10 Outubro 2025
Uma resolução da ONU para fornecer um mandato claro para a Força de Estabilização que intervirá após o cessar-fogo; a hipótese de participação ampliada de tropas italianas e europeias; e um cronograma mais detalhado sobre a retirada do exército israelense de Gaza e sobre quando a Autoridade Nacional Palestina assumirá um papel de controle. Com essas propostas, nascidas por iniciativa da França e do Reino Unido, Antonio Tajani voará hoje para Paris para a cúpula que estava inicialmente prevista para reunir apenas França, Itália, Alemanha e Reino Unido (o chamado formato E4) e o quinteto árabe (Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Catar e Egito).
A reportagem é de Ilario Lombardo, publicada por La Stampa, 09-10-2025.
O Ministro das Relações Exteriores francês também quis estender a participação à Turquia, Indonésia, Espanha, Canadá e à Alta Representante para as Relações Exteriores, Kaja Kallas. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, como anunciado inicialmente, não estará presente.
Segundo fontes francesas, o governo estadunidense mesmo assim estará representado. Uma presença é crucial porque as discussões se concentrarão no plano de Donald Trump. A presença de Rubio, em termos diplomáticos, teria tido um valor diferente: não está descartado, de fato, que a Casa Branca tenha se retirado para não se vincular excessivamente com os aliados na fase inicial de realização do plano, quando ainda estão em andamento as negociações com o Hamas. Essa decisão atende a postura mais desconfiada de Israel, que considerou a cúpula "inútil e prejudicial".
No entanto, os vazamentos e informações de bastidores das últimas horas sobre os presentes e os ausentes em Paris ilustram claramente o peso dos mandatos confiados à cúpula. As diplomacias europeias trabalham há dias para analisar os pontos fortes e fracos do plano, com uma série de integrações que serão levados à análise de Trump e que o La Stampa tem condições de antecipar.
A convicção geral é que o presidente dos EUA pressionará pela aprovação de Israel e do Hamas até o próximo fim de semana. Os Países árabes e de maioria muçulmana deixaram claro que apoiam as demandas do grupo terrorista palestino em relação às incertezas do pós-trégua, desde a administração da Faixa de Gaza até o desarmamento. O governo de Giorgia Meloni trabalhou com a Indonésia sobre a solução de dois Estados e pretende fazer parte do Conselho da Paz, que supervisionará o governo interino, composto por figuras palestinas não comprometidas com as lideranças políticas da Anp ou do Hamas.
O objetivo é definir melhor alguns aspectos da transição.
Por exemplo, está previsto o envio de uma Força Internacional de Estabilização (ISF), que será responsável por fazer respeitar os acordos. Isso inclui o controle de fronteiras, o treinamento das forças palestinas e o papel de amortecedor dentro da Faixa de Gaza. O governo italiano se juntará à França e ao Reino Unido na reivindicação de um mandato claro da ONU, com uma resolução do Conselho de Segurança que forneceria uma estrutura jurídica à missão militar e delinearia suas regras de engajamento. Uma decisão poderia ser difícil para Meloni, especialmente considerando o tratamento dado por Trump às Nações Unidas em seu discurso à Assembleia Geral da ONU no Palácio de Vidro, no final de setembro.
No executivo estão discutindo a possibilidade de enviar tropas, não apenas os Carabinieri — já amplamente anunciados — para colaborar com os palestinos. No entanto, os líderes militares querem avaliar melhor os riscos, inclusive considerando o pior cenário: caso os acordos não forem respeitados, se poderia voltar a combater.
Para esclarecer melhor sua contribuição, os países europeus levantarão a questão dos prazos. O plano não especifica quando as FDI deixarão a Faixa de Gaza, agora reduzida apenas a escombros, e quando os poderes passarão para a Autoridade Palestina. A ideia também é tentar entender melhor se e como os estadunidenses pretendem se comportar com Israel em relação à Cisjordânia, fragmentada pelos assentamentos ilegais dos colonos. Uma vez esclarecidos esses pontos, a Itália também poderia contribuir para os programas de desradicalização já implementados na Arábia Saudita pelo regime de Riad, na tentativa de reabilitar os jihadistas que abandonarem a luta armada. Um desafio bastante complexo, considerando os novos recrutas, endurecidos pela morte constante vivida nos últimos dois anos, que estão prontos para se juntar à guerra santa contra Israel.
Enquanto isso, a Itália já garantiu que continuará na frente do empenho humanitário, com "Food for Gaza" e "Health for Gaza", por meio de uma rede de instalações hospitalares na Jordânia e no Egito. A intenção é também envolver os empresários no esforço de reconstrução, a exemplo daquele da Ucrânia, a partir da Conferência que o Egito pretende organizar três semanas após o cessar-fogo.
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