28 Junho 2024
Na quinta-feira, 27 de junho, Francisco recebeu os membros e conselheiros da Pontifícia Comissão para a América Latina, que está realizando sua Assembleia Plenária. Encontrar o Papa para essa comissão é sempre um momento importante, ainda mais se levarmos em conta que o atual pontífice é o primeiro latino-americano a ocupar a cadeira de Pedro, e que ninguém melhor do que ele para indicar o caminho a seguir.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
A indicação tem sido clara: o papel da CAL é construir pontes, algo que Francisco deixou claro: "Inspirar, não impor. Inspirar, motivar e provocar a liberdade para que cada realidade eclesial e social possa discernir seu próprio caminho, seguindo também as moções do Espírito, em comunhão com a Igreja universal. A CAL deve construir pontes de reconciliação, de inclusão, de fraternidade! Pontes que permitam que o 'caminhar juntos' não seja uma mera expressão retórica, mas uma autêntica experiência pastoral!"
Em seu discurso, refletiu sobre três questões que marcaram a assembleia da CAL, que se referem a tocar a carne sofredora de Cristo no povo, a evangelizar o social promovendo a fraternidade diante da polarização, e o serviço da CAL às conferências episcopais, ao CELAM e aos dicastérios da Santa Sé. São elementos que ele considera "parte da reforma sinodal que toda a Igreja deve abraçar para tornar a verdadeira face de Jesus Cristo mais e melhor transparente".
O Papa recordou o apelo de João XXIII para o aggiornamento e de Paulo VI para a "florescente renovação da Igreja", recordando também o que o Decreto sobre o ecumenismo do Vaticano II pede: uma reforma permanente. A partir daí, ele insistiu em "fazer da CAL uma diaconia", algo que levaria a superar as tentações do passado de querer controlar a partir da Cúria o que acontece nas Igrejas locais, neste caso no continente latino-americano.
Papa Francisco junto com a Pontifícia Comissão para a América Latina (Foto: Vatican News)
Francisco sempre deixou claro que o papel da Cúria é servir e não controlar; ela não pode pretender impor uma agenda, determinar o que deve ser feito. Mais escuta e menos mandar, a fim de promover a partir da Cúria, neste caso da CAL, "a transformação necessária que todos nós precisamos, ou seja, ajudar com discrição, prudência e eficácia para que vivamos a sinodalidade - uma dimensão dinâmica da comunhão - para caminharmos juntos movidos pelo Espírito do Senhor na América Latina".
Uma atitude que o Papa explicita quando diz que "menciono as palavras discrição, prudência e eficácia para sublinhar que a CAL não é chamada a substituir nenhum ator na vida eclesial latino-americana. Mas é chamada a animar todos eles, com a simplicidade e a profundidade de quem confia mais no envio missionário e no serviço do que no mero ativismo". O que Francisco quer é "um estilo sinodal de pensar, sentir e fazer". Daí a necessidade de servir, escutar, respeitar as iniciativas e os caminhos, que muitas vezes respondem a circunstâncias vividas pelas pessoas e pela Igreja local.
Em suas palavras, o Papa deu como exemplo Juan Diego, a consciência de sua incapacidade, que definiu como "uma bela experiência de conversão sinodal", e o início de um processo de reconciliação fraterna entre povos em inimizade. A partir daí, afirmou que "a sinodalidade ad intra dá frutos de fraternidade ad extra". Por fim, Francisco relembrou o próximo Jubileu, demonstrando sua confiança "de que todos os membros da CAL participarão ativamente para convidar o povo de Deus a peregrinar e anunciar a mensagem de esperança que toda a região é instada a escutar e redescobrir".
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Francisco à CAL: inspirar, não impor, motivar "para que cada realidade eclesial e social possa discernir seu próprio caminho" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU