18 Junho 2024
O artigo é de Joseba Kamiruaga Mieza, CMF, publicado por Religión Digital, 15-06-2024.
Como sabemos, a homilia é um dos temas favoritos do debate eclesial: por ser longa, prolixa, retórica, óbvia, superficial, abstrata, copiada, etc. Há muitas razões, frequentemente válidas, pelas quais o momento da homilia é mais suportado do que vivido: escutamos com esforço (se vai bem) pegando algumas ideias para sua própria vida... e se vai mal, ouvimos palavras flutuando no ar, esperando que o pregador conclua, ou pensando em outra coisa...
E os próprios pregadores têm consciência disso, porque qualquer um que fala em público percebe se a plateia realmente escuta ou navega em outros pensamentos (e no tédio).
Já faz tempo que se fala da homilia. O Papa Francisco dedicou ao tema um núcleo do Evangelii gaudium (a partir do parágrafo 135), dando repetidamente recomendações sobre tempos, caminhos, temas... mas muitas vezes todas essas exortações caíram em ouvidos moucos... Recentemente, em 12 de junho, o Pontífice voltou a abordar a realidade das homilias com alguns conselhos a respeito.
Espera-se, para aqueles que ainda permanecem fiéis às celebrações dominicais, encontrar o padre "adequado" que fará com que a Missa dure o tempo necessário, saindo ‘ileso’ do momento da homilia. Então, pode acontecer que, ao invés disso, se ouça uma homilia verdadeiramente inspirada pela Palavra de Deus e que estabeleça uma relação entre Deus e a humanidade hoje. Mas este é um bem escasso, embora seja um bem desejável e buscado: algo como uma espécie eclesial estranha para ser protegida e guardada.
Talvez tenha chegado o momento de nos darmos um tempo de suspensão das homilias dominicais: algumas semanas, alguns meses para dar um respiro à assembleia litúrgica, e também aos pregadores que todo domingo precisam encontrar algo significativo para dizer sobre a Palavra de Deus e a vida, pregadores que às vezes recorrem ao atalho de baixar palavras alheias da internet (sem lembrar que basta colocar um pequeno trecho na rede para rastrear e encontrar a fonte de suas reflexões homiléticas).
Um tempo de suspensão, que substitua a homilia por alguns momentos de silêncio, guiados talvez por um par de perguntas, e assim despertar no Povo de Deus o desejo de ouvir alguma boa voz sobre a Palavra, e inspirar no clero uma séria reflexão sobre a qualidade de sua própria pregação.
Se queremos ser formais, o Código de Direito Canônico diz que a homilia dominical pode ser suspensa por "causas graves" (cânon 767). A escuta e a degustação sine glossa da Palavra de Deus entre os fiéis poderiam ser talvez uma "causa grave".
E quem sabe, talvez, alguém retorne à Missa...
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Pedir um tempo de "jejum" das homilias e substituí-las por um momento de silêncio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU