A crise climática é um dos problemas mais graves que a humanidade enfrenta. Os habitantes do planeta estão muito conscientes a esse respeito, como demonstra a maior pesquisa ambiental da história: 80% da população global pede aos governos medidas mais contundentes para salvar a Terra.

A reportagem é publicada por Público, 20-06-2024. A tradução é do Cepat.

No total, participaram 75.000 pessoas, envolvendo 87 idiomas e 77 países diferentes. A amostra representa 87% da população mundial. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pertencente à ONU, foi o responsável pela realização desta pesquisa de opinião pública independente sobre a crise ambiental. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira.

No planeta, 86% das pessoas reivindicam que seus países deixem de lado as diferenças geopolíticas e trabalhem em conjunto com outros estados frente à crise climática. A agência da ONU considera este nível de consenso “especialmente surpreendente” dada a ascensão do nacionalismo e os conflitos internacionais atuais.

“Os resultados desta pesquisa sem precedentes revelam um nível de consenso realmente espetacular”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner. “Os cidadãos de todo o mundo querem que os seus líderes trabalhem para além de suas diferenças e ajam com urgência, com coragem, para lutar contra a crise climática”.

A opinião pública apoia uma ação climática mais contundente em 20 dos países que mais emitem gases do efeito estufa, com maiorias que vão de 66%, nos Estados Unidos e na Rússia, até 67% na Alemanha, 73% na China, 77% na África do Sul e na Índia, 85% no Brasil, 88% no Irã e 93% na Itália.

Por outro lado, 72% do planeta é a favor de uma transição rápida para eliminar o uso de combustíveis fósseis. Esta posição se destaca entre os dez maiores produtores de petróleo, carvão e gás, com maiorias de 89% na Nigéria, 80% na China, 76% na Alemanha, 75% na Arábia Saudita, 69% na Austrália e 54% nos Estados Unidos. Apenas 7% das pessoas, em nível mundial, disseram que o seu país não deveria implementar qualquer transição.

Ansiedade climática

O bem-estar da Terra tira o sono de cada vez mais pessoas. Entre a população mundial, 56% pensam regularmente na crise climática: uma vez por dia ou por semana. Desta porcentagem, 63% vivem nos chamados Países Menos Avançados (PMA).

Entre os entrevistados, 53% afirmam estar mais preocupados do que no ano anterior e, no caso dos PMA, este número aumenta para 56% dos habitantes. Além disso, a crise climática afeta as decisões mais importantes de 69% do planeta, como o lugar onde viver e trabalhar.

“Conforme os líderes mundiais decidem quais serão os seus compromissos para 2025, no âmbito do Acordo de Paris, estes resultados são uma evidência inegável de que as pessoas em todo o mundo apoiam medidas ousadas para enfrentar a mudança climática”, afirma Cassie Flynn, diretora mundial do PNUD para os temas da Mudança Climática.

“Os próximos dois anos são uma das melhores oportunidades que temos, como comunidade internacional, para garantir que o aquecimento permaneça abaixo de 1, 5 grau”, conclui Flynn.

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