27 Mai 2024
A Cruz Vermelha Palestina indicou que o local "tinha sido designado pela força de ocupação como zona humanitária". Enquanto isso, milhares de israelenses participaram durante a noite dos funerais de um refém, Hanan Yablonka.
A reportagem é publicada por Página|12, 27-05-2024.
Pelo menos 35 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no domingo pelo bombardeio israelense a um centro para pessoas deslocadas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, informou o ministério da Saúde do governo do Hamas. A Defesa Civil de Gaza confirmou o ataque a esse centro e detalhou que abriga cerca de 100 mil pessoas, enquanto a Cruz Vermelha Palestina indicou que o local "tinha sido designado pela ocupação (israelense) como zona humanitária".
URGENTE: IMÁGENES FUERTES: Israel bombardea campos de desplazados en Rafah y asesina a la menos a27 civiles palestinos ahora. pic.twitter.com/JtPTxkXGfS
— Palestina Hoy (@HoyPalestina) May 26, 2024
"Nas últimas 24 horas, o Exército de ocupação israelense bombardeou e atacou mais de 10 centros de deslocados em Yabalia, Nuseirat, Gaza e Rafah. O último desses ataques foi um terrível massacre perpetrado no centro de deslocados de Barakasat", apontou o governo de Gaza em comunicado. O governo do enclave lembrou que as autoridades israelenses "tinham designado essas áreas como áreas seguras e tinham pedido aos cidadãos e aos deslocados que fossem para essas áreas".
Em Barakasat, teriam caído especificamente sete projéteis e bombas de grandes dimensões, cada uma com mais de 900 quilos de explosivos. "Esses massacres em curso contra civis e deslocados confirmam sem dúvida que estamos diante do crime de genocídio com premeditação e que o Exército de ocupação inflige deliberadamente o maior número possível de mortes entre os civis e deslocados que fugiram do fogo da guerra", denunciaram as autoridades de Gaza.
A presidência palestina acusou Israel de "atacar deliberadamente" esse centro para deslocados em Rafah e acrescentou: "A realização deste atroz massacre pelas forças de ocupação israelenses é um desafio a todas as legítimas resoluções internacionais".
Pouco depois, foram as Forças Armadas israelenses que tornaram público um comunicado no qual informam a abertura de uma investigação após um ataque no qual reconhecem que "várias pessoas alheias" ao alvo ficaram feridas. "Há pouco, um avião (do Exército israelense) atacou um acampamento do Hamas em Rafah, onde um número significativo de terroristas do Hamas estava operando", indicaram as tropas israelenses.
— Rula Alqawasmi (@Alqawasmi_Rula) May 26, 2024
"O ataque foi realizado contra terroristas que são alvos de ataque de acordo com o direito internacional, utilizando armamento de precisão e com base em informações de inteligência preliminares que indicavam a presença de terroristas do Hamas na área", expressaram as forças israelenses. Como resultado do ataque, Yassin Rabia e Khaled Nagar, altos funcionários do grupo islamista na Cisjordânia ocupada, perderam a vida, embora Israel tenha reconhecido que "várias pessoas alheias aos envolvidos ficaram feridas".
O Exército israelense iniciou operações terrestres em 7 de maio em setores de Rafah, onde afirma que o Hamas tem seus últimos redutos. Cerca de 800 mil pessoas fugiram da cidade, segundo a ONU, que alerta para a situação humanitária catastrófica em toda a Faixa, com risco de fome e hospitais fora de serviço devido ao cerco israelense.
أجساد الشهداء متفحمة..
— أنس الشريف Anas Al-Sharif (@AnasAlSharif0) May 26, 2024
مشاهد مروعة من المجزرة التي ارتكبها الاحتلال قبل قليل بحق مخيمات النازحين غرب مدينة رفح. pic.twitter.com/L2gFH9uv35
O procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, disse em entrevista que "ninguém tem licença para cometer crimes de guerra ou crimes contra a humanidade", dias depois de ter solicitado um mandado de prisão contra Netanyahu e líderes do Hamas por supostos crimes de guerra. O Egito, que se recusava a reabrir o posto de Rafah enquanto as tropas israelenses controlavam o lado palestino, anunciou no domingo que permitiu o trânsito de caminhões de ajuda através do posto israelense de Kerem Shalom.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se declarou "firmemente" contra o fim imediato da guerra em Gaza, antes de uma reunião do gabinete de guerra e no meio de pressões diplomáticas para conseguir um cessar-fogo e a libertação dos reféns nas mãos do Hamas. Durante a manhã de domingo, as sirenes de alarme soaram pela primeira vez em muitos meses em Tel Aviv e no centro de Israel. O Exército israelense indicou que foram disparados pelo menos oito foguetes de Rafah e que "alguns foram interceptados".
Israel também anunciou a morte de dois soldados, elevando para 289 suas baixas desde o início do conflito. Milhares de israelenses participaram no domingo à noite dos funerais de um refém, Hanan Yablonka, morto em 7 de outubro, mas cujo corpo foi recuperado na sexta-feira pelo Exército israelense em Gaza. "É preciso trazê-los todos de volta para casa", disse Avivit Yablonka, que dedicou a marcha ao seu irmão e pediu "a libertação dos reféns".
Antes da reunião do gabinete de guerra, Netanyahu acusou o chefe do Hamas em Gaza, Yaha Sinwar, de "continuar exigindo o fim da guerra e a retirada das forças de defesa israelenses, deixando o Hamas intacto para que possa perpetrar repetidamente as atrocidades de 7 de outubro". O primeiro-ministro "se opõe firmemente" a essa exigência, indicou seu gabinete em comunicado.
As negociações indiretas, com mediação dos Estados Unidos, Egito e Catar, estagnaram no início de maio, pouco depois do início das operações terrestres em Rafah. Meios de comunicação israelenses indicaram que o chefe do Mossad, David Barnea, concordou durante reuniões em Paris com o diretor da CIA, William Burns, e o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman al Thani, um novo quadro para as conversações.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse estar "comprometido com uma diplomacia de emergência" para conseguirum cessar-fogo e a libertação dos reféns. Funcionários do Catar planejam se encontrar com uma delegação do Hamas nos próximos dias, segundo o site de notícias americano Axios.
Espanha, Irlanda e Noruega reconhecerão a Palestina como Estado a partir de terça-feira, segundo anunciaram na quarta-feira passada. "O povo palestino tem o direito de ter um Estado, assim como o povo de Israel tem esse direito", estimou no domingo, em Bruxelas, o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares.
GRAVE: Dezenas de civis palestinos mortos após bombardeio israelense em campo de refugiados administrado pela @UNRWA em Rafah, no sul de Gaza. Vale lembrar: na 6ª-feira, a @CIJ_ICJ ordenou cessar-fogo de Israel em Rafah pic.twitter.com/DkTgFq6xwx
— Jeff Nascimento (@jnascim) May 26, 2024
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, defendeu uma Autoridade Nacional Palestina (ANP) "forte" para alcançar a paz. A ANP administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, mas é o único interlocutor reconhecido pela comunidade internacional. Os ministros das Relações Exteriores da UE se reunirão na segunda-feira em Bruxelas com seus colegas da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Jordânia, assim como com o secretário-geral da Liga Árabe.
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Pelo menos 35 mortos pelo bombardeio israelense a um abrigo em Rafah - Instituto Humanitas Unisinos - IHU