13 Março 2025
Um dos últimos cardeais criados por Francisco, o argentino Vicente Bokalic destaca uma das facetas do fator "latino-americano" do Pontífice, a 12 anos de sua eleição.
O artigo é de Vicente Bokalic, publicado por Religión Digital, 12-03-2025.
Vicente Bokalic Iglic C.M. (nascido em 11-06-1952) é um bispo argentino. Ele liderou a Diocese de Santiago del Estero como bispo de 2013 a 2024 e, em seguida, tornou-se seu primeiro arcebispo quando a diocese foi elevada ao status de arquidiocese em 22-07-2024, recebendo também o título de "Primaz da Argentina". Foi nomeado cardeal em 07-12-2024. Foi bispo auxiliar de Buenos Aires de 2010 a 2013, enquanto seu arcebispo lá era o Cardeal Jorge Bergoglio, o futuro Papa Francisco.
A 12 anos da eleição do papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano, recordamos sua incessante aposta pela piedade ou religiosidade popular, uma característica do povo de Deus na América Latina que expressa uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer, e que é capaz de generosidade e sacrifício até o heroísmo quando se trata de manifestar a fé.
Esta é uma das expressões do papa falando da religiosidade popular e é uma das grandes contribuições de seu magistério universal, baseada em sua experiência de pastor na Igreja argentina e latino-americana. Essa experiência de fé simples, do povo comum e corrente, daqueles que às vezes não têm tanta participação na vida eclesial, mas que expressam sua fé por meio de manifestações como as peregrinações, nas novenas patronais, onde se vê seu amor por Jesus Cristo. Esta é uma das características e notas que o magistério do papa Francisco, que desde seus caminhos de pastor em nossas terras, também conseguiu universalizar no magistério eclesial.
Esta é uma característica muito forte do nosso ser cristão: viver profundamente essa experiência da piedade dos nossos povos simples e acompanhados pelos pastores na expressão da fé e no amadurecimento da fé na vida cotidiana: este é um dos aportes que nos ajudou a revalorizar esses tesouros que temos nas Igrejas e que não podemos esquecer, porque é a partir daí que se constrói o ser cristão e os cristãos comprometidos com a sociedade.
E o Papa nos ajudou muito nisso, desde sua experiência na Conferência do Episcopado Latino-americano em Aparecida, evento ocorrido em 2007, a valorizar, aumentar, estar perto de todas essas expressões, porque esse é o nascimento da vida cristã de nossos povos.
Assim, entre seus aportes para a América Latina e a partir da América Latina, sempre baseado em Aparecida, encontramos como uma fortaleza de seu pontificado todo o desenvolvimento que ele fez sobre a religiosidade popular, à qual deu um grande apoio ao globalizá-la em Evangelii gaudium. Fortalece ali essa ideia de revalorizar, levar em conta e cuidar dessas expressões de religiosidade ou piedade popular de nossos povos.
A “forma” da Evangelii gaudium está muito embebida em um ponto extremamente relevante da sua “substância” comunicativa: [...]
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