28 Agosto 2025
O Padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família, a única igreja católica de Gaza, já havia declarado isso após as bombas israelenses atingirem a igreja em 17 de julho, matando três fiéis. Mas agora seu "não nos renderemos, não iremos embora" foi ecoado, com mais força ainda, pelo Patriarcado Latino e pelo Patriarcado Grego-Ortodoxo de Jerusalém. Em uma declaração conjunta, o Cardeal Pierbattista Pizzaballa e Teófilo III anunciaram ontem que "os religiosos, o clero e as freiras que pertencem ao complexo greco-ortodoxo de São Porfírio e ao complexo da Igreja Católica da Sagrada Família, onde atuam as Irmãs Missionárias da Caridade de Madre Teresa, decidiram permanecer na Cidade de Gaza e continuar a cuidar de todos aqueles que ali encontraram refúgio". Porque entre as pessoas que desde o início das hostilidades vivem nas duas igrejas há doentes, idosos, crianças até portadoras de deficiência, e pobres enfraquecidos pela guerra e pelas privações.
A informação é de Ester Palma, publicada por Corriere della Sera, 27-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Para eles, especialmente, "deixar a Cidade de Gaza e tentar fugir para o sul equivaleria a uma sentença de morte".
É por isso que os sacerdotes e as freiras decidiram permanecer em Gaza e continuar a "ajudar todos aqueles que confiam neles", explicam o Cardeal Pizzaballa e Teófilo. "Não sabemos exatamente o que acontecerá lá, não apenas para a nossa comunidade, mas para toda a população. Só podemos repetir o que já dissemos: não pode haver futuro baseado no aprisionamento, no deslocamento de palestinos ou na vingança." E acrescentam, citando o Papa: "Fazemos eco às palavras proferidas há poucos dias por Leão XIV: 'Todos os povos, mesmo os menores e mais fracos, devem ser respeitados pelos poderosos em sua identidade e em seus direitos, especialmente o direito de viver em suas próprias terras; e ninguém pode forçá-los ao exílio forçado.'"
Também citam o livro bíblico dos Provérbios: "Na vereda da justiça está a vida; e no seu caminho não há morte ", lembrando também os reféns israelenses, que estão mantidos em cativeiro há quase dois anos. "Não há razão", diz a declaração, "que justifique o deslocamento deliberado e forçado de civis. É hora de pôr fim a essa espiral de violência e guerra e priorizar o bem comum das pessoas. Já houve devastação suficiente nos territórios e nas vidas de tantas pessoas. Não há razão que justifique manter civis presos ou reféns em condições dramáticas".
"É hora que as famílias de todas as partes envolvidas, que sofrem há tanto tempo, possam iniciar caminhos de cura. Com igual urgência, apelamos à comunidade internacional para que aja para pôr fim a esta guerra sem sentido e destrutiva, e para que as pessoas desaparecidas e os reféns israelenses possam voltar para casa."
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