01 Novembro 2023
Embora o documento final da cúpula do Papa Francisco sobre o futuro da Igreja Católica não tenha mencionado uma maior inclusão dos membros LGBTQ, o texto também garantiu que “nenhuma questão está finalizada” antes da próxima assembleia em 2024, disse uma das principais vozes africanas na reunião de um mês.
A reportagem é de Joshua J. McElwee e Christopher White, publicada por National Catholic Reporter, 31-10-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em entrevista exclusiva ao NCR, o padre jesuíta Agbonkhianmeghe Orobator disse estar tranquilo de que, no texto final do Sínodo dos Bispos de 4 a 29 de outubro, “existe espaço para continuar tendo essa conversa”.
“Nada está fechado”, disse Orobator, ex-presidente da Conferência dos Jesuítas da África e Madagascar. “Está claro que não há nenhuma questão que esteja fora de questão. E, portanto, até mesmo agora, porque esse documento não é um documento final... Nenhuma questão está finalizada ou encerrada.”
Orobator, que participou do Sínodo como um dos 10 membros não bispos do continente africano, falou ao NCR no podcast The Vatican Briefing. O jesuíta, que atua como decano da Escola Jesuíta de Teologia da Universidade de Santa Clara, também abordou o adiamento da ação do documento final sobre a possibilidade de ordenação de mulheres como diáconas.
“Assim como ocorre com outras questões que permanecem em aberto, eu acho que os desejos e as expectativas foram claramente articulados”, disse Orobator. “Pelo fato de o documento não tomar decisões sobre essas questões, ele tenta reunir todas as posições divergentes. Mas eu acho que, daqui para frente, não há nada no documento que restrinja as conversas sobre esse assunto.”
Em termos de liderança e governança das mulheres na Igreja, o jesuíta acrescentou: “Uma das coisas que experimentei foi esse desejo de que não podemos continuar simplesmente empurrando com a barriga. O momento é agora”.
Orobator falou para um episódio do podcast The Vatican Briefing que também apresenta Helena Jeppesen-Spuhler, que participou da assembleia de outubro de 2023 como parte do primeiro grupo de mulheres a quem foi concedida plena adesão e direito a voto no Sínodo.
Jeppesen-Spuhler, que trabalhou durante mais de 20 anos no Lenten Fund, a organização de ajuda humanitária da Igreja Católica na Suíça, disse que achou as discussões no Sínodo sobre a liderança das mulheres “muito boas e inspiradoras”.
Jeppesen-Spuhler disse que, no último sínodo, realizado em 2019 para discutir as questões enfrentadas pela região amazônica, ela fez parte da campanha “Votos para as Mulheres Católicas”, liderada pela Women’s Ordination Conference para pressionar pela participação das mulheres nos sínodos católicos.
“O que eu vejo como um símbolo para o futuro é que, quando estivemos aqui em 2019 para o Sínodo sobre a Amazônia, havia um grupo de irmãs suíças e irmãs de toda a Europa em frente à Secretaria do Sínodo, e tivemos um pequeno simpósio em prol dos religiosos para que pudessem votar no sínodo, porque isso ainda não era possível”, disse ela.
“Em apenas [quatro] anos depois disso, as portas da Secretaria do Sínodo estavam abertas para todos, e pudemos ir lá para discutir as nossas questões”, disse Jeppesen-Spuhler. “Esse é um símbolo para mim. Vamos abrir mais portas para as mulheres na Igreja Católica.”
O episódio do The Vatican Briefing com entrevistas completas do NCR com Orobator e Jeppesen-Spuhler está disponível abaixo [em inglês]. Você também pode assinar o podcast no Apple Podcasts, Spotify ou em outras plataformas de podcast de sua preferência.
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Católicos gays: Sínodo garantiu que “nada está fechado”, afirma jesuíta africano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU