06 Junho 2025
A deportação de imigrantes indocumentados, aplicada pelo governo de Donald Trump, traz sérios problemas a países da América Central, onde os voos procedentes dos Estados Unidos desovam os indesejados. Igrejas e organismos eclesiais têm se envolvido na recepção dessas pessoas que, em muitos casos, não podem voltar a seus países de origem por medidas de segurança.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Um grupo de imigrantes enviado ao Panamá, integrado por etíopes e eritreus fugindo da guerra, além de paquistaneses, chineses e iranianos, foi deixado na Cidade do Panamá em fevereiro. O governo panamenho, sem saber como proceder com o grupo, enviou-o para um abrigo na selva, onde as condições de vida são mínimas, relata o pastor Gustavo Gumbs, da Migrant Aid Foundation para o portal ProtestInfo, da igreja suíça.
Outro grupo de paquistaneses, camaroneses e nigerianos recebeu prazo até este mês para deixar o país. “Eles foram abandonados na capital, sozinhos, sem falar espanhol e sem ter onde ficar. Improvisamos acomodações no ginásio de uma escola”, conta Gumbs ao repórter Eduardo Campos Lima. Atualmente, o UNICEF abriga 22 imigrantes, a Fundação Caritas outros dez e 47 estão no ginásio escolar.
O desafio, destaca a freira scalabriana Lígia Ruiz, da Pastoral da Mobilidade Humana da Arquidiocese do Panamá, é encontrar países dispostos a acolher pessoas deportadas. “É muito difícil para essas pessoas retornarem ao seu país”, assinala.
Ela menciona o drama de um profissional de tecnologia da informação, 29 anos de idade, nascido em Cabul. Ele não quer se identificar para evitar problemas à família, que é da minoria étnica hazara, discriminada pelo Talibã, predominantemente pashtun, e que continua residindo no Afeganistão.
Ele deixou o país em 2022, e chegou aos Estados Unidos depois de passar pelo Paquistão, Irã, Catar, Brasil e pegar a rota latino-americana. Desembarcou na Califórnia em 4 de fevereiro e foi imediatamente preso e enviado para um centro de detenção. “Não me perguntaram nada, meus motivos para estar lá, meus problemas. Simplesmente me prenderam e me deportaram depois de alguns dias”, alega. O governo panamenho “não quer que fiquemos aqui. Ainda não sei o que fazer”.
Também Honduras conta com o apoio de redes cristãs unidas na organização “Como Nacidos entre Nosotros”. O pastor Cesar Ramos, da Ação Menonita de Ação Social, cita que eles procuram, “com nossas limitações”, ajudar as pessoas que chegam aqui sem qualquer possibilidade de continuar sua jornada ou se reintegrar à sociedade hondurenha. Ele explica as razões:
- Nos Estados Unidos, um imigrante sem documentos ganha dez vezes mais do que o salário-mínimo hondurenho. A situação aqui é muito difícil em termos de emprego e segurança.