A assertiva e contundente mensagem do Papa Francisco sobre IA. Artigo de Dora Kaufman

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10 Janeiro 2024

"Para o Papa, os governos e as organizações multilaterais devem desempenhar um papel decisivo no estabelecimento de acordos que previnam não apenas práticas prejudiciais, mas também incentivem melhores práticas e abordagens criativas", escreve Dora Kaufman, professora da PUC-SP. Autora dos livros 'A inteligência artificial irá suplantar a inteligência humana?' e 'Desmistificando a inteligência artificial'. O artigo foi publicado por Época Negócios, 29-12-2023.

Eis o artigo.

Na mensagem “Inteligência Artificial e Paz”, o Papa Francisco enfatiza a necessidade de garantir que os sistemas de inteligência artificial (IA) não substituam os valores humanos, alertando sobre o risco de “cair na espiral de uma ditadura tecnológica”.

Na mensagem “Inteligência Artificial e Paz”, escrita para a 57ª Conferência do Dia Mundial da Paz, a ser realizada em 1º de janeiro de 2024, o Papa Francisco enfatiza a necessidade de garantir que os sistemas de inteligência artificial (IA) não substituam os valores humanos, alertando sobre o risco de “cair na espiral de uma ditadura tecnológica”. Na mensagem, o Papa alerta para os numerosos riscos associados ao desenvolvimento da IA e clama pelo estabelecimento de um tratado internacional vinculativo que regule a tecnologia, particularmente as armas autônomas, garantindo o direcionamento da investigação tecnológica para a “busca da paz e do bem comum”.

Embora as “máquinas ‘inteligentes’ possam executar as tarefas que lhes são atribuídas com eficiência cada vez maior, a inteligência artificial é meramente fragmentária no sentido de que só pode imitar ou reproduzir certas funções da inteligência humana. A capacidade humana única de julgamento moral e tomada de decisão ética é mais do que uma coleção complexa de algoritmos, e essa capacidade não pode ser reduzida à programação de uma máquina, que por mais 'inteligente' que seja, continua a ser uma máquina”, pondera o Papa Francisco, concluindo: “Precisamos lembrar que a pesquisa científica e as inovações tecnológicas não são desencarnadas e ‘neutras’, mas estão sujeitas a influências culturais. Sendo atividades plenamente humanas, os rumos que tomam refletem escolhas condicionadas por valores pessoais, sociais e culturais de qualquer época”.

Para o Papa, os governos e as organizações multilaterais devem desempenhar um papel decisivo no estabelecimento de acordos que previnam não apenas práticas prejudiciais, mas também incentivem melhores práticas e abordagens criativas. “É minha oração no início do novo ano que o rápido desenvolvimento de formas de inteligência artificial não aumente os casos de desigualdade e injustiça tão presentes no mundo de hoje, mas ajude a pôr fim às guerras e aos conflitos e a aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a nossa família humana”, defende o pontífice.

A mensagem do Papa Francisco encerra com propriedade o ano de hype da inteligência artificial - segundo a Wikimedia Foundation, organização sem fins lucrativos por trás da enciclopédia online, em 2023 a Wikipédia em inglês teve mais de 84 bilhões de visualizações; o ChatGPT foi o campeão de popularidade, com 49.490.406 visualizações em todos os idiomas, e 78 milhões de visualizações de páginas de artigos.

Eis a mensagem.

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