20 Fevereiro 2025
O Papa já tinha pneumonia quando chegou ao Gemelli ou ela só foi descoberta depois? As terapias no Vaticano o enfraqueceram? O que sabemos e o que não sabemos.
A reportagem é de Michele Bocci, publicada por Repubblica, 20-02-2025.
Uma situação complexa, um Papa idoso que já teve problemas de saúde, em muitos casos nas vias respiratórias. O Vaticano relatou na terça-feira que as condições estavam piorando, com a infecção se espalhando para os pulmões. Além das notas oficiais, no entanto, muitos aspectos permanecem obscuros, como aqueles relacionados aos tratamentos, ao diagnóstico e ao atual estado de saúde do Santo Padre. É muito difícil dizer hoje quanto tempo levará para ele se recuperar.
O primeiro elemento sobre o qual há pouca informação diz respeito à cortisona. O Papa tomou antes de ser internado, mas por quanto tempo? O medicamento foi administrado quando a bronquite foi tratada em casa ou até antes, já que Francisco sofre de problemas crônicos? "Quem está cronicamente sob cortisona tem uma vantagem na reação inflamatória, que é menos potente, mas também uma maior facilidade de contrair infecções, porque sua resposta imunológica é suprimida. Isso obviamente também pode dificultar a erradicação farmacológica da infecção", diz Nicola Montano, professor em Milão e presidente da Sociedade Italiana de Medicina Interna. "Obviamente, para entender o papel do medicamento, devemos saber por que ele tomou a cortisona e as dosagens", conclui Montano.
Os médicos, disse o Vaticano, mudaram a terapia inicial duas vezes entre sexta e terça-feira. Por que foram feitas três escolhas farmacológicas diferentes? É provável que antibióticos de amplo espectro tenham sido usados imediatamente após a admissão. "Isso é normal depois de entrar no hospital, quando você espera pelos resultados dos testes", diz Gianni Rezza, um especialista em doenças infecciosas anteriormente no Istituto Superiore di Sanità e no Ministério da Saúde e agora em San Raffaele. "Quando os testes dizem qual microrganismo é responsável pela infecção, o medicamento é trocado". Mas a segunda terapia adotada pelo Papa não foi a definitiva. Na terça-feira, de fato, o tratamento mudou novamente. "É possível que outra bactéria tenha sido identificada", explica Rezza, "mas também existe a possibilidade de que a terapia não tenha produzido uma boa resposta contra essa bactéria e, portanto, tenha sido decidido trocar o medicamento". Pode haver um problema de resistência aos antibióticos, também relacionado aos medicamentos tomados antes da hospitalização.
O Vaticano falou inicialmente de bronquite. Nos dias seguintes, ele se referiu apenas a uma infecção respiratória e na terça-feira revelou que os exames confirmaram pneumonia bilateral. Então a patologia explodiu quando você estava no hospital? "É possível que nada estivesse visível nas imagens dos exames feitos na sexta-feira", diz Francesco Blasi, professor de pneumologia em Milão: "Talvez — continua Blasi — a pneumonia já estivesse lá de uma forma menos evidente. Entretanto, não sabemos neste momento se ambos os lóbulos estão completamente envolvidos e quão grandes são os dois focos. O tratamento, no entanto, é o mesmo da bronquite". Já no domingo, 9, o Papa teve problemas para ler a homilia. A hospitalização ocorreu após 5 dias, tarde demais? Mesmo para responder a essa pergunta, faltam elementos, como a extensão da pneumonia.
Ainda faltam dias de internação do Papa. Quantos? É impossível dizer agora. “A pneumonia sem cuidados intensivos requer uma internação hospitalar de pelo menos 7 a 10 dias”, diz Niccolò Marchionni, presidente da Sociedade Italiana de Cardiologia Geriátrica. No entanto, o tempo para Francisco pode ser muito mais longo. "Certamente teremos que pensar em reabilitação. Em cerca de dez dias de internação, o idoso frágil perde alguns quilos de massa magra. É por isso que a reabilitação é necessária. A pulmonar, que envolve exercícios respiratórios, e a que envolve atividade física". Leva pelo menos dois meses para voltar aos trilhos.