invés de corrigir essa disparidade, atua de forma predatória, transformando o território em mero palco de empreendimentos que concentram renda e poder em grandes empresas, reproduzindo desigualdades históricas alarmantes e mantendo as comunidades locais à margem.

Contudo, é desse mesmo território, apesar do histórico extrativista, que emergem as asas capazes de nos tirar da crise, por meio de experiências concretas como a Agroecologia e as tecnologias sociais que fortalecem o bem viver. A Caatinga, bioma de vital importância e singular biodiversidade, oferece a lição da resiliência, inspirando uma utopia concreta. Tais ações convergem para o verbo Caatingar, que rompe com a monocultura do saber e nos impulsiona a construir o inédito viável. Caatingar é a esperança ativa que transforma as cicatrizes em vitalidade, garantindo que o Semiárido seja protagonista de seu futuro.

2.

As políticas públicas para o Semiárido (que abriga mais de 1.200 municípios de todos os estados nordestinos e de mais dois estados do Sudeste: Minas Gerais e Espírito Santo), ao longo das últimas décadas, se configuraram como um emaranhado de projetos e programas fragmentados, elaborados com pouca conexão com os territórios, marcados pela presunção de interesse público, mas com baixa participação social e baixo poder resolutivo. São políticas especializadas, com pouca interação intersetorial, que dificilmente olham para as iniciativas locais e as consideram. Em vez de integrar, fragmentam o Semiárido, e, por consequência, também a Caatinga, reforçando a invisibilidade de um bioma que deveria estar no centro das estratégias nacionais de enfrentamento às mudanças climáticas.

A transição energética, celebrada como solução para a crise climática, também revela suas contradições quando olhamos para o Semiárido. Embora o discurso oficial celebre a expansão da energia limpa, a realidade demonstra que o território torna-se apenas palco de empreendimentos, como sinalizado no item 1. Aerogeradores e fazendas de placas solares se multiplicam, explorando as riquezas naturais da região, aproveitando a radiação intensa e os ventos constantes, mas sem distribuir de forma justa os benefícios gerados. Essa dinâmica predatória revela o risco de a transição reproduzir desigualdades históricas, em vez de promover justiça ambiental e social, transformando o Semiárido em território a ser explorado, e não em espaço de protagonismo. Além disso, a Caatinga — bioma exclusivamente brasileiro com singular biodiversidade e capacidade de sequestro de carbono — é frequentemente invisibilizada nas políticas nacionais e tratada como paisagem árida e improdutiva, apesar de ser vital para o enfrentamento da crise climática. Os empreendimentos, apresentados como sustentáveis, pouco dialogam com os povos que ali vivem.

3. 

Se o Semiárido carrega cicatrizes e se vê aprisionado em um labirinto de políticas fragmentadas, é também desse mesmo território que emergem as asas capazes de nos tirar da crise. São experiências que nascem de dentro, construídas por comunidades, movimentos sociais, empreendimentos solidários, comunidades quilombolas, universidades e instituições de ciência e tecnologia, e que oferecem ao mundo alternativas reais para enfrentar a crise climática. Essas práticas não são paliativos, mas sementes de futuro, que demonstram que o Semiárido é espaço de inovação e esperança.

Entre essas experiências, destacam-se as tecnologias sociais disseminadas pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e por diversas organizações comunitárias. A Agroecologia, ao promover sistemas agrícolas diversificados, adaptados às condições do Semiárido, rompe com a lógica da monocultura e da dependência de insumos externos, fortalece a soberania alimentar, protege a biodiversidade e constrói economias do bem viver. Universidades e institutos de pesquisa, como o INSA, têm se aproximado das comunidades, desenvolvendo projetos que integram pesquisa aplicada e participação social. São iniciativas que produzem indicadores sobre desertificação, biodiversidade e impactos socioeconômicos, mas que também fortalecem a capacidade das comunidades de enfrentar os desafios climáticos.

