16 Mai 2025
"Deixem-no respirar, ainda é muito cedo, ele acabou de ser eleito e ainda há muitas coisas a fazer. A questão do Oriente Médio está aí, talvez até uma visita. Há muitos ritos nestes dias, ele precisa organizar sua vida. Uma vez resolvido, também poderemos discutir aspectos menores, mas certamente não menos importantes". Foi assim que o Cardeal Pierbattista Pizzaballa respondeu aos jornalistas que lhe perguntaram se o Papa Leão, como seu antecessor Francisco fazia quase diariamente, telefonou para a paróquia de Gaza.
A entrevista é de Nello Del Gatto, publicada por La Stampa, 14-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Patriarca de Jerusalém, retornando do conclave, encontrou-se com os jornalistas.
Algo mudará com a chegada de Leão XIV em relação às relações com Israel, dadas as posições do Papa Francisco?
O presidente de Israel estará presente no domingo em Roma na missa que marca o início de seu pontificado. Ele representa todo o povo israelense; interpreto isso como um desejo de manter e melhorar as relações. A diplomacia nunca parou de funcionar. Vejo na participação do presidente um desejo de manter essas relações vivas. Agora é muito cedo para ver o que acontecerá. Estou certo de que há, de ambos os lados, o desejo de melhorar as relações para o bem de todos. A continuidade é tão importante quanto a diversidade. Cada um tem seu próprio estilo e personalidade. O diálogo com o mundo judaico é tão importante quanto com outras religiões e é parte integrante da vida da Igreja. 'Nenhuma religião é uma ilha'.
Enquanto isso, em Gaza a situação é difícil.
É uma situação inaceitável. Não aceitamos e não compreendemos o uso da fome como arma. Pedimos a todos aqueles que têm o poder que ponham fim a isso e ao conflito. A fome não levará ao fim da guerra, só a agravará, e não é aceitável do ponto de vista humano e ético. Não tenho palavras para expressar uma situação tão grave como essa. Acho inconcebível que chegue a esse ponto. Os habitantes de Gaza vivem em condições absurdas e impossíveis, tendo perdido tudo. Não sabem hoje o que farão amanhã, estão sendo deslocados o tempo todo.
O que pode ser feito?
É hora de virar a página. Vimos como a opção militar não resolve nada, a solução só pode ser política. Espero que a atual visita de Trump possa trazer desdobramentos positivos e diferentes nessa solução tão dolorosa e que se possa abordar a situação em Gaza com determinação, em primeiro lugar do ponto de vista humanitário, porque o que estamos assistindo é inconcebível, e que se ponha um fim a essa guerra que já dura há tempo demais. Esse conflito, que se manterá de qualquer forma, precisa de interlocutores sérios e credíveis que saibam resolver os problemas não com armas, mas com o diálogo político, religioso e econômico.