México: os uberizados podem vencer

Foto: Reprodução | Direitos Fundamentais

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

18 Dezembro 2024

País está prestes a aprovar uma reforma para garantir benefícios sociais aos motoristas, inclusive, com participação nos lucros. Reconhece o vínculo empregatício com as corporações e, ao mesmo tempo, mantém a flexibilidade de horários. Poderá inspirar o Brasil?

A reportagem é de Aline Sarmiento, publicada por Mobile Time e reproduzida por Outras Palavras, 13-12-2024.

O Senado do México está na reta final para aprovar a reforma trabalhista que regula o trabalho em plataformas digitais como Uber, DiDi (a 99 do país) e Rappi. Após a aprovação unânime das Comissões Unidas de Trabalho, Previdência Social e Estudos Legislativos, o parecer foi encaminhado à Mesa Diretiva do Senado e pode ser aprovado no Plenário antes de 15 de dezembro, data de encerramento do período ordinário de sessões.

Com 462 votos a favor no geral e 389 em particular, a reforma já havia sido aprovada anteriormente na Câmara dos Deputados, marcando um avanço significativo na proteção dos direitos de motoristas e entregadores.

Se aprovada no Senado, a reforma representará uma mudança histórica no modelo trabalhista das plataformas digitais no México, equilibrando a flexibilidade com a seguridade social para milhares de trabalhadores em todo o país.

Benefícios sociais para motoristas e entregadores de plataformas digitais

A reforma modifica diversos artigos da Lei Federal do Trabalho para garantir direitos trabalhistas aos trabalhadores de plataformas digitais. Será reconhecida uma relação de trabalho subordinada durante o tempo efetivo de serviço para aqueles que gerem, no mínimo, o equivalente a um salário mínimo.

Entre os benefícios sociais a que terão direito estão:

Filiação ao IMSS (Instituto Mexicano del Seguro Social) para acesso à saúde e seguridade social;

Contribuições ao Infonavit (Instituto del Fondo Nacional de la Vivienda para los Trabajadores) para acesso à moradia;

Participação nos lucros, caso trabalhem mais de 288 horas ao ano.

Caso não atinjam o rendimento mínimo mencionado, os trabalhadores serão considerados autônomos. Nessa condição, terão proteção contra acidentes de trabalho, mas não acesso aos demais benefícios sociais.

Além disso, a reforma mantém a flexibilidade característica dessas plataformas, permitindo que os trabalhadores definam seus horários e locais de trabalho. Contudo, introduz um modelo que reconhece como atividade efetiva 45 minutos de cada hora trabalhada, considerando 15 minutos como tempo de espera.

A relação trabalhista será encerrada automaticamente se não houver atividade por 30 dias consecutivos, sem que a empresa precise indenizar o trabalhador.

Obrigações das plataformas digitais no México

O Senado mexicano detalhou que o parecer inclui um Capítulo IX Bis na LFT, definindo a natureza do trabalho em plataformas digitais e estabelecendo as seguintes obrigações para as empresas:

Pagamento pontual: as plataformas devem realizar os pagamentos em um prazo máximo de uma semana;

Filiação ao IMSS: inscrição obrigatória dos trabalhadores no regime do Instituto Mexicano do Seguro Social;

Capacitação: implementação de programas para formar e apoiar os trabalhadores.

Além disso, as plataformas deverão se registrar no Centro Federal de Conciliação e Registro Trabalhista, responsável por autorizar e supervisionar os contratos de trabalho, além de aplicar sanções em caso de descumprimento.

Um elemento-chave do parecer é a implementação de um programa piloto obrigatório, liderado pelo IMSS, para garantir o cumprimento dessas novas obrigações. Após isso, o IMSS terá um prazo de 180 dias para desenvolver iniciativas que definirão os aspectos técnicos e operacionais do processo de seguridade social.

Práticas como a cobrança de inscrição ou uso da plataforma, o emprego de menores de idade e a retenção de dinheiro fora dos conceitos previstos na lei serão proibidas. Também se busca evitar simulações de contratos que descaracterizem o vínculo trabalhista entre as plataformas e os trabalhadores.

As plataformas que descumprirem as disposições enfrentarão sanções entre 250 e 25 mil vezes a UMA. Em 2024, a UMA equivale a 108,57 pesos mexicanos diários. Com base nesse valor, 250 UMAs correspondem a 27,14 mil pesos mexicanos (aproximadamente US$| 1,35 mil dólares), enquanto 25 mil UMAs equivalem a 2,72 milhões de pesos mexicanos (US$ 134,46 dólares).

Essas penalidades incluem a ausência de registro de contratos de trabalho, alterações não informadas nas políticas de gestão algorítmica e violações nos pagamentos ou registros.

Leia mais