15 Agosto 2025
O Secretariado da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) adiou a reunião programada para ontem (14/8) sobre o problema dos altos preços de hospedagem em Belém para a COP30. O encontro deve acontecer na próxima semana, entre os dias 20 e 22. Este foi o 2º adiamento da conversa, marcada inicialmente para o último dia 11.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 15-08-2025.
Segundo o Valor, o novo adiamento se deu por problemas de agenda dos representantes dos cinco grupos regionais da ONU. Alguns deles ainda estavam em Genebra, na Suíça, no final das negociações do tratado global contra poluição plástica. Carta Capital e Poder 360 também repercutiram a notícia.
Como a Exame assinalou, os repetidos adiamentos da reunião sobre hospedagem evidenciam a sensibilidade do tema entre os países-membros da UNFCCC, especialmente as nações menos desenvolvidas. A questão gerou uma crise política para a presidência brasileira da COP30, colocando em risco os esforços diplomáticos do país para a conferência em Belém, agora ameaçada de esvaziamento.
O governo brasileiro encaminhou uma carta ao Secretariado da UNFCCC no começo desta semana reafirmando a disposição em realizar a COP30 na capital paraense, a despeito das cobranças pela mudança de sede por conta dos altos preços de hospedagem, revelou a Bloomberg.
“Não há local alternativo, pois a COP30 não será transferida de Belém”, afirma o documento, sob o argumento de que a cidade “já dispõe de número suficiente de leitos para acomodar todos os participantes esperados”. Folha e O Globo também repercutiram a informação.
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) também levantou esse argumento. “Segundo as informações responsáveis por essa área, existem os leitos. O que não está compatível são os preços. Há um esforço muito grande para que os preços se tornem compatíveis e justos. Não se pode ter um aumento da diária no volume em que foi aumentado”, disse, citada pelo g1. O Estadão também abordou a fala.
Já o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, aproveitou sua participação na reunião do Fórum Nacional de Governadores na última 4a feira (13) para fazer coro em favor da manutenção da conferência em Belém. Ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho, o diplomata reforçou a estratégia por trás da escolha, argumentando que a localização amazônica confere uma dimensão simbólica e diferenciada às negociações climáticas. Os governadores brasileiros expressaram seu apoio à realização da COP na capital paraense, como noticiaram Folha, g1, SBT e R7.
Em entrevista ao Capital Reset, a CEO da cúpula, Ana Toni, reconheceu o preço “muito, muito alto” das acomodações em Belém e informou da busca por soluções pela Casa Civil do governo federal, do governo do Pará e da prefeitura de Belém.
A integridade da informação sobre clima foi incluída na agenda de ação da COP30, algo inédito na história das conferências da UNFCCC. A presidência brasileira nomeou Frederico Assis como enviado especial para o tema. Em entrevista à Folha, Assis, no cargo desde maio, defendeu a regulação das redes sociais e disse estar em contato com as big techs para reduzir os danos da desinformação sobre a mudança climática. "Não podemos prescindir da existência delas, muito pelo contrário, elas estão no centro dessa discussão. O que não pode, me parece, é que a ganância de meia dúzia vá destruir o tecido social e colocar o planeta em risco", afirmou.
A ativista indígena Txai Suruí foi escolhida para o Grupo Consultivo da Juventude sobre Mudança Climática da ONU, informam Folha e g1. Ela é a única brasileira entre os 14 selecionados para aconselhar o secretário-geral da entidade, António Guterres. Walelasoetxeige Suruí, conhecida como Txai Suruí, tem 28 anos e nasceu em Rondônia. É filha do cacique Almir Suruí, liderança indígena reconhecida por sua atuação contra o desmatamento na Amazônia, e da indigenista Ivaneide Bandeira, fundadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, da qual Txai é coordenadora. Formada em Direito, Txai foi a primeira mulher de seu Povo a concluir o curso. Há cerca de três anos, fundou o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia.