11 Janeiro 2025
“O mundo colapsa porque tudo está à venda, porque tudo é mercado”, escreve Sandra Petrovich, artista plástica, poeta e ativista social uruguaia, em artigo publicado por Desinformémonos, 10-01-2025. A tradução é do Cepat.
O mundo capitalista implode porque a ideia de desenvolvimento e progresso carrega em seu interior o colapso, pela quantidade, velocidade, expansão, acumulação, posse, dominação.
Avanços em muitos campos, como na ciência, significaram maior bem-estar para milhões de seres humanos, mas esses mesmos avanços também destruíram e destroem vidas, por exemplo, com as guerras.
Chegou-se ao capitalismo com a indústria, hoje, toda indústria polui o ar, a terra, a água.
O mundo capitalista implode com o turismo em massa a nível global. O mundo se torna cada vez menor, fragmenta-se, inunda-se, desmorona-se, torna-se deserto.
Há dilúvios em todas as partes, os gelos derretem, desaparecem. Chamam isto de mudança climática.
O capitalismo implode pelo excesso de atividade. A indústria do entretenimento vem para preencher um vazio existencial. As atividades culturais e artísticas estão dominadas pelo performático, o hiperprodutivo e o exibicionismo. A ansiedade reivindica distração, diversão.
O capitalismo implode porque o que está produzindo é lixo. Há um vírus mortal, que é o consumismo. Este não é contido apenas com mais contêiners, mas com o consumo de apenas o estritamente necessário para viver.
A humanidade colapsa pela indústria da guerra, que além de morte, provoca fome em milhões de seres humanos.
Tanto desenvolvimento e tanta atividade produzem estresse. Isto leva à depressão e à violência.
O mundo colapsa porque tudo está à venda, porque tudo é mercado.
O mundo colapsa, o genocídio em Gaza não é virtual, é uma realidade que não deveria ser tolerada.
“A mãe dos bebês não consegue amamentá-los porque está gravemente desnutrida e tem hipertensão. Por isso, os dois pesam 1,6 kg. ‘Comemos apenas uma vez por dia e fazemos isto em um dos centros de distribuição gratuita de alimentos. Uma das minhas filhas tem o trauma de olhar para a areia porque come Dugga há 14 meses. Não temos comida, nem água, nem roupas, nem remédios. Literalmente nada. Minha tenda foi inundada pela chuva e levada pelo vento. E eu só espero a morte do meu outro bebê. Não consigo suportar tanta angústia’”, declarou ao Drop Site News.
O mundo colapsa porque simplesmente não paramos para contemplar o estado do mundo; ficamos cegos. O véu que oculta tudo são os grandes meios de comunicação.
O excesso de comunicação traz como consequência a incomunicabilidade e os smartphones são os objetos através dos quais sofremos mutações. Nossos corpos submetidos às telas estão desaparecendo. Perdeu-se a capacidade de pensar. A este respeito, Miguel Benasayag nos diz: “rompem-se os laços”, razão pela qual “funcionamos cada vez mais isolados”. Para o poder, “não conseguirmos nos organizar é um presente”. Os poderosos viram como podem se fazer obedecer isolando a todos, cada um diante de sua tela, com total impotência”.
É necessário despertar para pensar o “fazer”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Um mundo à venda, um mundo colapsando - Instituto Humanitas Unisinos - IHU