21 Junho 2024
"A nossa origem espiritual comum é “um só batismo para a remissão dos pecados” (Credo de Nicéia-Constantinopla) e continuemos com confiança como 'peregrinos da esperança'", afirmou o Papa Francisco na do dia 20-06-2024, quando recebeu em audiência a Delegação da Federação Luterana Mundial.
O discurso é publicado por Vatican News, 20-06-2024.
Queridas irmãs, queridos irmãos!
“Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz na fé, para que vocês sejam abundantes em esperança pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15,13).
Dou as boas-vindas a todos vocês, delegados regionais da Federação Luterana Mundial. Em particular, agradeço ao novo Presidente, D. Henrik Stubkjær, pelas amáveis palavras e pelo presente que me foi oferecido, bem como saúdo a Reverenda Anne Burghardt, que serviu como Secretária-Geral durante vários anos.
Agradeço-vos esta visita, que considero um importante gesto de fraternidade ecumênica. Por isso, na minha saudação inicial, escolhi as palavras do apóstolo Paulo, extraídas da Carta aos Romanos, palavras que acompanharam as vossas recentes consultas. Que o “Deus da esperança” abençoe agora também o nosso encontro. Na verdade, somos todos peregrinos da esperança, como diz também o lema do Ano Santo de 2025.
Já há três anos, quando outra delegação da Federação Luterana Mundial veio a Roma, refletimos juntos sobre o iminente aniversário do Primeiro Concílio de Niceia como um evento ecumênico. E no ano passado, por ocasião da Assembleia Geral da sua Federação em Cracóvia, a senhora, reverenda Burghardt, juntamente com o meu querido irmão, o cardeal Koch, numa declaração conjunta sublinhou que "o antigo credo cristão de Niceia, do qual celebraremos o 1700 anos em 2025, cria um vínculo ecumênico que tem o seu centro em Cristo" (19 de setembro de 2023).
Neste contexto, recordastes justamente um belo sinal de esperança, que ocupa um lugar especial na história da reconciliação entre católicos e luteranos. De fato, já antes do final do Concílio Vaticano II, os cristãos católicos e luteranos dos Estados Unidos, em Baltimore, deram juntos este testemunho: "A crença segundo a qual nosso Senhor Jesus Cristo é o Filho, Deus de Deus, continua a garantir que somos verdadeiramente redimidos; pois somente aquele que é Deus pode nos redimir" (O Status do Credo Niceno como Dogma da Igreja, 7 de julho de 1965).
Jesus Cristo é o coração do ecumenismo. Ele é a encarnação da misericórdia divina, e a nossa missão ecuménica é dar testemunho dele. Na “Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação”, luteranos e católicos formularam o objetivo comum de “confessar em todas as coisas Cristo, o único em quem se pode depositar toda a confiança, visto que ele é o único mediador (cf. 1 Tim 2,5- 6) através do qual Deus no Espírito Santo se doa e derrama os seus dons que tudo renovam” (n. 18).
Queridos irmãos e irmãs, já se passaram 25 anos desde a assinatura desta Declaração conjunta oficial. O que aconteceu no dia 31 de outubro de 1999 em Augusta é outro sinal de esperança na nossa história de reconciliação. Vamos mantê-lo na memória como algo sempre vivo. Que o 25º aniversário seja celebrado nas nossas comunidades como uma celebração de esperança. Recordemos que a nossa origem espiritual comum é “um só batismo para a remissão dos pecados” (Credo de Nicéia-Constantinopla) e continuemos com confiança como “peregrinos da esperança”. Que o Deus da esperança esteja conosco e continue a acompanhar com a sua bênção o nosso diálogo de verdade e de caridade.
Neste caminho de ecumenismo, vem à mente uma coisa bonita do querido Bispo Zizioulas. Este bispo ortodoxo, pioneiro do ecumenismo, disse conhecer a data da união dos cristãos: o dia do juízo final! Mas enquanto isso, disse ele, devemos caminhar juntos: caminhar juntos, rezar juntos e fazer caridade juntos, rumo a esse dia “hiperecumênico” que será o julgamento final. Isso foi o que ele disse. Zizioulas tinha um ótimo senso de humor!
Agradeço-lhes mais uma vez do fundo do coração a sua visita; e agora gostaria de convidá-los a rezar juntos o Pai Nosso, cada um na sua língua. Obrigado.
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“A nossa origem espiritual comum é ‘um só batismo para a remissão dos pecados’ e continuemos com confiança como ‘peregrinos da esperança’”, diz o Papa Francisco à Delegação da FLM - Instituto Humanitas Unisinos - IHU