13 Junho 2025
O conselho do Banco Mundial concordou em acabar com uma proibição de longa data da instituição ao financiamento de projetos de energia nuclear em países em desenvolvimento. Segundo o presidente do banco, Ajay Banga, a medida é parte de um esforço mais amplo para atender às crescentes necessidades de eletricidade.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 12-06-2025.
Em um e-mail dirigido aos funcionários do Banco Mundial na 4ª feira (11/6), Banga disse que a instituição “começará a reingressar no espaço da energia nuclear” em parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU que trabalha para prevenir a proliferação de armas nucleares, informam Financial Times, Reuters e Folha. “Apoiaremos esforços para estender a vida útil de reatores em países que já os possuem, e ajudaremos a apoiar melhorias na rede elétrica e na infraestrutura”, diz o e-mail.
Com a mudança, o banco segue as posições dos Estados Unidos de Donald Trump [ele está preocupado com a competição das indústrias atômicas da China e da Rússia] e do novo governo da Alemanha, que antes se opunha ao financiamento da energia atômica devido à oposição política doméstica. Também faz parte de uma estratégia mais ampla para enfrentar a expectativa de duplicação da demanda de eletricidade no mundo em desenvolvimento até 2035. Apesar dos imensos riscos, como provam os acidentes em Chernobyl e Fukushima, a energia nuclear é defendida como alternativa para a redução das emissões da geração elétrica, em substituição a térmicas a combustíveis fósseis.
Atender a essa demanda exigiria que o investimento anual em geração, redes e armazenamento aumentasse de US$ 280 bilhões hoje para US$ 630 bilhões, disse Banga no memorando. O documento afirma que o investimento do setor privado é essencial, mas as empresas precisariam de apoio do banco, incluindo ferramentas como garantias e capital próprio.
A proibição ao financiamento a projetos de energia nuclear está formalmente em vigor desde 2013, mas a última vez que o Banco Mundial financiou um projeto do tipo foi em 1959, na Itália, lembra o New York Times. Nas décadas seguintes, alguns dos principais financiadores do banco, especialmente a Alemanha, se opuseram a financiar a energia nuclear, alegando que o risco de acidentes catastróficos em países pobres com menos experiência na tecnologia era inaceitavelmente alto.
A Westinghouse negocia com autoridades do governo dos EUA a implantação de dez grandes reatores nucleares, buscando um papel na ambição de Trump de reforço à capacidade de geração nuclear dos EUA, informou o Financial Times em matéria repercutida por Bloomberg e CNBC. Os projetos poderiam custar US$ 75 bilhões, informou o jornal, citando estimativas do banco de investimentos TD Cowen, excluindo potenciais atrasos ou estouros de orçamento.