04 Julho 2025
O comentário é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10,1-12.17-20, que corresponde ao 14º Tempo Comum ciclo C do Ano Litúrgico, publicado por Religión Digital, 30-06-2025.
Muitas vezes, entendemos o ato de evangelizar de forma excessivamente doutrinária. Levar o Evangelho significaria tornar a doutrina de Jesus conhecida por aqueles que ainda não a conhecem ou a conhecem apenas superficialmente.
Se entendermos as coisas dessa maneira, as consequências são óbvias. Acima de tudo, precisaremos de "meios de poder" para garantir a difusão da nossa mensagem contra outras ideologias, modas e correntes de opinião. Além disso, serão necessários cristãos bem treinados, versados na doutrina e capazes de transmiti-la de maneira persuasiva e convincente. Também precisaremos de estruturas, técnicas e pedagogias adequadas para disseminar a mensagem cristã.
Em última análise, o número de pessoas treinadas que, com os melhores meios, consigam convencer o maior número de pessoas será importante. Tudo isso é muito razoável e, sem dúvida, incorpora grandes valores. Mas quando nos aprofundamos um pouco mais nas ações de Jesus e em sua ação evangelizadora, as coisas mudam consideravelmente.
O Evangelho não é apenas ou principalmente uma doutrina. O Evangelho é a pessoa de Jesus: a experiência humanizadora, salvadora e libertadora que começou com ele. Portanto, evangelizar não é simplesmente difundir uma doutrina, mas tornar presente o poder salvador da pessoa de Jesus Cristo no próprio coração da sociedade e da vida. E isso não pode ser feito de qualquer maneira.
Para tornar presente esta experiência libertadora, os meios mais adequados não são os do poder, mas os meios pobres que o próprio Jesus utilizou: a solidariedade amorosa com os mais abandonados, o acolhimento de cada pessoa, a oferta do perdão de Deus, a criação de uma comunidade fraterna, a defesa dos últimos...
Portanto, o importante é ter testemunhas cujas vidas revelem o poder humanizador de Jesus quando assumidas com responsabilidade. A formação doutrinária é importante, mas somente quando promove uma vida mais evangélica.
O testemunho tem primazia absoluta. As estruturas são necessárias justamente para sustentar a vida e o testemunho dos seguidores de Jesus. Portanto, o mais importante não é o número, mas a qualidade da vida evangélica que uma comunidade pode irradiar.
Talvez devêssemos ouvir mais atentamente as palavras de Jesus aos seus mensageiros: "Não levem bolsa, nem alforje, nem sandálias". Levem o meu Espírito com vocês.