Pesquisadora aponta paradoxos da comunicação digital

Foto: Camilo Jimenez | Unsplash

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25 Janeiro 2024

As relações de internautas com os meios de comunicação digitais são marcadas por um certo paradoxo, aponta a diretora de programas de Mestrado da Academia de Jornalismo da Universidade de Neuchatel, Nathalie Pignard-Cheynel: pessoas se queixam da “infobesidade”, mas ao mesmo tempo não suportam perder a menor notícia e ativam inúmeras notificações.

A reportagem é de Edelberto Behs.

Em entrevista ao repórter Joel Burri, do jornal Reformado, da Suíça, a pesquisadora defendeu a urgência da educação das pessoas que não nasceram sob essa tecnologia digital. “E quando falo de educação digital, não estou dizendo que se explique o seu funcionamento técnico, mas de enfatizar as questões sociais dessas ferramentas”, justificou.

A crise climática e as múltiplas guerras ampliam a “infobesidade”. Ela aponta que o lado ruim desse complexo comunicacional proporcionado pelas novas tecnologias está mexendo no mercado de trabalho de jornalistas, pois a verificação, priorização, contextualização e até mesmo explicação da informação é feita por algoritmos, “que são desenhados principalmente para impulsionar os negócios dessas plataformas”.

Lembra, também que plataformas digitais, como Instagram e Facebook, são “ferramentas para vender espaço publicitário digital”. Nathalie destaca que elas desempenham um papel no espaço público e no debate democrático. “Durante muito tempo utilizamo-las como tal, considerando que se tinham tornado numa espécie de ágora pública, mas perdendo de vista que são sobretudo empresas privadas e que são elas que ditam as regras do jogo”, explicou.

A professora luta contra a ideia preconcebida de que os jovens que se informam através das redes sociais só se interessam por conteúdos fúteis. As plataformas transformaram a relação das pessoas com a informação. “Do lado positivo, essas plataformas proporcionam acesso à diversidade, a uma pluralidade de vozes e fontes de informação que nunca tivemos antes!”

As plataformas, lembrou a entrevistada, são ferramentas de formas de sociabilidade. “Nelas temos trocas com muito mais pessoas, com menos fronteiras. Às vezes ouvimos que as redes sociais levam a trocar apenas com pessoas que têm as mesmas opiniões. Mas na realidade, no nosso dia a dia, também tendemos a interagir sempre com os mesmos amigos, da mesma classe social que nós”, comparou.

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