03 Julho 2024
Embora Jesus tenha confiado a São Pedro as chaves do reino há mais de dois milênios, e seu sucessor moderno tenha conferido autoridade apostólica aos arcebispos recém-nomeados em 29 de junho, é Deus quem, em última análise, detém o poder de abrir as portas da igreja e conduzir a comunidade cristã adiante em sua missão de evangelização, disse o Papa Francisco.
A reportagem é de Justin Mclellan, publicada por National Catholic Reporter, 24-05-2024.
Refletindo sobre a libertação do apóstolo Pedro da prisão depois que um anjo abriu sua cela, o papa disse que Deus "é aquele que nos liberta e abre o caminho diante de nós" em sua homilia durante a missa da festa de São Pedro e São Paulo, em 29 de junho.
Ele observou que os cristãos que Pedro procurou depois de sua libertação não acreditaram que ele estava batendo à porta deles, confundindo-o com um anjo.
"Este ponto é significativo: as portas da prisão foram abertas pela força do Senhor, mas Pedro então achou difícil entrar na casa da comunidade cristã", disse ele. "Quantas vezes as comunidades não aprenderam esta sabedoria da necessidade de abrir as portas!"
Diante dos 33 arcebispos recém-nomeados reunidos na Basílica de São Pedro para receber seus pálios — faixas de lã usadas pelos arcebispos para simbolizar sua autoridade pastoral e unidade com o papa — Francisco destacou o modelo de São Paulo como alguém que "descobre a graça da fraqueza".
"Quando somos fracos, ele nos diz, é então que somos fortes, porque não dependemos mais de nós mesmos, mas de Cristo", disse o papa.
No entanto, ele explicou que confiar em Cristo "não leva a uma religiosidade consoladora e introspectiva como a encontrada em alguns movimentos na igreja hoje", observando, em vez disso, que o encontro de São Paulo com Deus acendeu dentro dele "um zelo ardente pela evangelização".
Tanto São Pedro quanto São Paulo "testemunharam em primeira mão a obra de Deus, que abriu as portas de suas prisões interiores, mas também as próprias prisões nas quais foram lançados por causa do Evangelho", disse ele, bem como as "portas da evangelização, para que pudessem ter a alegria de encontrar seus irmãos e irmãs nas comunidades incipientes e levar a esperança do Evangelho a todos".
Após a procissão de entrada, os diáconos trouxeram os pálios do túmulo de São Pedro para que Francisco os abençoasse. Os pálios, feitos da lã de cordeiros abençoados pelo papa na festa de Santa Inês — que é frequentemente retratada com um cordeiro para simbolizar a pureza — enfatizam o papel do arcebispo como um pastor que guia e protege seu rebanho.
Francisco permaneceu sentado durante a missa — o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais, foi o principal celebrante no altar — mas ficou de pé durante o sinal da paz para cumprimentar o metropolita ortodoxo Emmanuel Adamakis de Calcedônia, que compareceu à missa como parte de uma delegação do Patriarcado Ecumênico Ortodoxo de Constantinopla.
O papa convidou o metropolita a sentar-se ao seu lado quando distribuiu os pálios aos arcebispos, que apertaram sua mão após cumprimentar o papa.
Entre os 33 arcebispos estavam o Arcebispo Christopher J. Coyne de Hartford, Connecticut, e o Arcebispo Thomas R. Zinkula de Dubuque, Iowa. Ambos os arcebispos dos EUA trouxeram membros de suas famílias com eles para Roma para testemunhá-los receber seus pálios do papa.
Após a missa, Zinkula disse ao Catholic News Service que receber o pálio é um "grande símbolo" da unidade dos arcebispos com a igreja universal e o papa, o que ele disse ser especialmente importante à luz do crescente sentimento de divisão nos Estados Unidos em geral e na igreja norte-americana.
Membro da equipe sinodal norte-americana, Zinkula disse que discussões sobre tensões surgiram em muitas sessões de escuta sinodal em todo o país, e que a responsabilidade de superar tais sentimentos de divisão recai sobre os pastores da igreja.
"Se quisermos ser eficazes na evangelização em nossa cultura cada vez mais secular, precisamos estar juntos como igreja, e o bispo está no centro disso", disse ele, enfatizando a necessidade de as pessoas buscarem refúgio nos sacramentos e, particularmente, na Eucaristia "para nos curar e nos ajudar a crescer em nossa fé e amor".
O arcebispo disse que a igreja precisa abordar seu próprio senso de divisão, mas que também deve desempenhar um papel em "ajudar a dissipar essa tensão maior na sociedade".
Coyne também reconheceu o aumento da divisão social que "entra na igreja", mas disse que a cátedra de São Pedro continua sendo um "símbolo de unidade" para os católicos, "independentemente de quem se sente nela".
Como resultado, os pastores da igreja são chamados a serem "unificadores", disse o arcebispo à CNS. "As pessoas estão se sentindo isoladas, é por isso que queremos levá-las à comunhão, as pessoas estão se sentindo irritadas e sentem que têm vidas sem sentido, é por isso que queremos que elas conheçam o significado pleno da vida, que está em Jesus Cristo."
"Tudo o que fazemos como cristãos, especialmente como católicos, nunca deve ser algo que leve à divisão ou à raiva", mas sim uma ação que "nos una como irmãos e irmãs", disse ele.
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Abram as portas da Igreja para a evangelização, diz o papa aos novos arcebispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU