13 Mai 2025
Segundo dados divulgados pelo IBGE, 56,57% da população quilombola reside em áreas rurais
A reportagem é de Marihá Maria, publicada por Sul21, 10-05-2025.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira (9), um novo recorte do Censo Demográfico 2022 com foco na população quilombola. A publicação “Censo 2022: Quilombolas – Principais características das pessoas e dos domicílios, por situação urbana ou rural do domicílio”, aponta que a maior parte da população quilombola do Rio Grande do Sul reside em áreas rurais.
Com 17.552 pessoas autodeclaradas quilombolas, o estado possui a maior população quilombola da região Sul do Brasil. Deste total, 56,57% (9.930 pessoas) vivem em áreas rurais, enquanto 43,43% (7.622) estão em áreas urbanas. O RS apresenta um índice de quilombolas em áreas urbanas superior à média nacional, que é de 38,29%. Já a proporção em áreas rurais é menor que a do país, que é de 61,71%.
A maioria dos quilombolas gaúchos, 85,09%, vive fora de territórios quilombolas. Entre esses, 54,07% estão em áreas rurais, enquanto os demais, 45,93%, vivem em áreas urbanas. Já entre aqueles que residem dentro dos territórios, 70,84% também estão no meio rural. O perfil etário reforça a concentração rural. A maior parte dos jovens entre 15 e 29 anos, assim como os idosos com 60 anos ou mais, vive em áreas rurais, tanto dentro quanto fora de territórios quilombolas.
A população quilombola do RS apresenta uma idade mediana de 35 anos e um índice de envelhecimento de 82,69, ambos inferiores aos da população total do estado. A população quilombola que ocupa as áreas urbanas e dentro de territórios, apresenta idade mediana de 34 anos e índice de envelhecimento de 77,92, indicando uma população mais jovem nessas áreas
O Censo também apresenta dados referente à taxa de alfabetização e analfabetismo da população. No estado, a taxa de alfabetização da população quilombola é de 90,26%, abaixo da média estadual de 96,89%. Na situação rural as taxas são ainda menores, fora dos territórios é registrado 87,54% e dentro dos territórios 87,13%. A taxa de analfabetismo dos quilombolas nas áreas rurais (12,54%) é o dobro que nas áreas urbanas (6,10%) e três vezes maior do que no total da população gaúcha (3,11%).
Quanto ao registro de nascimento, no RS, entre a população quilombola, 99,78% das crianças de até cinco anos de idade foram registradas em cartório. As crianças quilombolas sem registro de nascimento eram apenas 2 (0,15%).
Os dados destacam as principais características dos domicílios com ao menos um morador quilombola, considerando áreas urbanas e rurais. Ao todo, somando moradias dentro e fora de territórios quilombolas, a média foi de 2,8 moradores por domicílio, número inferior à média nacional, que é de 3,17 moradores.
A principal fonte de abastecimento de água é a rede geral, presente em 58,81% dos domicílios quilombolas do estado. No entanto, o número varia conforme a localização: nas áreas urbanas fora dos territórios, o índice chega a 93,30%, enquanto nas zonas rurais cai para 36,11%. Sobre os banheiro, as menores proporções de moradores quilombolas com banheiro de uso exclusivo no domicílio estão entre moradores quilombolas nas áreas rurais (96,30%) e nos territórios em situação rural (97,83%).
O Censo também contabilizou que, entre janeiro de 2019 e julho de 2022, ocorreram 584 óbitos em domicílios particulares com pelo menos um morador quilombola e a maioria ocorrido na área rural, com o registro de 323 óbitos, e fora de território quilombolas, com 266 óbitos.