11 Abril 2025
- O superior geral dos jesuítas também reconheceu a "cegueira" da ordem durante décadas em relação ao caso Rupnik, já que a primeira denúncia foi feita há mais de trinta anos e o escândalo em torno de suas ações só veio à tona no fim de 2022.
- "Essa comunicação, essas cartas, foram feitas com essas pessoas, nas quais primeiro pedimos desculpas pelos erros que também cometemos", enquanto "neste momento, algumas respostas foram recebidas, e estamos nessa fase".
A reportagem é publicada por Religión Digital, 11-04-2025.
Arturo Sosa, superior geral da Companhia de Jesus, ordem da Igreja Católica à qual pertencia o padre Marko Rupnik, disse nesta quinta-feira em Roma que considera oportuno o diálogo com os fiéis e as vítimas que levou à cobertura dos mosaicos feitos pelo padre esloveno no santuário de Lourdes (França), acusado de cometer abusos de poder e sexuais contra várias freiras.
"O bispo de Lourdes realizou um longo processo de discernimento com o povo, com a comunidade local, com as vítimas", e "este é o caminho que eu recomendaria", disse Sosa, quando questionado em uma coletiva da Associação de Jornalistas Estrangeiros em Roma sobre o que deveria ser feito com os mosaicos e obras de arte de Rupnik, que estão presentes em igrejas ao redor do mundo.
No entanto, esclareceu Sosa, cada contexto pode ser diferente, e as decisões a serem tomadas em relação a ele podem variar.
No caso de Lourdes, a primeira coisa que fizeram foi parar de iluminar os mosaicos até que eles estivessem finalmente cobertos, explicou Sosa, que argumentou que "não há uma regra única, mas depende do dano que a presença das obras pode causar" às vítimas e ao público.
O superior geral dos jesuítas também reconheceu a "cegueira" da ordem durante décadas em relação ao caso Rupnik, já que a primeira queixa foi apresentada há mais de trinta anos e o escândalo em torno de suas ações só veio à tona no fim de 2022, colocando em questão a forma como a Companhia de Jesus lidou com esses assuntos.
O suposto abuso sexual remonta ao início da década de 1990 e envolveu suposto abuso psicológico e sexual de freiras da comunidade eslovena Loyola, em Liubliana, fundada por um religioso de quem Rupnik era amigo e pai espiritual.
Este jesuíta é mundialmente conhecido por seus mosaicos, como os que adornam uma capela no Palácio Apostólico (Vaticano), o Mosteiro de Santo Domingo de la Calzada e a Catedral de Almudena (Madri).
Segundo Sosa, os jesuítas receberam até agora cerca de trinta denúncias e enviaram cartas às vítimas para pedir perdão.
"Essa comunicação, essas cartas, foram feitas com essas pessoas, nas quais primeiro pedimos desculpas pelos erros que também cometemos", enquanto "neste momento, algumas respostas foram recebidas, e estamos nessa fase", comentou Sosa.
Ele também enfatizou que, como Rupnik não é mais membro da Companhia de Jesus, "porque não cooperou com o processo de guarnição", as queixas são encaminhadas ao Dicastério para a Doutrina da Fé, o órgão vaticano encarregado das investigações e procedimentos canônicos relacionados ao caso de Rupnik.
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