Recusa à missa da vitória. O arcipreste russo é excomungado

O arcipreste Aleksej Uminskij. (Foto: Captura de tela | YouTube)

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16 Janeiro 2024

Recusa a missa da vitória. O arcipreste russo é excomungado.

A reportagem é de Rosalba Castelletti, publicada por la Repubblica, 15-01-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

O primeiro aviso chegou em 5 de janeiro, às vésperas do Natal ortodoxo: o arcipreste Aleksej Uminskij foi removido da função de reitor da igreja moscovita da Trinidade Vivificante em Khokhly, cargo que desempenhava desde 1993. Desde então, no espaço de apenas uma semana, o tribunal eclesiástico realizou três audiências e finalmente sentenciou, à revelia, a excomunhão que tornar-se-á oficial após a aprovação certa do Patriarca Kirill. Um processo rápido e certeiro.

Uminsky ganhou as manchetes várias vezes. Em abril de 2021 havia convidado as autoridades a mostrar misericórdia e permitir que Alexei Navalny, então em greve de fome, fosse visitado por um médico. Em fevereiro de 2022 havia declarado que “não poderia apoiar ações militares”. E no último outono, numa entrevista, aconselhou os fiéis a procurarem padres que “rezem mais pela paz do que pela vitória".

Tanto que no canal de televisão Spas, de propriedade da Igreja, havia sido definido como um "criminoso de batina". Mas a culpa que lhe foi atribuída foi ter-se recusado a rezar a “Oração pela Santa Rus’” que implora pela vitória russa na Ucrânia. Uma novidade litúrgica introduzida por Kirill após o início da ofensiva contra Kiev. A oração deveria ser declamada bem no centro da liturgia. Afirma que está em andamento uma invasão estrangeira da Santa Rus’ e culmina com a invocação: “conceda Deus a vitória através do seu poder”.

Uminsky não está sozinho em ter considerado o belicoso apelo em contraste com os princípios cristãos. Em maio passado também o Padre Ioann Koval foi forçado a renunciar à batina por ter substituído a palavra “vitória” por “paz”. Ele agora celebra missa em Antalya, Türkiye, depois de sido reintegrado pelo patriarca ecumênico Bartolomeu de Constantinopla.

Quando a Rússia lançou a sua Operação Militar Especial contra Kiev em fevereiro de 2022, poucos padres se distanciaram dos sermões do Patriarca Kirill, o braço religioso do Kremlin em apoio às forças armadas russas na Ucrânia. Dos mais de 40 mil padres ortodoxos russos, apenas 300 assinaram um apelo pela paz. Os riscos, como demonstram os casos de Uminsky e de Koval, são altos. Esses padres “perdem tudo”, afirma Pavel Fakhrtdinov, cofundador do projeto “Paz para todos” que ajuda os padres “rebeldes”.

Uminsky, porém, não fez comentários. No seu perfil no Facebook, escreveu apenas: “Adeus, Tour de France”, título de uma música do grupo Serebrianaja Svadba sobre o último ciclista que perdeu a vitória. “Anos de esforço desumano foram desperdiçados em vão, mas às vezes coisas piores acontecem." As guerras, por exemplo.

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