19 Novembro 2024
Chris Wright, CEO da Liberty Energy, ficará responsável pelo desmonte das políticas de energias renováveis implementadas pela gestão Biden e por incentivos aos combustíveis fósseis.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 19-11-2024.
Segue o show de horrores da nomeação dos integrantes do futuro governo do presidente reeleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Depois de indicar um deputado acusado de crimes sexuais contra menores para comandar o Departamento de Justiça (!) e um advogado antivacina para a Saúde (!!), o republicano confirmou no último sábado a indicação de um executivo petroleiro para o Departamento de Energia.
O nome em questão é Chris Wright, fundador e CEO da Liberty Energy, uma empresa de serviços de campos petrolíferos sediada em Denver, no Colorado. Wright não figura entre os principais executivos do setor, mas se destaca quando o assunto é negacionismo climático: para ele, a crise climática “não existe” e as discussões sobre a necessidade de acabar com os combustíveis fósseis são “alarmistas”.
Há cinco anos, Wright também chamou a atenção por um ato, no mínimo, duvidoso: diante de câmeras de televisão, ele bebeu fluido de fraturamento hidráulico, vulgo fracking, para demonstrar que, a despeito de alertas médicos e relatos problemas de saúde em comunidades próximas, a técnica seria “segura”.
No governo, Wright será figura central no projeto de desmonte das políticas climáticas da gestão do atual presidente dos EUA, Joe Biden. Caberá a ele acabar com restrições referentes às emissões de usinas termelétricas a carvão, incentivos para a compra de carros elétricos e outras medidas favoráveis às fontes renováveis de energia. Também ficará sob a batuta de Wright novos planos de expansão da energia nuclear, que vive um “renascimento” nos EUA.
Ironicamente, para especialistas do setor energético, será difícil para Trump superar os números da produção de combustíveis fósseis observados durante o governo Biden. Hoje, os EUA produzem mais de 13,4 milhões de barris de petróleo por dia, a maior produção já atingida por um país na história. Como a CNN indicou, o mercado norte-americano até poderá superar a marca de 14 milhões de barris, mas isso não garantirá uma redução no preço do combustível, um dos principais objetivos de Trump em seu retorno à Casa Branca.
Apesar disso, o futuro governo aposta no argumento da “independência energética” para justificar o desmonte das políticas climáticas e a provável saída dos EUA do Acordo de Paris. O Guardian destacou a ida de parlamentares republicanos à COP29 em Baku, no Azerbaijão: questionados sobre o risco da maior economia do planeta dar as costas mais uma vez à crise climática, os aliados de Trump preferiram ignorar o problema e defender que a expansão da produção de energia fóssil “reduzirá os preços e a inflação”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Trump nomeia negacionista climático para Departamento de Energia nos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU