Abuso, o Vaticano contra a CEI: mas os bispos contestam os números

Foto: tzahiV/Unsplash

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17 Outubro 2025

Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores: "Na Itália, há resistência cultural para enfrentar esse flagelo."

A informação é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 17-10-2025.

O órgão do Vaticano para a prevenção de abusos sexuais critica a Igreja italiana, mas a Conferência Episcopal Italiana - CEI - contesta os números fornecidos. Em seu segundo relatório anual, publicado ontem, a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores relatou, com "pesar", que apenas 81 das 226 dioceses responderam ao questionário enviado por Roma. Mas a Conferência Episcopal Italiana (CEI) contestou os dados "completamente parciais" e "incompletos" fornecidos pelo Vaticano, alegando que foram "retirados de reuniões facultativas" em Roma. Argumentou que, em vez disso, 94,2% das dioceses responderam a uma revelação separada conduzida pela mesma conferência episcopal. A CEI também enfatizou seu compromisso com a formação, as investigações, a colaboração com instituições civis e seu serviço de prevenção "amplamente distribuído": "O relatório não contabiliza todo esse trabalho", afirmou em um comunicado. "Em todas as Igrejas locais, há uma firme consciência de que este é um processo imparável", garantiu o Cardeal Matteo Zuppi.

Luzes e sombras

A comissão do Vaticano, liderada pelo bispo francês Thibault Verny, nomeado por Leão XIV, não deixa de destacar "progressos significativos": "Ao longo dos anos, esforços consideráveis ​​foram feitos para desenvolver ferramentas e políticas abrangentes de prevenção e proteção". Mas, na extensa seção dedicada à Itália, o relatório do Vaticano destaca inúmeras deficiências. Há exemplos positivos, como a diocese de Bolzano, mas, afirma, "permanecem graves disparidades entre as diferentes regiões". A CEI "não possui um escritório centralizado para receber denúncias/queixas", e os bispos italianos deveriam "ampliar a colaboração formal com as autoridades civis", como promotores e autoridades policiais, e "promover e desenvolver o diálogo" com as vítimas. Uma preocupação particular são os "riscos associados a potenciais abusos sofridos" durante o período de treinamento passado em Roma: um flagelo que, em particular — embora o relatório não o declare explicitamente — afetaria jovens freiras da Ásia e da África.

Tabus e resistência cultural

Em última análise, a comissão do Papa "detecta uma resistência cultural significativa na Itália para abordar o abuso", afirma: "Tabus culturais podem dificultar" para as vítimas — que muitas vezes preferem ser chamadas de "sobreviventes" — e suas famílias "falar sobre suas experiências e denunciá-las às autoridades".

“Sem rodeios”

Em 2010, quando o escândalo de pedofilia do clero explodiu em muitos países europeus, o então "promotor de justiça" do antigo Santo Ofício, D. Charles Scicluna, disse em entrevista ao Avvenire que na Itália "até agora o fenômeno não parece ter proporções dramáticas, embora o que me preocupa seja uma certa cultura do silêncio que considero ainda muito difundida". Agora, a "resistência", especificou em entrevista coletiva o secretário do organismo, o bispo colombiano Luis Manuel Alí Herrera, está presente "na Igreja, mas também na cultura italiana" e consiste na dificuldade, relatada pelas vítimas que entraram em contato com a comissão, "em abordar essa situação de forma direta".

O relatório também destaca que, no Vaticano, a Propaganda Fide, o dicastério que supervisiona 1.124 dioceses na Ásia, África, Oceania e América Latina, recebeu apenas alguns relatos. Em geral, a Igreja global deve melhorar as sanções contra os abusadores e as formas de reparação, tanto financeiras quanto de outra natureza, para as vítimas.

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