24 Outubro 2024
O artigo é de José Manuel Vidal, publicado por Religión Digital, 23-10-2024.
"Quarta reunião do Vaticano contra o Sodalício da Vida Cristã". Depois de expulsar, num primeiro momento, o seu fundador, Fernando Figari, depois dez membros da direção da organização, e, há poucos dias, outros três, Roma continua com a limpeza. Desta vez, caem outros dois 'chefes': o Pe. Jaime Manuel Baertl Gómez, ex-assistente de Espiritualidade e Sr. Juan Carlos Len Álvarez, ex-assistente de Temporalidades.
O Papa, apoiado nos resultados da missão Scicluna-Bertomeu, toma a decisão de expulsar os dois sodalitas devido “à gravidade de alguns atos que constituem abuso sexual de menores atribuídos a um dos arguidos, bem como à responsabilidade pessoal destes dois consagrados em inúmeras irregularidades e crimes cometidos por empresas ligadas ao Sodalício da Vida Cristã”.
Ou seja, trata-se de abusos sexuais de menores e abusos econômicos, que, como diz a nota da Nunciatura de Lima, vão contra a doutrina social da Igreja: “Alguns movimentos econômicos e investimentos promovidos pelo Rev. Len dentro do Sodalício de Vida Cristã, oportunamente detectado pela ‘Missão Especial’ com a ajuda das organizações econômicas da Santa Sé, constituem ações pecaminosas como uma traição ao Evangelho”.
A nota assinala que as atividades de ambos os líderes do Sodalício não são apenas pecados e traições ao Evangelho, mas também “são atos ilícitos canônicos intoleráveis que, além do escândalo suscitado em nível internacional, desfiguram a missão evangelizadora da Igreja e minam gravemente a sua credibilidade, pondo também em perigo a saudável cooperação que regula as relações entre a Igreja e o Estado peruano”.
Depois de confirmar que os acontecimentos atribuídos aos dois sodalitas poderiam até pôr em perigo a Concordata da Igreja com o Estado peruano, a nota assegura que tanto o próprio Papa como os bispos peruanos, "entristecidos pelo ocorrido, peçam perdão ao povo de Deus e para toda a sociedade civil”.
E vão mais longe: no penúltimo parágrafo, ao anunciarem “medidas fortes”, parecem insinuar que estão dispostos a aprovar a dissolução do Sodalício: “Para reparar a injustiça cometida com a apropriação e utilização privada do que deveriam ser bens sociais de algumas das empresas ligadas ao Sodalício (CatIgCat 2409), também anunciam que ordenaram as medidas adequadas e contundentes para corrigir tais ações condenáveis e evitar a sua repetição no futuro”.
Finalmente, “exortam esta sociedade de vida apostólica a, sem mais demora, iniciar com espírito dócil e filial um discernimento que conduza a um caminho de verdade, justiça e reparação”.
O Santo Padre Francisco, depois de avaliar as defesas correspondentes às denúncias surgidas durante a Missão Especial confiada a Sua Excelência Dom Charles J. Scicluna, Arcebispo de Malta e Vice-Secretário do Dicastério para a Doutrina da Fé, e Dom Jordi Bertomeu Farnós, Oficial do referido Dicastério, que teve lugar na Nunciatura Apostólica do Peru entre os meses de julho e agosto de 2023, hoje, 23 de outubro de 2024, aprovou especificamente a expulsão da sociedade de vida apostólica Sodalitium Christianae Vitae dos seguintes membros:
Para adotar tal decisão, foi considerada a gravidade de alguns atos constitutivos de abuso sexual de menores atribuídos a um dos arguidos, bem como a responsabilidade pessoal destes dois envolvidos em inúmeras irregularidades e crimes cometidos por empresas ligadas ao Sodalício da Vida Cristã.
A doutrina social da Igreja nunca deixou de insistir na “nobre tarefa do empresário” (EG 203) que, pelo respeito às diversas legislações estatais, promove o bem comum a partir de uma justa hierarquia de valores na fidelidade a Cristo e seu Evangelho. Por outro lado, alguns movimentos econômicos e investimentos promovidos pelo Rev. Baertl e pelo Sr. Len dentro do Sodalício da Vida Cristã, oportunamente detectados pela “Missão Especial” com a ajuda das organizações econômicas da Santa Sé, constituem ações pecaminosas em tanto que é uma traição ao Evangelho. Além disso, são crimes canônicos intoleráveis que, para além do escândalo que surgiu a nível internacional, desfiguram a missão evangelizadora da Igreja e prejudicam gravemente a sua credibilidade, pondo também em perigo a sã cooperação que regula as relações entre a Igreja e o Estado peruano.
O Papa Francisco, juntamente com os Bispos do Peru e dos lugares onde está presente o Sodalício da Vida Cristã, entristecidos pelo ocorrido, pedem perdão ao povo de Deus e a toda a sociedade civil. Por outro lado, com base nos princípios da justiça comutativa (CatIgCat 2412) e com o objetivo de reparar a injustiça cometida com a apropriação e utilização privada do que deveriam ser bens sociais de algumas das empresas ligadas ao Sodalício (CatIgCat 2409), anunciam também que ordenaram as medidas adequadas e contundentes para corrigir tais ações repreensíveis e evitar a sua repetição no futuro.
Finalmente, exortam esta sociedade de vida apostólica a iniciar, sem mais demoras, com espírito dócil e filial, um discernimento que conduza a um caminho de verdade, justiça e reparação.
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O assistente espiritual e o ‘burocrata’ expulsos do Sodalício por corrupção de menores e abuso econômico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU