13 Dezembro 2024
Para Mark Rutte, Vladimir Putin quer expandir a guerra na Ucrânia para países da aliança. "Hostilidade é real e está aumentando", disse.
A reportagem é publicada por DW, 12-12-2024.
O Secretário-Geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, afirmou nesta quinta-feira (12/12) que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pode levar a campanha militar russa na Ucrânia para outras partes da Europa e pediu que os países que compõem a aliança aumentem seus gastos com defesa.
"A Rússia está se preparando para um conflito de longo prazo. Com a Ucrânia e conosco", disse Rutte para um grupo de especialistas em segurança em um evento sediado pelo think thank Carnegie Europe, em Bruxelas. "Quantos novos alertas nós precisamos? Nós deveríamos estar profundamente preocupados. Eu com certeza estou", completou, pedindo para os países assumirem uma "mentalidade de guerra".
"O que está acontecendo na Ucrânia pode acontecer aqui também [...]. É hora de mudarmos para uma mentalidade de guerra, e de turbinar nossa produção e gastos com defesa", alertou.
"Nós não estamos preparados"
O secretário-geral defendeu que a Europa não está preparada para o que pode acontecer nos próximos cinco anos. Ele acredita que a ameaça militar só não é iminente para a Otan porque a aliança se estruturou ao longo do tempo, mas defendeu que "ações hostis" da Rússia contra os países do grupo "são reais e estão aumentando".
Ele citou "ataques cibernéticos dos dois lados do [oceano] Atlântico, tentativas de assassinato em solo britânico e alemão e explosões em um armazém de munições na República Tcheca" como exemplos de uma campanha coordenada para desestabilizar a Europa.
"O perigo está se movendo em nossa direção a toda velocidade", continuou Rutte. Para ele, a campanha militar russa contra a Geórgia, em 2008, e contra a Ucrânia, são exemplos de que Putin pode querer levar seu "enxame de drones" para o território dos países da aliança.
Guerra fria
Ao criticar o gasto militar da Otan, Rutte disse que a ameaça russa à segurança europeia é tão grande quanto a que o continente enfrentou na Guerra Fria.
"Durante a Guerra Fria, os europeus gastaram muito mais do que 3% de seu PIB em defesa. Com essa mentalidade, vencemos a Guerra Fria. Os gastos caíram após a queda da Cortina de Ferro. O mundo estava mais seguro. Agora não está mais."
Além da ameaça representada pela Rússia, Rutte ainda indicou que a China "está aumentando substancialmente suas forças, incluindo suas armas nucleares" e, por isso, insistiu que a Otan não está em guerra, mas também não está em paz.
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