A Igreja, mesmo na Europa, em breve terá que começar a confrontar o neocatolicismo nacionalista de fabricação americana", alerta Massimo Faggioli

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16 Setembro 2025

  • Kirk era um evangélico branco, mas não particularmente interessado na retórica nacional-religiosa, porém desde 2019 ele deu maior ênfase ao papel do cristianismo no projeto MAGA: um cristianismo cultural mais fundamentalista e militante do que o dos políticos 'cristãos' da Nova Direita Europeia.

  • Um cristianismo que rompe com o consenso da coexistência multirreligiosa e multicultural, adotando uma retórica acusada de antissemitismo e islamofobia.

  • Uma contrarrevolução dirigida contra a Igreja do Concílio Vaticano II, a Igreja dos direitos humanos, do diálogo judaico-cristão e inter-religioso, da solidariedade dentro da única família humana.

A informação é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 15-09-2025.

“A Igreja, também na Europa, em breve terá que começar a enfrentar esse neocatolicismo nacionalista feito nos Estados Unidos e ao qual Charlie Kirk soube falar”, argumenta Massimo Faggioli, professor de Eclesiologia no prestigiado Trinity College de Dublin, em artigo publicado em La Croix, analisando o assassinato em 10 de setembro do jovem influenciador evangélico, chave para a ascensão do voto jovem nas últimas eleições de novembro que deram a Donald Trump sua segunda vitória como presidente dos Estados Unidos.

“O clima de paranoia e ódio nacional está piorando, e cada ato de violência política aumenta a probabilidade do próximo, facilitando o estabelecimento (ou manutenção) de um estado policial”, afirma o autor do livro From God to Trump: Catholic Crisis and American Politics.

“Os Estados Unidos atravessam uma fase de violência e medo, inclusive em suas escolas, universidades e até mesmo em suas igrejas. O assassinato político de Charlie Kirk testemunha uma guerra civil 'fria' ou 'de baixa intensidade', e na história americana, toda guerra — e especialmente a guerra civil de 160 anos atrás — também foi uma guerra de teologias. Hoje, a transformação da extrema polarização política entre republicanos e democratas, iniciada na década de 1990, em uma série de atos violentos também é um problema religioso. E católico”, afirma Faggioli.

Kirk, lembra o professor italiano, “era um evangélico branco, mas não particularmente interessado na retórica nacional-religiosa”, porém “desde 2019 ele deu maior ênfase ao papel do cristianismo no projeto MAGA: um cristianismo cultural mais fundamentalista e militante do que o dos políticos 'cristãos' da Nova Direita europeia; um cristianismo que rompe com o consenso da coexistência multirreligiosa e multicultural, para adotar uma retórica frequentemente acusada — mesmo por figuras do conservadorismo americano clássico — de antissemitismo e islamofobia”.

Kirk, diz Faggioli, “foi o profeta mais influente — entre os jovens, mas não apenas entre eles — da Segunda Revolução Americana, que é o trumpismo”, “uma contrarrevolução religiosa, à qual as igrejas americanas, particularmente a Igreja Católica, estão lutando para responder: uma contrarrevolução dirigida contra a Igreja do Concílio Vaticano II, a Igreja dos direitos humanos, do diálogo judaico-cristão e inter-religioso, da solidariedade dentro da única família humana”.

A esse respeito, vale mencionar que em seu encontro no último sábado com o novo embaixador dos Estados Unidos na Santa Sé, "o Papa Leão enfatizou que nossas diferenças políticas nunca poderão ser resolvidas com violência e comunicou ao embaixador Burch que estava rezando pela viúva de Kirk e por seus filhos", segundo o relato da embaixada X.

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