Nesse conjunto de experiências, ganha destaque o conceito de recaatingamento. Presente em políticas e práticas, o recaatingamento valoriza a restauração da vegetação da Caatinga e o enfrentamento da desertificação. É uma ação concreta, necessária, que busca recuperar áreas degradadas, fortalecer a resiliência do bioma e garantir serviços ecossistêmicos fundamentais. O recaatingamento é, portanto, um passo importante para reconstruir a vitalidade da Caatinga, para enfrentar as cicatrizes deixadas pela degradação e pelo desmatamento. Mas o que se propõe agora é ir além: transformar o recaatingamento em parte de um horizonte mais amplo, sintetizado no verbo Caatingar.

Caatingar não é apenas restaurar a mata. É espalhar o espírito da Caatinga. É integrar políticas e territórios, superando a fragmentação. É pertencer, reconhecendo a identidade do Semiárido e de seus povos. É escutar o território, valorizando seus saberes e práticas. É promover o bem viver, em harmonia com a natureza e com a cultura local. É transformar a Caatinga em laboratório vivo de soluções baseadas na natureza, mostrando ao mundo que o Semiárido é espaço de inovação e esperança. É verbo que nasce da gramática do povo em luta, das experiências catingueiras, e que se conecta com o esperançar, por exemplo, de Antônio Conselheiro, Paulo Freire, Nego Bispo, Patativa do Assaré. Não se trata apenas de esperar, mas de agir, de construir, de transformar. Caatingar é verbo de futuro, de utopia concreta, de esperança ativa.

A ideia-força de Caatingar dialoga com diferentes correntes críticas que tensionam o pensamento hegemônico contemporâneo: rompe com a monocultura do saber, reconhecendo que tecnologias sociais, agroecologia e saberes tradicionais são epistemologias válidas (epistemologias do sul); traduz a ideia de que não há um único mundo, mas muitos mundos possíveis, e que a Caatinga é um desses mundos, com suas cosmologias e práticas (pluriverso); e substitui o “desenvolver” por “bem viver”, e devolve protagonismo aos povos tradicionais e às epistemologias subalternizadas, descolonizando o olhar sobre o Semiárido (movimento decolonial).

Mas Caatingar não se limita a dialogar com essas correntes críticas. Ele carrega em si o inédito viável de Paulo Freire: a capacidade de imaginar e construir o que ainda não existe, mas que pode existir: a utopia concreta, a possibilidade de transformar o presente em futuro. Caatingar anuncia a possibilidade de construir políticas integradas, de promover justiça ambiental, de transformar cicatrizes em vitalidade. É ação que não se contenta com o que está dado, mas que busca o que pode ser criado: proclama que a esperança não é ilusão, mas força que move a história. É o princípio que nos impulsiona a buscar o que ainda não existe, mas que pode vir a existir.

4.

Assim, o Semiárido que se apresenta em Belém, na COP30, não é apenas um território de cicatrizes, mas um território de anúncio, esperança e inédito viável. A chave poética, política e pertencida dessa transformação está na Utopia da Asa Branca. A clássica canção de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira eternizou a dor da seca e a despedida forçada: "Inté mesmo a Asa Branca / bateu asas do sertão", simbolizando o êxodo, a ausência e o abandono histórico imposto pela crise socioambiental. No entanto, a verdadeira utopia reside na promessa de "A volta da Asa Branca" (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), que traz consigo o verde, a vida renovada e o florescer. Este retorno é mais do que um evento climático; é profundamente político e exige ação. Ele não se dá apenas pela chuva (o fator externo), mas pelas condições ativamente criadas por quem insiste em permanecer, resistir e reinventar o território. Caatingar é o verbo que materializa o compromisso desse retorno. É a ação potente que transforma a dor histórica em força transformadora, garantindo que o Semiárido deixe de ser palco de exploração para se tornar o protagonista de sua própria história, e que a promessa de vida da Asa Branca volte a cantar na Caatinga.

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