05 Dezembro 2023
Adaptação à crise climática é um luxo, denuncia jovem indígena da igreja sueca.
O artigo é de Edelberto Behs, jornalista.
A COP28, no estágio limite do tempo para travar a emissão de gases que provocam o efeito estufa, coloca em evidência um fato que humanoides, de modo especial os bem situados economicamente, têm dificuldades em reconhecer: tudo (ou quase tudo) o que a raça humana produziu para a sua comodidade cobra um preço elevado da natureza.
Para o automóvel se locomover ele precisa de gasolina, combustível fóssil, um dos vilões do efeito estufa. O homem tem pressa e por isso desenvolveu o avião. Ele é curioso, então foi ver o que tem na lua. Acessar a internet, assistir streamings, armazenar dados requer computadores, que precisam ser resfriados, nos centros de dados, à água, em grandes volumes.
Não é sem razão que a jovem defensora das comunidades indígenas Sami da Igreja da Suécia, Julia Rensberg, declarou, no evento paralelo à COP28 do Pavilhão da Fé sobre “Diálogo Inter-Religioso entre Jovens sobre Justiça Climática, Promovendo Resiliência e Esperança”, que “a adaptação à crise climática é um luxo. As pessoas que vivem à margem não podem pagar por isso, pois as consequências da crise climática já são uma dura realidade. Reconhecer que a vida depende da saúde da Terra não é apenas uma visão holística, mas uma solução”.
É um preço que os bem situados na vida não estão dispostos a pagar, pois significa abrir mão de muitas comodidades. O secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Dr. Jerry Pillay, lembrou, em homilia em celebração ecumênica sobre o tema “Tempo da Criação”, reunindo líderes religiosos envolvido na COP28 no templo anglicano Igreja de Cristo Jebel Ali, que muitas pessoas estão clamando para serem ouvidas, “para serem consideradas, cuidadas e amadas, no entanto continuamos com os negócios como sempre”.
Pillay disse mais: “Não haverá justiça quando os ecossistemas já não puderem fornecer aquilo que todos dependemos para a nossa vida”. Denunciou que “o interesse em lucrar com os combustíveis fósseis é maior do que o interesse da justiça e especialmente da justiça intergeracional”. Esta crise ética, defendeu, exige o afastamento das soluções baseadas no mercado para abordar as suas causas profundas.
Rensberg destacou que a maneira como povos indígenas vivem com a natureza protege os recursos hídricos, a biodiversidade da floresta e os oceanos. “As árvores – afirmou – são os pulmões que melhor funcionam em nosso planeta, armazenando dióxido de carbono e liberando oxigênio para nós. Proteger a terra é proteger a vida”.
É preciso aprender de comunidades indígenas como cuidar da casa comum.
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