22 Setembro 2024
Chico Alencar, professor de história, escritor e deputado federal - PSOL-RJ, comenta as ações e a palavra de Jesus, relatadas no Evangelho de Marcos, lido em milhares de comunidades de fé neste domingo.
O mundo seria muito melhor se as ações e a palavra de Jesus, relatadas no Evangelho de Marcos (9, 30-37) - lido em milhares de comunidades de fé nesse domingo - fossem entendidas e Praticadas!
O Mestre sai do burburinho e procura o silêncio para conversar com os seus mais íntimos. Como necessitamos de menos ruídos e gritaria!
No isolamento, fala, suave, do que vai lhe acontecer. Expõe a dramática dialética vida-morte-ressurreição que perpassa a existência de todos nós.
Seus discípulos, apegados à "glória deste mundo", custam a entender que não há luz sem cruz, tropeço sem volta por cima, vitória sem derrota anterior.
Ao saber que estavam discutindo entre eles quem era "o maior", Jesus desconcerta, desarruma, cutuca mais uma vez: "se alguém quer ser o primeiro, que seja o último, o que mais serve a todos!" (35).
Que contraste com os valores ainda dominantes do mando, do prestígio, da ostentação, do "ego lacrador"!
Que chamada nesses tempos de campanhas milionárias, com poluição de números e nomes buscando votos e "sucesso", com tantos autoproclamando-se "os melhores"... para Se servir, mais que para servir ao bem comum!
Para arrematar, Jesus chama uma criança e, abraçando-a ternamente, a coloca no meio deles: "quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E, mais que recebendo a ela e a mim, estará recebendo a Quem me enviou" (37).
Todas as criaturas, todos os seres viventes - gente, pedra, água, bicho, planta, mata, flor - são centelhas do Todo Poderoso Amor.
Daí a urgência do respeito e do cuidado!
Com prioridade para os pequeninos, os mais vulneráveis.
Paulo Leminski (1944-1989), que fará 80 anos depois de amanhã, disse bem:
"Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança: estar sempre alegre, nunca ficar inativo e chorar com força por tudo o que se quer".
Mestre Jesus sabia. Precisamos reaprender.
