19 Agosto 2024
Em cumprimento à decisão judicial, da 113ª Zona de Porto Alegre, o artista Filipe Harp e o Casaverso derrubaram as paredes do estabelecimento, que fica na Cidade Baixa, uma arte que ilustrou o prefeito Sebastião Melo (MDB) submerso na enchente. Inspirado na arte do professor e artista Bruno Ortiz Monllor, o mural tinha partes idênticas ao que havia sido pintado por Harp em junho na Praça Argentina e apagado posteriormente por uma empresa que tem contrato com a prefeitura, segundo informou o Sul21.
A reportagem é de Tiago Medina, publicada por Matinal, 16-08-2024.
A ação que determinou o novo desligamento foi movida pela coligação de Melo, pelo prefeito e pelo MDB e foi protocolada nessa quinta-feira, dia 15, menos de uma semana desde a conclusão da pintura, no último sábado.

Grafite removido na Cidade Baixa (Foto: Divulgação | Redes Sociais)
No pedido, Melo e MDB ainda solicitaram a proibição da reprodução da imagem em outros locais, o impedimento do uso do termo “Chimelo” para se referir ao prefeito e remoção imediata de qualquer veiculação relacionada a objeto de pintura em redes sociais, restrições que não foram acolhidas.
A juíza Patrícia Hochheim Thomé deferiu parcialmente o pedido, determinando a remoção do grafite e estabelecendo multa diária de R$ 5 mil pelo não cumprimento. Para embasar o entendimento de que o mural tinha viés eleitoral, a magistrada citou que o mural continha o rosto do prefeito e uma urna eletrônica.
A parte com o rosto de Melo do mural foi apagada por volta das 14h desta sexta. Harp, que assinou a obra com outros seis artistas, especificamente a ação um novo ato de censura. No fim da tarde, alguns cartazes, críticas à decisão, foram colados onde antes foi pintado o rosto do prefeito. “Não adianta apagar, não vamos esquecer”, disse um deles.
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