13 Dezembro 2024
Cerca de 4,5 bilhões de pessoas, mais de metade da população mundial, não têm acesso a serviços básicos de saúde, como os oferecidos pelos sistemas de segurança social, e cerca de 2 mil milhões de pessoas sofrem problemas financeiros para pagar os seus cuidados médicos, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A reportagem é publicada por Página/12, 13-12-2024.
Em celebração esta quinta-feira do Dia Internacional da Cobertura Universal de Saúde, a agência alerta que o rendimento familiar continua a ser a principal fonte de financiamento da saúde em 30 países em desenvolvimento (em 20 deles representa mais de metade do total).
Isto contribui para um ciclo de “pobreza e vulnerabilidade”, sublinha a OMS, que destaca que mesmo nos países desenvolvidos os custos de saúde suportados pelas famílias conduzem frequentemente a problemas financeiros e fazem com que muitas necessidades médicas sejam deixadas sem atendimento.
Num terço dos países desenvolvidos, mais de 20 por cento das despesas médicas são suportadas pelos próprios pacientes, indica a OMS, e destaca que são as famílias de rendimentos mais baixos destas economias que tendem a ser mais afetadas por este problema.
A cobertura universal de saúde “deve ser uma prioridade nacional” para todos os governos, afirmou a OMS, que apelou ao fim da pobreza causada pelas despesas médicas antes do final de 2030.
Por ocasião da celebração do dia internacional, a OMS publicou um relatório sobre os gastos do Estado com a saúde, no qual indicava que estes totalizaram globalmente 9,8 biliões de dólares em 2022, 9,9 por cento do PIB mundial.
Representaram a primeira redução em termos reais nos gastos universais com saúde neste século, após os aumentos causados pela pandemia de Covid-19.
Apesar disso, os gastos com saúde permaneceram cerca de 6-7% acima dos níveis pré-pandemia naquele ano estudado, uma percentagem que foi ainda mais elevada nos países de rendimento médio-alto, de 11%.
A despesa per capita das famílias com cuidados médicos também permanece acima da pandemia, em percentagens entre 3% e 4% nos países de baixo rendimento e 11% nos países de rendimento médio, enquanto nas economias em desenvolvimento com rendimentos mais elevados não há grandes aumentos.
“É demasiado cedo para avaliar se a pandemia alterou a tendência a longo prazo nas despesas com a saúde, pois não é claro que os governos possam manter despesas per capita elevadas face aos desafios econômicos e outras prioridades”, admitiu o estudo da OMS.