11 Dezembro 2023
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 10-12-2023.
Algumas das recentes nomeações de membros e consultores para alguns dicastérios acenderam os alarmes entre as associações de vítimas de abusos sexuais, após a divulgação de que entre eles se encontram destacados representantes vinculados ao Opus Dei, à Comunhão e Libertação ou ao Movimento dos Focolares, cuja presidente, Margaret Karram, também foi recebida pelo Papa Francisco em 7 de dezembro no contexto do 80º aniversário de sua fundação. São organizações que foram denunciadas por casos de abusos espirituais, sexuais e de consciência.
"Agora, o Dicastério não pode mais ser um espaço neutro de escuta no qual denunciar situações de abuso ou dificuldades que devem ser avaliadas de maneira imparcial e objetiva", afirmou a OREF (Organizzazione Ex Focolari), associação que reúne ex-membros dos Focolares, após a divulgação do nome de Karram, sucessora da fundadora, Chiara Lubich, entre os novos assessores da congregação vaticana para os Leigos, a Família e a Vida em 25 de novembro passado.
A OREF escreveu uma carta aberta ao cardeal Farrell, prefeito desse dicastério, para destacar "a grave incompatibilidade na nomeação da presidente do Movimento dos Focolares com a função de proteção que o Dicastério tem no caso de denúncias de abusos no seio dos movimentos", conforme relatado por Domani.
Nesse sentido, importa lembrar que este movimento admitiu "ter vários casos de pedofilia em seu seio (66 casos identificados entre 1969 e 2012, de acordo com os dados coletados pela Comissão Interna do Movimento dos Focolares): o mais marcante é, sem dúvida, o de Jean-Michel Merlin, um focolarino francês que violou pelo menos 37 crianças e foi definido como um 'abusador de crianças em série'", de acordo com a mesma fonte, embora suas atuais autoridades – a mencionada Karram e o copresidente, o padre espanhol Jesús Morán – não queiram revelar os nomes dos abusadores.
"Esse nomeação", continua a carta dos ex-membros dos Focolares, "constitui um grave conflito de interesses: para nós e para as vítimas de abusos, esse Dicastério era a última instância a recorrer na esperança de obter audiência, compreensão e justiça. E agora?", perguntam, destacando que "a contradição parece evidente, especialmente se pensarmos na tolerância zero em relação aos abusos proclamada várias vezes por Bergoglio".
Eles acrescentam: "Margaret Karram deveria trabalhar simultaneamente para resolver o problema dos abusos no seio do movimento dos Focolares e, em seguida, se manifestar sobre as acusações contra esses últimos em seu departamento", lamentando que a sucessora de Chiara Lubich não estivesse disposta "a renunciar a essa candidatura em favor das vítimas".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Focolares, Opus Dei, Comunhão e Libertação...: As nomeações no Vaticano que indignam as vítimas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU