Zelensky diz que não vai entregar usinas ucranianas aos EUA

Volodymyr Zelensky | Foto: Global Look Press

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21 Março 2025

Um dia após receber uma proposta do presidente americano Donald Trump para entregar as usinas de energia de seu país aos Estados Unidos, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, descartou a ideia nesta quinta-feira (20/03), alegando que a infraestrutura pertence ao povo ucraniano.

A reportagem é publicada por DW, 20-03-2025.

"Não vamos discutir isso. Temos 15 usinas nucleares em operação hoje. Tudo isso pertence ao nosso Estado", afirmou Zelensky a jornalistas durante viagem a Oslo, na Noruega.

Segundo o presidente ucraniano, Trump e ele teriam conversado apenas sobre Zaporíjia, que está sob controle da Rússia desde o início do conflito, em 2022. O líder ucraniano sinalizou disposição de discutir um acordo nesse caso, mas negou que a questão de "propriedade" tenha sido abordada.

"O presidente [Trump] me perguntou se a percepção era de que os EUA poderiam restaurá-la, e eu disse que sim, se pudermos modernizá-la, investir dinheiro. Se eles quiserem pegar de volta dos russos, se quiserem modernizá-la, investir – essa é uma questão diferente, é uma questão em aberto, podemos conversar a respeito."

Na quarta-feira, Trump havia dito a Zelensky por telefone que os EUA poderiam ser "muito úteis em administrar as fábricas" e que torná-las "propriedade americana" poderia ser a melhor forma de protegê-las, segundo um comunicado da Casa Branca divulgado após a conversa.

Zelensky afirma que levaria dois anos e meio para restaurar Zaporíjia, a maior usina nuclear da Europa. "Vamos entregá-la aos EUA com base em quê? Eles vão comprá-la? Vão assumi-la como uma concessão?", indagou uma fonte do governo de Kiev citada pela agência Reuters, dizendo haver "muitas perguntas" em aberto.

A retomada de Zaporíjia – que antes da guerra gerava 20% da energia ucraniana – poderia fazer diferença na rede de energia não só ucraniana quando em toda a Europa Central, segundo o analista de energia ucraniano Oleksandr Kharchenko. Até agora, Moscou não teria conseguido conectar a usina à rede de energia russa, deixando-a ociosa.

Negociações por cessar-fogo parcial

O telefonema entre Trump e Zelensky ocorreu como parte das tratativas para fazer avançar um acordo de cessar-fogo parcial entre Ucrânia e Rússia, que prevê a suspensão, por 30 dias, de ataques à infraestrutura de energia.

Segundo Zelensky, negociadores de EUA e Ucrânia devem se encontrar na próxima segunda-feira na Arábia Saudita para continuar as conversas, que ele quer que incluam ainda uma trégua nos ataques à infraestrutura portuária e ferroviária. Na sequência, representantes da Casa Branca devem sentar-se com Moscou. Russos e ucranianos, por ora, não estarão à mesma mesa.

Originalmente, a Ucrânia havia concordado com um cessar-fogo incondicional de 30 dias, conforme proposto pelos EUA. A proposta acabou descartada diante das objeções de Vladimir Putin.

Na União Europeia, líderes do bloco reunidos nesta quinta-feira em Bruxelas, Bélgica, criticaram o ritmo das negociações por um cessar-fogo e duvidaram de que a Rússia esteja sinceramente interessada em baixar as armas – como também crê Zelensky.

O bloco aprovou a liberação de mais 1 bilhão de euros em empréstimos à Ucrânia. A verba deve ser empregada, entre outros fins, na reconstrução da infraestrutura destruída por bombardeios russos.

O dinheiro é parte de uma iniciativa dos países do G7 que prevê uma ajuda total de cerca de 45 bilhões de euros à Ucrânia até 2027, sendo 18,1 bilhões de euros bancados pela UE. Até agora, o bloco repassou efetivamente cerca de 4 bilhões de euros a Kiev. As dívidas serão quitadas com os rendimentos dos juros de ativos russos congelados na UE.

Ucrânia ataca base de bombardeiros nucleares da Rússia

Também nesta quinta-feira, drones ucranianos conseguiram quebrar as linhas de defesa aérea russas, atingindo o aeródromo Engels, que abriga bombardeiros nucleares, a cerca de 700 quilômetros de distância das linhas de combate e a 14 quilômetros ao leste da cidade de Saratov.

Segundo a agência Reuters, vídeos mostram uma enorme explosão no aeródromo, com a destruição de construções próximas. Em outra gravação, veem-se uma enorme coluna de fumaça se elevando no céu e um incêndio. A base abriga bombardeiros Tupolev Tu-160, capazes de carregar armas nucleares.

O governador da região de Saratov, Roman Busargin, confirmou que um ataque de drones ucranianos havia deixado um aeródromo em chamas, e que a população local precisou ser evacuada.

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