10 Janeiro 2025
No futuro, entre os bispos e os cardeais da linha de frente do Vaticano, haverá também uma mulher: a irmã Simona Brambilla foi nomeada prefeita pelo Papa. Um passo histórico, segundo Roland Müller – e outros mais podem seguir.
A reportagem é de Roland Müller, publicada por Katolisch.de, 08-01-2024.
É uma decisão histórica do Papa: na segunda-feira, o Vaticano anunciou que a irmã Simona Brambilla será, a partir de agora, prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Pela primeira vez, uma mulher está à frente de um dos departamentos vaticanos, que são comparáveis a ministérios. Com a nomeação da primeira "ministra", o Papa avança ainda mais na reforma da Cúria, que em 2022 alcançou um marco significativo com a Praedicate Evangelium. Nesse documento, Francisco abriu a possibilidade de mulheres ocuparem posições de destaque no Vaticano – cargos que, com frequência, são ocupados por homens em vestes cardinalícias. Agora, Brambilla se encontra nesse espaço, sendo atualmente a mulher mais poderosa da Igreja Católica.
Sua nomeação como prefeita foi uma decisão cuidadosamente preparada: desde 2019, Brambilla faz parte do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Em outubro de 2023, o Papa a nomeou secretária, tornando-a a segunda pessoa mais poderosa do departamento vaticano. Como ex-superiora-geral de sua congregação, a religiosa também entende bem o que as diversas comunidades religiosas esperam do trabalho do dicastério. Ela foi a escolha perfeita para acrescentar ao pontificado de Francisco, após a reforma da Cúria e a redescoberta da sinodalidade na Igreja, mais um marco histórico: o início de algo como a igualdade de gênero na administração vaticana – se é que isso pode realmente existir na Igreja.
No entanto, algumas perguntas ainda permanecem – como costuma acontecer nas decisões do Papa. Será que, como religiosa, ela está acima do pró-prefeito, o cardeal Ángel Fernández, nomeado simultaneamente? Por que o religioso não foi nomeado secretário do dicastério, o que teria reforçado claramente a posição de sua superior feminina? Em qualquer caso, a primeira prefeita dará grande confiança às religiosas de todo o mundo. E talvez, nos próximos anos, venham mais nomeações de mulheres chefes de dicastérios. Uma candidata potencial é, sem dúvida, a irmã Alessandra Smerilli, que desde 2021 ocupa o cargo de secretária no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. O mandato de seu chefe, o prefeito cardeal Michael Czerny, termina em janeiro de 2027.
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